A atual configuração de São Januário está com os dias contados, mas por um bom motivo. Com o projeto de transferência de potencial construtivo aprovado, resta apenas a sanção do prefeito Eduardo Paes para que o clube esteja liberado para fechar as negociações que renderão os recursos necessários para a sonhada reforma do estádio.
A nova Colina é adaptada de um projeto elaborado ainda na gestão Alexandre Campello, em parceria com a WTorre, em 2020. Assinado por Sergio Moreira Dias, Felipe Nicolau, William Freixo, Clarissa Pereira e Ana Carolina Dias, o desenho atual foi apresentado pela gestão Jorge Salgado no fim do ano passado, quando foi iniciado, junto à Prefeitura, o trâmite da transferência do potencial construtivo.
A reforma prevê um estádio com capacidade para 47.838 torcedores, sendo 32.743 nas arquibancadas e 10.258 nas cadeiras, mantendo a característica de arquibancada “clássica” em uma parte grande do estádio. A proposta é de uma modernização quase total.
No atual setor social, a fachada, que é tombada, será preservada, com a construção de duas torres nas “pontas”. Na torre sul, ficarão os escritórios administrativos e um centro de convenções, além de vagas de estacionamento. Na norte, haverá museu e centro de memória, bem como lojas, restaurantes e camarotes.
Novos níveis e reformulação de áreas sociais
O projeto também prevê novos níveis de arquibancada a serem construídos, que abrigarão setores com cadeiras e camarotes. A dificuldade de setorizar ingressos vem sendo um problema frequente entre as últimas administrações do clube.
Internamente, serão construídas novas salas de mídia e vestiários. O espaço “além futebol” será totalmente reformulado. Modernização do parque aquático, construção de prédio esportivo que servirá como complexo de ginásios, espaços de recreação e lazer, parques infantis e pistas de skate estão entre as estruturas pretendidas para a parte de trás do setor sul, o único local que terá presença “inédita” de arquibancadas em relação ao atual formato de “ferradura” de São Januário. A capela de Nossa Senhora das Vitórias e o Colégio Vasco da Gama serão mantidos.
O projeto prevê também medidas de sustentabilidade, como painéis de energia fotovoltaica, iluminação de led, sistemas de reuso de águas servidas e captação de água de chuvas.
Potencial construtivo
Os recursos da obra, estimados em pouco mais de R$ 500 milhões, virão da venda do potencial construtivo, o “direito de construir”, que será levado pela empresa que “adquiri-lo” a outra área da cidade, a Barra da Tijuca. As negociações estão avançadas.
O dispositivo, estímulo em melhorias urbanísticas da cidade, foi aprovado em esforço da diretoria de Pedrinho e de aliados na Câmara, que ajudaram a tramitação a ser acelerada. Recebeu parecer coletivo das 17 comissões da casa e passou por três audiências públicas e duas votações em plenário nas últimas semanas. Havia o temor de que o recesso legislativo por conta da eleição pudesse atrasar o processo. A previsão de início das obras é entre dezembro e janeiro.