Fluminense
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Por Marcello Neves — Rio de Janeiro (RJ)

Reforço após se recuperar de lesão muscular, Keno é uma das armas do Fluminense para enfrentar nesta terça-feira o Sporting Cristal, às 21h, pela última rodada da fase de grupos da Libertadores. Mas a busca por uma vaga nas oitavas não é nada comparada às dificuldades já enfrentadas na vida do baiano de 33 anos. Hoje, ele admite que sua maior preocupação está na família e quer ver seus filhos, Lucas e Laura, fazendo faculdade. E revela seu maior medo: altura.

— Nem abro a janela do avião. Tenho medo desde que peguei o meu primeiro voo, saindo de Salvador para Belém, para jogar a Série C do Brasileiro. Não conseguia nem piscar o olho. Tenho muito medo de altura, não tem como. Em 2021, voltando para Belo Horizonte com o Atlético, deu três estouros na turbina. Todo mundo ficou nervoso, gritando, chorando... Foi desespero.

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Qual boa memória você resgataria?

Minha infância. Era só bola. Eu perdia prova para jogar bola. Perdi quatro anos de escola por causa disso. Minha mãe ficava triste porque queria que eu estudasse para ser alguém na vida, mas o futebol falava mais alto. Sempre obedeci a minha mãe, meu pai. Mas o futebol sempre falava mais alto.

É esse momento que você mais sente saudade?

Também. Mas penso no meu avô. Eu perdi meu avô de parte de mãe há uns 10 anos. Nós sempre viajávamos para visitá-lo. Ele gostava de tocar violão. Nossa vida é um sopro e a gente tem que aprender a lidar com a ausência. Meu avô era praticamente um pai. Ele gostava muito de mim e do meu irmão.

É por ele que você joga?

Sim. Pela minha família. (Se pudesse escolher uma pessoa seria) meu pai (Manoel). Quando eu era mais novo, eu estudava e jogava na várzea, e meu pai acordava 3 da manhã para ir para a feira. Ele carregava caixa de farinha, pesando 50 ou 60 kg. Acordava 3h, 4h para fazer isso. Todos os dias. Quando comecei a jogar, o primeiro objetivo era tirar o meu pai dessa vida, além de ajudar a minha família. Imagina você estar em casa, acordar 8h, 9h e seu pai acordar 3h, 4h para carregar caixa da farinha. Eu falei que faria de tudo para ser jogador de futebol para tirar você dessa vida. Não queria nem ganhar milhões, queria ajudar meu pai.

Qual foi o primeiro sonho de consumo realizado?

Comprar uma casa. Primeiro comprei uma casa para a minha mãe (Ilma), lá em Salvador. E a última foi a minha, há um ano, também lá em Salvador.

E o próximo?

Tenho vontade de comprar uma motoca, essas elétricas, pro meu filho. Ele sempre pede quando vê uma. Fica maluquinho. Eu falo: "quando você crescer, seu pai vai te dar".

Você teve seu segundo filho agora, como é para o Keno lidar com a paternidade?

- Sou muito bobão. Ser pai de menina é melhor ainda. Eu brinco muito com meus filhos.

É mais difícil ser pai ou jogador?

Ser jogador. Para chegar num patamar alto, tem que ralar muito. Tem gente que desiste na primeira dificuldade. A gente passa pouco tempo em casa, principalmente em momentos quando tem um jogo atrás do outro. Então quando a gente tem um tempo livre, a gente aproveita a família.

Maior preocupação como pai?

- Tenho medo de acontecer algum acidente. Medo de estar viajando e acontecer alguma coisa com ele em casa, porque ele fica sozinho com a minha esposa.

Como é a relação com a esposa?

Nos conhecemos na escola. A gente morava praticamente no mesmo bairro e estudávamos na mesma sala. Começamos a ficar e estamos juntos até hoje. Nossa família é sensacional. O segredo é o respeito.

Quem você considera o seu melhor amigo no futebol?

Tenho três. Jair (ex-goleiro do Fluminense de Feira), Arthur Caike (atualmente no Kashima Antlers, do Japão) e o Grafite pela convivência no Santa Cruz em 2016. Ele foi muito importante para segurar o grupo, além de ser muito gente boa e educado. O Allan e Mariano, do Atlético-MG, também. O Jair. Nós tínhamos um jogo contra o Fortaleza pela Série C. Ele recebeu uma ligação, da esposa dele, que estava grávida de oito meses. Ela perdeu o filho. Ele tava chorando, mas entrou em campo e jogou. Depois ele contou a história no vestiário. Todo mundo chorou. Ele contou que não conseguiu dormir e eu vi que ele não tava conseguindo dormir, mas imaginei que ele só tinha perdido o sono.

Já te vi de cabelo comprido, platinado... mas curtinho? Por que está com ele assim?

O Rio de Janeiro é muito quente. Tem que usar cabelo curto. Em São Paulo usava trança, mas lá era mais frio. Quando fui para o Egito também usei cabelo curto por causa do calor. Cabelo dá trabalho. Não (se considera vaidoso). Se eu cortar o cabelo, botar uma calça e camisa, vou para qualquer lugar. Faço barba, mas sou muito tranquilo quanto a isso.

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