Martín Fernandez
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Lucas Paquetá deveria ser cortado da Copa América? O meia do West Ham e da seleção foi denunciado ontem pela FA (Football Association, a CBF da Inglaterra), acusado de ter levado cartões amarelos de propósito em quatro jogos do Campeonato Inglês, com o objetivo de ajudar apostadores a lucrar no mercado de apostas. Está sob risco de uma pena que, segundo o próprio clube vazou para imprensa inglesa, pode encerrar sua carreira. É importante deixar claro que Paquetá nega peremptoriamente ter cometido os atos dos quais é acusado. O West Ham também informou que apoia seu jogador. A CBF se mantém em silêncio.

Para o bem da seleção brasileira, da CBF e, sobretudo, do próprio jogador, a dispensa temporária talvez seja a melhor decisão. Cortá-lo da seleção não significa condená-lo, mas simplesmente deixar de aumentar um problema, principalmente para o próprio Paquetá.

A começar pelo fato de que a FA deu até o dia 3 de junho para o jogador apresentar sua defesa. Trata-se da mesma data em que a seleção começa a treinar para os dois amistosos prévios à Copa América. Dispensá-lo não significaria puni-lo, mas preservá-lo; permitir que cuide de sua defesa, que se concentre no que agora é mais importante, provar o que disse, convencer quem vai julgá-lo da improcedência das acusações.

Se for mantido na seleção para os dois amistosos (contra EUA e México) e para a Copa América, Lucas Paquetá estará submetido a um nível brutal de pressão. Cada movimento será analisado com lupa, cada erro será debatido, cada falta que cometa será examinada minuciosamente. O ruído quando tomar um cartão amarelo será insuportável – mesmo que já tenha tomado mais de 60 na carreira. Tanto faz quem seja o protagonista de cada jogo, ou quem seja o escolhido para dar entrevista coletiva nos dias de treino: as perguntas sobre Paquetá serão incontornáveis.

Por outro lado, sempre haverá quem entenda o corte da seleção como um endosso à acusação, um atentado contra a presunção de inocência, uma tentativa da CBF de lavar as mãos. Além disso, o prejuízo técnico para a seleção brasileira seria enorme. Lucas Paquetá ficou fora do período de seis jogos em que a seleção brasileira ficou sob as ordens de Fernando Diniz – seu segundo trabalho, já que o primeiro sempre foi treinar o Fluminense e não existe dupla prioridade.

A falta que o meia fez à seleção ficou evidente em março deste ano, nos amistosos contra Inglaterra e Espanha, já com Dorival Júnior no comando. Paquetá foi capitão, jogou como meia, como volante, ora aberto pela esquerda, ora pela direita. Fez gol. Não há jogador que concentre tanta experiência e qualidade técnica. Não é por acaso que Pep Guardiola quer levá-lo para o Manchester City, operação que já teria ocorrido na temporada passada se não fosse pela divulgação da investigação, que agora se transformou em acusação.

Seja qual for a conclusão dessa história, passou da hora de o futebol brasileiro disciplinar a relação entre quem se envolve profissionalmente com o jogo e a indústria das apostas. Não é razoável que atletas, técnicos e dirigentes façam propaganda de um serviço que eles próprios são proibidos de usar.

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