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GERADO EM: 30/06/2024 - 01:00

Influência dos times europeus nos jovens torcedores brasileiros

A nova geração de torcedores brasileiros se rende aos times europeus, influenciada pelas redes sociais, videogames e ídolos estrangeiros. Clubes europeus investem no mercado brasileiro e atraem jovens fãs, que mantêm paixão por equipes locais, mas também se ligam aos gigantes do futebol internacional.

Davi Lacerda comemorou o quarto título inglês seguido do Manchester City, em meio ao bom momento do meia Phil Foden, eleito o melhor jogador da Premier League e um dos destaques da seleção da Inglaterra. Mas está preocupado com a fase do atacante Haaland, que não foi tão goleador na última temporada. Aos 11 anos, o menino divide, literalmente, as atenções entre o Botafogo, seu time de coração, e o gigante europeu.

— Se tiver jogo do Botafogo e do City ao mesmo tempo, eu vejo o Botafogo na TV e o City no celular — diz o menino que joga de ala numa escolinha de futebol.

Davi é apenas um exemplo entre milhares de uma tendência não tão recente, mas que se consolida a cada nova geração que nasce num mundo global e com acesso a informações quase ilimitado. Há ainda um movimento de jovens adultos que torcem exclusivamente para times europeus.

O pesquisador Rafael Alberico se aprofundou no fenômeno há pouco mais de uma década e, recentemente, atualizou sua tese com novos dados. Uma fato consumado é que há um novo jeito de torcer, que não se assemelha aos antigos torcedores de arquibancada com seus rádios de pilha.

— Com a profissionalização do futebol, houve o processo de espetacularização, que transformou o torcedor em espectador. Não são mais aqueles torcedores que vão ao estádio, extravasam ali e vão para casa seguir a vida. Esse novo jeito de torcer está ligado à tecnologia. Assiste-se ao jogo e acompanha-se as estatísticas em tempo real, segue-se os jogadores nas redes sociais, joga-se videogame com os times... Essa geração enxerga o futebol de uma maneira diferente— reflete Alberico, professor da Fecap (SP) e pesquisador da Universidade de São Paulo (USP).

Alunos do Colégio Carolina Patrício, no Recreio dos Bandeirantes, com uniformes de times e seleções estrangeiras — Foto: Leo Martins
Alunos do Colégio Carolina Patrício, no Recreio dos Bandeirantes, com uniformes de times e seleções estrangeiras — Foto: Leo Martins

Valor de um ídolo

E quem está anos à frente neste negócio são os europeus, que há muito enxergaram o potencial do mercado consumidor brasileiro em todas as faixas etárias. Com o melhor futebol praticado, os grandes ídolos em suas equipes e larga expertise em vender bem o produto, eles conseguem atrair novos torcedores desde a mais tenra infância. Os grupos de mídia também perceberam o interesse, e hoje é possível ver jogos das principais ligas de todo o mundo.

Davi, por exemplo, pede todo ano de presente uma camisa nova do City, já que perde a da temporada anterior em virtude do rápido crescimento. Os amigos da Escola Carolina Patrício, no Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio, fazem o mesmo. Na sexta-feira, eles desfilavam pelo colégio com uniformes de Real Madrid, Borussia Dortmund e PSV, entre outros. Era o dia temático das Olimpíadas, e a maioria escolheu ir com camisas do futebol europeu.

— Esta geração tem uma perspectiva muito diferente. Não precisa viajar para fora para ter visão de mundo com tudo o que as redes oferecem. No colégio, usamos o esporte, que é uma paixão, para engajar nas aulas e utilizamos esse repertório para ensinar uma nova língua — afirma Hélia Sanches, diretora da escola bilíngue.No período de uma década entre uma pesquisa e outra, Alberico constatou que a principal variável nos dois grupos se manteve: o valor do atleta. São os ídolos que cativam os jovens torcedores. E, para a atual geração, um segue como grande inspiração: Cristiano Ronaldo.

Rafael Barbosa, de 10 anos, é um desses fãs incondicionais do português. Rubro-negro convicto, o menino tem predileção pelo futebol da Premier League, mas por causa de CR7 —e agora do brasileiro Vini Jr. —, o Real Madrid tem lugar cativo no seu coração.

—Ele é o meu ídolo principal — resume Rafael, que, mais novo, era convencido pelos pais a experimentar certos alimentos com o argumento de que o ídolo também gostava.

Gustavo Oliveira de Almeida, torcedor do Vasco e aluno da PSG Academy, no Rio de Janeiro — Foto: Divulgação/PSG
Gustavo Oliveira de Almeida, torcedor do Vasco e aluno da PSG Academy, no Rio de Janeiro — Foto: Divulgação/PSG

—Cristiano Ronaldo é melhor do que Messi. É um jogador mais completo, sempre está treinando para melhorar— diz o aluno da PSG Academy Gustavo Oliveira, de 11 anos, que torce para o Vasco, mas acompanha o futebol europeu com afinco e coleciona camisas. — Tenho do PSG, do Borussia, do Ajax, do City...

Estratégia mundial

Não é por acaso que clubes europeus possuem planos estratégicos de longa data voltados para o mercado brasileiro. O trio MSN (Messi, Suárez e Neymar) do Barcelona tinha o objetivo de massificar na América Latina o time catalão, que hoje conta com escolinhas no país.

Assim como o Paris Saint-Germain, que inaugurou a PSG Academy Brasil em 2014 — a maior fora da França, com mais de 13 mil alunos espalhados por 55 unidades em 15 estados.

—Uma pequena diferença entre as pesquisas é que hoje há times mais diversos, principalmente da liga inglesa, que tem o plano de se manter como a liga número 1 do mundo. Ela se envolve na contratação de grandes jogadores de olho nesses mercados, trocaram a identidade visual para se tornar mais atrativa... — explica Alberico. —Há jovens brasileiros que torcem para o Southampton e o Everton como primeiros times.

Um risco futuro para o mercado brasileiro, que ainda não conseguiu transformar o futebol nacional em um grande produto com visão estratégica global.

— Se tivéssemos uma liga forte, seríamos importadores de atletas de primeira linha e não exportadores. Importamos jogadores bons, mas não do mesmo nível dos que jogam nos principais times. Os grandes ídolos vestem camisas de times estrangeiros. O futebol brasileiro é uma Ferrari de 500 cavalos que usa somente 200 — argumenta Fabio Wolff, sócio-diretor da Wolff Sports & Marketing. — Mas é válido dizer que poucas áreas do mercado têm a fidelidade de uma vida inteira como o futebol. Podem até torcer para o City e outro, mas nem todo mundo vai deixar de ser Flamengo ou Corinthians. É preciso que os clubes explorem o ativo que têm nas mãos.

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