Em meio à pressão dos times do Rio Grande do Sul pela paralisação total dos campeonatos nacionais, a CBF convocou uma reunião do conselho técnico de clubes da Série A para o dia 27 de maio. Na ocasião, será debatida a possibilidade de parar a primeira divisão do Brasileiro e que medidas podem ser tomadas diante das consequências da tragédia que afeta o estado, sua população e suas equipes.
O que chama atenção, contudo, é a data escolhida. O dia 27 de maio é quando termina o período de suspensão dos jogos dos clubes gaúchos por todas as divisões dos Brasileiros masculino e feminino e do sub-20. Isso indica que, nas duas semanas até lá, não haverá a interrupção do torneio da forma como pedem Grêmio, Internacional e Juventude. Antes disso, haverá mais duas rodadas nos próximos dois fins de semana.
Sem condições de voltar a praticar futebol neste momento, o trio de clubes que disputa a Série A teve atendido um primeiro pleito pelo adiamento de seus jogos por 20 dias. No entanto, eles alegam que sofrerão prejuízo técnico caso as demais equipes não tenham também seus jogos paralisados. O apelo deles ganhou a adesão do Ministério do Esporte, que encaminhou um ofício para a CBF.
Alegando que uma decisão como essa só pode ser tomada pelos clubes, o presidente da entidade Ednaldo Rodrigues decidiu consultar os clubes e convocar o conselho. Importante lembrar que os parceiros comerciais da entidade não apoiaram a possibilidade da pausa no campeonato.
Entre os agremiações, não há consenso. Alguns, como Atlético-MG, Criciúma e Botafogo, se manifestaram a favor. Outros, como Flamengo, Palmeiras e São Paulo, são contrários.
— A gente entende que continuando a trabalhar, a exercer nossa atividade, a gente pode ajudar mais ainda do que se tiver parado, tem uma série de outras atividades no Brasil que não foram paralisadas pela catástrofe, estão todos tentando ajudar da melhor forma possível e o Flamengo entende que pode ajudar muito mais se. O campeonato seguir. Então, a gente se solidariza com todo o lado humano, questão da saúde, das vidas, tudo que a gente puder fazer para ajudar, que estiver nas nossas mãos, a gente vai fazer — disse o diretor de futebol do Flamengo Bruno Spindel no último sábado.
De acordo com números da Defesa Civil do Rio Grande do Sul, 143 pessoas morreram e outras 131 estão desaparecidas. O Estado ainda tem 538,2 mil desalojados e 81,2 mil pessoas em abrigos. Dos 497 municípios, 446 foram afetados pelas chuvas e transbordamentos de rios, lagos, lagoas e bacias. Muitas vias ainda se encontram fechadas e o aeroporto Salgado Filho permanecerá fechado até 30 de maio.