Martín Fernandez
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Lá vêm eles de novo, olha só que absurdo. A frase que Galvão Bueno imortalizou ao antecipar o quinto gol da Alemanha na semifinal da Copa do Mundo de 2014 volta a ser útil agora, quando começam os Campeonatos Estaduais, que são eventos muito mais danosos ao futebol brasileiro do que foi o 7 a 1. Para acomodar os Estaduais, o calendário da CBF espreme o Campeonato Brasileiro em poucos meses, o que obriga os clubes a jogarem nas janelas internacionais em que as seleções se reúnem — como a Copa América — e resulta em atletas exaustos e gramados em péssimas condições.

Aqui não se defende a extinção dos Estaduais, mas sua adaptação à realidade. Circulam por aí diversas ideias de como reformar o calendário, transformando os Estaduais em algo menos oneroso para os clubes grandes e mais atrativo para os pequenos. Todas são melhores do que a situação atual, que exige um grande período do ano exclusivo para esses torneios. Como já disse o ex-presidente do Bahia, Guilherme Bellintani, em nenhum lugar do mundo onde o futebol é relevante se espera tanto tempo entre o fim de uma edição do campeonato nacional e o começo da edição seguinte.

O quadro é tão bizarro que alguns Estaduais já começaram enquanto seus protagonistas estão ocupados com outras atividades, que consideram mais relevantes esportivamente e mais interessantes economicamente. Para citar mais uma vez o Bahia: um “time alternativo” (eufemismo que o jornalismo esportivo inventou para não dizer time reserva, time B, time C) jogou anteontem pelo Estadual contra o Jequié — perdeu por 1 a 0. No mesmo dia, o time titular também jogou, mas em outro continente, em outro hemisfério: empatou com o Blackburn Rovers num amistoso disputado em Manchester.

O Vasco vive a mesma situação. O time principal está treinando em Punta Del Este, no Uruguai, e ontem à noite faria um amistoso contra o San Lorenzo, da Argentina. Algumas horas antes, os reservas e alguns garotos da base usariam um uniforme do Vasco para jogar contra o Boavista, em São Januário, pelo Campeonato Carioca.

Os exemplos de Bahia e Vasco deveriam ser suficientes para CBF, clubes e federações corrigirem o calendário de vez. Não é razoável que esses campeonatos ocupem tanto espaço no calendário, atrapalhem o Campeonato Brasileiro lá na frente, criem problemas para o técnico da seleção (que será pressionado a não chamar jogadores que atuam no Brasil para não desfalcar seus times), enquanto os clubes dizem: “Podem começar sem mim, vou chegar mais tarde”. Os amistosos internacionais de Bahia e Vasco são muito mais relevantes do que os jogos oficiais. É o atestado definitivo da irrelevância esportiva dos Estaduais.

Fica pior: o Flamengo jogou contra o Audax, pelo Campeonato Carioca, em Manaus. O Atlético-MG vai enfrentar o Itabirito, pelo Campeonato Mineiro, em Brasília. É interessante que times com torcidas nacionais consigam oferecer a experiência de um jogo ao alcance de outras praças. Mas, de novo, isso não precisa acontecer numa competição oficial, que ocupa espaço no calendário, que atrapalha as que realmente importam. Em 2025, pode ter certeza, lá vêm eles de novo.

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