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Por — Rio de Janeiro

É difícil uma leitura sobre a final do Campeonato Carioca de 2024 que não ponha o Flamengo como grande favorito e o Nova Iguaçu na posição de quem não tem nada a perder. Os dois começam a decidir neste sábado, às 17h, no Maracanã, mas o adversário do clube da Baixada não é apenas o rubro-negro. Ele também enfrenta um tabu de quase 60 anos que já se mistura com a história nem tão recente do torneio.

Há 58 anos o Carioca não tem um vencedor que não seja Flamengo, Vasco, Fluminense ou Botafogo. A última vez foi o Bangu, em 1966. É tanto tempo que, para a maioria dos torcedores, a inexistência de um campeão fora do quarteto mais popular foi normalizada. Simplesmente é assim. Ponto.

Só que isso não ocorre em nenhum dos outros principais Estaduais do país. O segundo maior jejum de títulos de pequenos vem de Minas Gerais: 19 anos. O último campeão mineiro fora do trio Cruzeiro, Atlético e América foi o Ipatinga, em 2005.

Já em São Paulo o jejum é de 10 anos. Em 2014, o Ituano surpreendeu e ficou com a taça para si. Tanto lá quanto em Minas o jejum não será encerrado em 2024, já que os dois Estaduais serão decididos em clássicos (Atlético-MG x Cruzeiro e Santos x Palmeiras).

No Rio Grande do Sul, com apenas dois grandes, o tabu é menor: sete anos. Em 2017, o troféu ficou com Novo Hamburgo. Agora, o Juventude, que decidirá contra o Grêmio, pode zerar esta contagem outra vez.

Jejum de títulos dos clubes pequenos nos principais Estaduais do Brasil — Foto: Editoria de arte O Globo
Jejum de títulos dos clubes pequenos nos principais Estaduais do Brasil — Foto: Editoria de arte O Globo

Se levarmos em consideração outros Estaduais, o Cearense é o que mais se aproxima do Carioca, com a dupla Fortaleza e Ceará se revezando há 29 anos. Mas, lá, a presença de outras equipes ao menos na final é recorrente. O que mostra como o abismo entre grandes e pequenos no Rio é mais profundo.

Desde 1967, edição seguinte a da conquista banguense, apenas em cinco ocasiões o vice-campeão carioca foi um pequeno: o próprio Bangu, que bateria na trave naquele mesmo ano e em 1985; o Americano, em 2002; o Volta Redonda, em 2005; e, por último até agora, o Madureira, em 2006. Isso em 57 edições.

—Tomara que o Nova Iguaçu queime minha língua. Mas, se as coisas não mudarem no Rio, vamos passar dos 60 e chegar a 70 anos sem um clube de menor expressão campeão — opina Elias Duba, presidente do Madureira.

Dirigente há mais tempo no comando de um clube do Rio, Duba preside o Tricolor suburbano desde 1992. Ele aponta que, ao invés de minimizar as disparidades financeiras, o campeonato as acirra.

— Não pode os grandes receberem 60% das cotas de transmissão do campeonato e todos os pequenos receberem os outros 40%. Fica uma distância muito grande. Não é que (com este dinheiro) vamos chegar perto deles. Mas vamos ter alguma condição de poder enfrentá-los num jogo.

Este desequilíbrio na distribuição do dinheiro é histórico. Mas o contrato atual teve início na edição passada. Com exceção de Vasco e Botafogo, todos os demais assinaram com a empresa Brax os direitos de transmissão. O Flamengo recebeu em torno de R$ 21 milhões. O Fluminense, cerca de R$ 14 milhões. Já os pequenos ficaram com R$ 2,5 milhões. Este ano, os valores foram corrigidos pela inflação, e o Botafogo acertou para ganhar o equivalente ao que é pago ao tricolor.

A penúria financeira dos pequenos cria um efeito cascata. Além da pouca competitividade no Estadual, não prosperam no Brasileirão. Hoje, além dos quatro na elite e das três vagas do Rio na Série D, só há o Volta Redonda, na C. Isso significa que um terço dos 12 participantes do Carioca não disputa nenhuma divisão em nível nacional.

Com menos compromissos, não têm receitas e nem como oferecer contratos maiores aos atletas. Assim, ficam atrás na concorrência com os pequenos de outros estados para atrair jogadores mais qualificados.

— Não temos condições de equiparar salários. E tem outro detalhe: muitos pequenos do Rio só têm campeonato por três meses. Só que o atleta quer calendário cheio. Como vou fazer um contrato de um ano para ele jogar só três meses? — questiona Duba.

Este ano, o Nova Iguaçu é privilegiado dentro da realidade local. Após o Carioca, disputará a Série D. Ainda assim, superar o Flamengo e sua folha salarial de R$ 25 milhões com um elenco de R$ 250 mil não será fácil. O técnico Carlos Vitor reconhece o peso do dinheiro. Mas se apega a um clichê.

— Quando você vai a campo tem a chance de igualar. Se pensar em questões orçamentárias você não joga. Se pensar na grandiosidade do Flamengo, não tem como. A gente tem nossas estratégias. Se vai dar certo ou não, faz parte do jogo.

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