No duelo de opostos, o Botafogo não precisou ser brilhante diante do América-MG para vencer o lanterna por 2 a 1, na quarta-feira, no Independência. Fez o suficiente, contou com a inteligência de Tiquinho Soares, mesmo sem estar na melhor forma, com a sorte e a competência de Júnior Santos, que marcou os gols da vitória, e o talento de Lucas Perri, que segurou o time mineiro até o fim.
Agora a onze jogos do fim do Brasileiro, o alvinegro pode ampliar ainda mais a vantagem quando terminar a rodada. O Bragantino, vice-líder enfrenta o Santos, na Vila Belmiro, nesta quinta-feira. O América-MG permanece na última posição com 18 pontos, 40 pontos a menos que o Botafogo.
Na primeira meia hora de jogo, o roteiro do confronto entre o líder e o lanterna definia a posição de cada um na tabela. Um time rondando o ataque e o outro postado na defesa — com uma estocada vez ou outra. A sensação de que o gol alvinegro sairia a qualquer momento era palpável, como em tantas outras partidas do Botafogo até aqui.
Só precisava achar o espaço. E esse Botafogo já mostrou, por diversas vezes, ter a paciência necessária para encontrá-lo. Rodou a bola, pressionou a saída do América-MG e o buraco veio na lucidez de Tiquinho Soares. O atacante inverteu o lado, Eduardo deu sequência à jogada e encontrou Júnior Santos. Confiante, partiu para cima da marcação e chutou. A sorte, que sempre está ao lado da competência dos campeões, estava lá. O leve desvio na defesa foi suficiente para abrir o placar.
Se a paciência é uma das qualidades deste Botafogo, a intensidade de outrora nem sempre tem sido a mesma. O esquema, agora de Lucio Flavio, também se tornou mais visado. O técnico Fabián Bustos usou preciosos minutos para encaixar o jogo do Coelho.
Aproveitou a paralisação por causa do choque entre Adryelson e Danilo Avelar, mudou alguns posicionamentos e fez o que um time que está na última posição da tabela precisa: ser mais corajoso.
A mudança de postura assustou o Botafogo nos 15 minutos finais. A defesa foi pega de surpresa com a ousadia de Benítez. O argentino bagunçou o terço final do campo, exigiu defesa incrível de Lucas Perri e, logo depois, tabelou com Mastriani para empatar.
Outra qualidade do alvinegro, que explica a liderança e a vantagem, veio à tona. O Botafogo é um time que não se desespera em seus piores momentos. A equipe foi para o vestiário, se recompôs e fez o seu jogo.
E o jogo do Botafogo passa pelos pés ou apenas pelo posicionamento de Tiquinho Soares, que carrega defesas e abre espaços. Uma leve movimentação foi suficiente para deixar Júnior Santos mais livre, passar pelos marcadores e arriscar bonito chute, de canhota, no ângulo do goleiro Cavichioli.
Os técnicos apostaram nas mudanças para impor suas ideias de jogo. Lucio Flavio colocou fôlego novo para segurar o ímpeto do Coelho, que a essa altura do campeonato precisa arriscar o que for possível — Perri precisou fazer outra grande defesa no fim.
A entrada de Luis Henrique foi a última aposta no contra-ataque fatal. Diego Costa deu o descanso necessário a Tiquinho e fortaleceu a presença do time na área. Bastos entrou para salvar o último lance. Um jogo coletivo e suficiente que deram mais três pontos na conta do Botafogo que se aproxima a cada rodada do sonhado título brasileiro.