Um dia depois da grande vitória sobre o Palmeiras em pleno Allianz Parque, que isolou o clube na liderança, o Botafogo convive com uma preocupação: o futuro do técnico Luís Castro. O profissional português tem em mãos uma proposta oficial do Al-Nassr, da Arábia Saudita, e pode deixar o futebol brasileiro.
A decisão final cabe a Castro, como garantiu seu agente, Antonio Teixeira, ao GLOBO. Do lado do Botafogo, há a confiança de que o treinador opte pela permanência.
Na entrevista coletiva de domingo, após a vitória em São Paulo, o técnico afirmou que "não sabe o que vai acontecer daqui para frente" e se colocou como "uma peça" no clube:
"Eu sou muito pragmático na minha vida, vivo muito o hoje. A solidez da nossa família Botafogo não está só no Luis Castro. O Luis Castro é só uma peça dessa quebra-cabeça que todos os dias dá o melhor de si para a construção de um novo Botafogo. Não sei o que vai acontecer daqui para frente, sei que hoje ganhamos bem e é isso. Tudo que vai para além disso é o meu agente que domina".
Ele também falou sobre seu contrato:
— Minha situação contratual é aquela que existe desde o primeiro dia que entrei no Botafogo. Quando vocês pediram para eu sair eu já tinha esse contrato com o Botafogo. Há uma cláusula que diz se outro clube quiser tem que pagar para eu sair e para me mandar embora tem que pagar o que falta até o final do ano. O que eu tenho para dizer é que ganhamos o Palmeiras e ganhamos bem.
Antes de Cuiabá x Botafogo, falou pela primeira vez sobre a proposta:
Em entrevista à Rádio Globo no último dia 20, o técnico falou pela primeira vez sobre o interesse, alguns dias após o noticiário. Ele admitiu que "nem sempre encerrou contratos", lembrou que saiu no meio de três deles, mas ressaltou o acordo entre os clubes envolvidos.
"Não quero falar sobre o tema, até porque temos jogo depois de amanhã, e depois o Palmeiras. Uma coisa eu sei: o meu agente foi sempre a pessoa que tratou do meu futuro enquanto treinador. Eu nem me preocupo com o tema, me preocupo minimamente. Trabalo o dia a dia de cabeça limpa e é isso que vou continuar a fazer.
Nem sempre encerrei os meus contratos, a verdade tem que ser dita. Quando estava no Chaves tinha dois anos de contrato e interrompi no meio, o vitória de Guimarães pagou a rescisão. Foi uma negociação entre os clubes. O presidente do Chaves entendeu que eu deveria seguir meu caminho em um clube com projeção de Liga Europa. No Vitória de Guimarães atingimos o objetivo, colocamos a equipe apurada para a Liga Europa, e entre o primeiro e o segundo ano o Shakhtar solicitou o trabalho. O Vitória de Guimarães entendeu tudo que tinha feito e que deveria deixar ir para uma equipe de Champions. Houve um entendimento entre os clubes e saí.
No Shakhtar cumpri os dois anos de contrato, apareceu Duhail e queria experimentar o Oriente Médio. No meio do contrato o Botafogo se interessou pelo trabalho e chegou a um acordo, já não fui fazer a Champions asiática. Meu presidente na altura disse que não queria antes de cumprir a final Taça Emir, mas se ganhássemos poderia chegar a um acordo com o Botafogo. Saí sempre bem, com acordo entre clubes. Saí por três vezes no meio do contrato. Do que se fala hoje, é natural que todos aqueles que fazem seu trabalho bem sejam solicitados no mercado. Muitas vezes o trabalho não está ligado só a resultados, é desenvolver o dia a dia. Talvez por isso, pelo meu trajeto, há interesse aqui e ali pelo meu trabalho."