Futebol
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Por — Rio de Janeiro

É impossível não pensar em Davi e Golias diante de uma final de Campeonato Carioca entre Flamengo e Nova Iguaçu. Afinal, a diferença nos números impressiona. Sensação da edição deste ano, o time da Baixada Fluminense chega à primeira decisão de sua história com folha salarial em torno dos R$ 250 mil. A do adversário é nada menos que 100 vezes maior: R$ 25 milhões.

Algumas comparações dão uma ideia melhor desta disparidade. O valor mensal gasto com o plantel do Nova Iguaçu não chega perto do que ganha um titular do Flamengo. Seria o equivalente ao que recebem, juntos, os jovens Wesley e Igor Jesus. O salário de Gabigol — atualmente reserva — equivale a seis folhas do adversário de seu clube na final.

O abismo financeiro só reforça ainda mais o feito da Laranja da Baixada, que desbancou as também milionárias SAFs de Vasco e Botafogo para estar na decisão. Uma conquista, é bom deixar claro, que não caiu do céu.

— O Nova Iguaçu terminou no G4 desde o início da primeira rodada. Muitas vezes as pessoas podem estar esquecendo disso. Então nada é por acaso — frisou o técnico Carlos Vitor após a vitória sobre o Vasco.

De fato, o Nova Iguaçu está longe de ser aquele típico clube pequeno que se fecha atrás e espera por uma chance certeira. A Laranja da Baixada se destaca como um dos times mais ofensivos do torneio. É a terceira em finalizações totais, com 189 arremates (14,54 por jogo). Fica atrás só do Botafogo (194) e do Flamengo (212).

Mas é a qualidade dos chutes, e não só a quantidade, que diferencia o Nova Iguaçu. O time é o segundo em conclusões corretas (ou seja: na direção do gol). Foram 79. Só quem tem mais é o Flamengo, com 86. Entretanto, o rubro-negro também é o que mais finaliza para fora (126). Já a sensação do Carioca é apenas o sexto neste quesito, com 110.

Esta qualidade na hora de concluir passa, obviamente, pelos pés da dupla ofensiva Carlinhos, vice-artilheiro do torneio (oito gols), e Bill. Os dois são, respectivamente o primeiro e o terceiro maiores finalizadores da competição. Entre eles, o rubro-negro Pedro.

Mas a força ofensiva também é resultado do estilo de jogo pregado por Carlos Vitor, o Cal. O técnico do Nova Iguaçu é fã confesso justamente do Flamengo. Mas o de 1981. E defende um futebol verticalizado, que busca sempre o ataque de forma rápida e vertical.

Não confundir com um time de contra-ataques. O Nova Iguaçu apenas não é de girar a bola em torno do adversário à espera de uma brecha para atacar. Tenta ser rápido para não dar tempo dos rivais se fecharem. Mas não atua retrancado. E, segundo Carlos Vitor, também não jogará assim nas finais contra o Flamengo.

— Pode esperar o que nós viemos fazendo dentro da competição. Equipe que realmente pensa em propor o jogo, que tem futebol de procurar aproximação com boa troca de passes, com passes longos, médios e curtos. E procurando verticalidade sempre.

Com uma estrutura de dar inveja a muitas agremiações do país, o Nova Iguaçu nunca escondeu sua vocação para revelar e vender jogadores. É a principal fonte de renda do clube, presidido por Jânio Moraes desde a fundação, em 1990.

Seu irmão gêmeo Jorge fica à frente da Bloom Soocer, empresa de agenciamento de atletas. Assim, eles assumem todo o ciclo: revelar talentos, vendê-los e seguir gerenciando suas carreiras. Também por isso, contratar medalhões para o time nunca foi uma prioridade.

A presença na decisão, em dois jogos contra o Flamengo, é a chance de dar visibilidade e valorizar ainda mais seus atletas. Embora não seja cria do clube, o ex-Corinthians Carlinhos é a joia do momento. O atacante já despertou a atenção do mercado, e é difícil imaginá-lo na disputa da Série D, compromisso do Nova Iguaçu após o Carioca. O contrato do jogador de 27 anos com a Laranja da Baixada vai até outubro de 2025.

A receita com bilheteria também foi significativa este ano. Só nas duas semifinais contra o Vasco foram R$ 1,3 milhão arrecadados. Até agora, o faturamento total foi de quase R$ 1,9 milhão. Isso sem contar os cerca de R$ 2 milhões recebidos como premiação pela participação nas duas primeiras fases da Copa do Brasil e pela venda do jogo contra o Internacional para Brasília. E ainda vêm as decisões por aí. Neste cenário, o título seria só a cereja do bolo. Muito gostosa, é verdade.

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