Martín Fernandez
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Martín Fernandez

Por , O Globo — Rio de Janeiro

Faltam seis meses para a CBF divulgar o calendário de 2025 do futebol brasileiro. Mas já é possível afirmar com segurança: será bem ruim, talvez até pior do que o deste ano. Tamanha certeza está embasada nas evidências disponíveis.

Agências de marketing esportivo já estão no mercado buscando compradores para propriedades comerciais dos campeonatos estaduais do ano que vem — direitos de TV, placas de publicidade etc.

E o que está sendo negociado no mercado são estaduais do mesmo tamanho de sempre: intermináveis, insuportáveis e desnecessárias 16 datas, no insofrível período de janeiro a abril.

Ou seja: durante três meses, a maioria dos grandes clubes do país vai se dedicar apenas aos estaduais, torneios irrelevantes sob quase todos os pontos de vista (esportivo, econômico) menos um: político.

A CBF está mais preocupada em atender aos interesses das federações estaduais — que são o centrão do futebol brasileiro e garantem a governabilidade de quem está no poder. É assim desde sempre, com qualquer presidente da CBF, e será com os próximos.

É chocante que os clubes, os mais prejudicados nesse cenário, continuem topando. Não haveria estaduais desse tamanho, com consequências tão nefastas, sem a bênção dos clubes.

O movimento que ensaiaram fazer neste ano em relação à Copa América até foi um sinal positivo, mas nasceu tarde, quando não havia solução possível. Infelizmente, a iniciativa parece ter morrido ali.

No ano que vem, como até as grades que cercam a sede da CBF sabem, será disputado nos Estados Unidos um Mundial de Clubes organizado pela Fifa entre junho e julho, com 32 times, um megaevento que terá pelo menos três times brasileiros.

Palmeiras, Flamengo e Fluminense estarão lá. É possível que Atlético-MG, Grêmio, Botafogo ou São Paulo se juntem à festa, caso vençam a Libertadores em curso.

Como será o Campeonato Brasileiro do ano que vem se pelo menos três times (talvez quatro) vão estar fora do país por pelo menos 35 ou 40 dias? Qual será a saída em 2025? Obrigar Palmeiras, Flamengo e Fluminense a jogar a Série A com times sub-20 enquanto seus elencos principais disputam o Mundial da Fifa?

Ou adiar todas as partidas desses times enquanto eles estiverem nos Estados Unidos? Cada rodada do Campeonato Brasileiro vai ter duas ou três partidas a menos do que as dez habituais? Ao fim do Mundial, com estas três (ou quatro) equipes de volta ao Brasil, elas serão obrigadas a jogar com ainda mais frequência para compensar o tempo perdido?

Ou, como parece mais provável, a CBF vai marcar rodadas da Série A durante as datas Fifa? Vamos conviver mais um ano com clubes jogando desfalcados, entrando em campo sem os jogadores que estiverem convocados por suas seleções?

Não é o único problema. Nos últimos dias enchentes devastaram o Rio Grande do Sul, e a CBF (corretamente) suspendeu jogos dos times gaúchos. Será difícil encontrar datas para essas partidas. Afinal, não sobra calendário quando três longos meses são ocupados exclusivamente pelos estaduais.

Num passado recente, o ano de 2025 era visto com alguma esperança, o primeiro ano da liga de clubes, o início de uma nova era. Ilusão: 2025 será mais do mesmo. Ou pior.

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