Marcelo Barreto
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Marcelo Barreto

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Num fim de semana sem jogos pelo Campeonato Brasileiro, as atrações do futebol se dividem entre a mobilização para ajudar as vítimas da tragédia no Rio Grande do Sul — o Futebol Solidário vai levar um bom público ao Maracanã nesta tarde de domingo — e o fim da temporada europeia. Com as Copas nacionais decididas, fica faltando apenas a final da Liga dos Campeões da Europa, e o noticiário já começa a se voltar para a janela de transferências. Não faz muito tempo que esta época era de pânico aqui do nosso lado do Atlântico. Times inteiros se desmontavam com as propostas que chegavam, abalando chances de título em competições nacionais e internacionais. Ainda estamos longe de competir em pé de igualdade nesse mercado, mas hoje a situação é diferente: a expectativa maior é pela chegada de reforços.

Thiago Silva foi anunciado pelo Fluminense, e a torcida já se prepara para deixar de sentir saudade de Nino. O próprio clube apresenta um precedente para esse otimismo: Marcelo, que não voltou diretamente de seus anos de glória no Real Madrid, e sim depois de uma passagem ruim pelo Olympiacos, mostrou-se rapidamente capaz de fazer a diferença. Sofreu com lesões, precisa ter a participação dosada para preservar a parte física, mas compensa tudo com a qualidade técnica e a experiência que acrescenta quando está em campo. Com ele, o Tricolor realizou o sonho da glória eterna na Libertadores. Thiago, apesar de ser três anos mais velho do que seu ex-companheiro de seleção, fez uma temporada competitiva pelo Chelsea, saiu com status de titular e homenageado pelos torcedores ingleses.

Agora, as atenções se voltam para Philippe Coutinho. Aos 31 anos, o meia-atacante encerrou uma passagem pelo Catar, já deixou claro que não quer renovar com o Aston Villa e chegou ao Rio fazendo declarações de amor ao Vasco. Coutinho quer voltar pelo mesmo motivo que Marcelo e Thiago: a identificação com o clube que o revelou.

Não é um fenômeno novo, mas há diferenças marcantes entre os jogadores que vinham encerrar a carreira no Brasil depois de longas e bem-sucedidas passagens pela Europa, mas chegavam em decadência física, técnica ou ambas. Não há saudade que resista à triste imagem de um ídolo se arrastando em campo.

Muita coisa mudou dos anos 90 — a meca da nostalgia futebolística de nossos dias — para cá. Duas foram importantes nesse processo: com a evolução da medicina esportiva, um jogador que se cuida pode passar dos 40 anos sendo competitivo; e os clubes brasileiros, apesar de todas as diferenças econômicas, conseguiram se tornar um destino atraente para quem já está com a vida resolvida. Pesa também, é claro, o fato de que o mercado europeu se voltou para as jovens revelações, que chegam cedo para serem desenvolvidas por lá. Assim, por exemplo, o Flamengo faturou com Vinicius Júnior, que fará mais uma final de Champions no próximo sábado, e pôde bancar a permanência de Gabigol, Bruno Henrique e Arrascaeta desde 2019 no elenco bicampeão da Libertadores.

Não é sinal de que a maré está virando. Os grandes times, cheios de craques, ainda estão por lá. Mas também não são migalhas. Jogadores de alto nível vestindo camisas pesadas em estádios cheios merecem sempre ser celebrados, mesmo sabendo que ainda há muito a caminhar.

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