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Por Carol Knoploch — Rio de Janeiro

Ex-gerente médica do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Ana Carolina Côrte teve papel importante no desempenho do Time Brasil na Olimpíada de Tóquio, marcada por nenhum resultado positivo para a Covid-19 na delegação brasileira. Apesar do sucesso do trabalho, ela decidiu pedir demissão no último dia 28. Ao GLOBO, conta que a gota d'água foi a promoção de Christian Trajano, então gerente de Educação e Prevenção ao Doping, a gerente-executivo de Ciências do Esporte, cargo acima do dela. Trajano também é médico, mas não tem especialização, nunca trabalhou em confederações, nem atende atletas. Quando estava na antiga função, foi acusado de assédio moral por funcionários do COB.

— Pedi demissão pelos desrespeitos por que passei e porque tenho uma carreira consolidada, um histórico dentro da medicina do esporte, dentro do COB. A mulher, para chegar aonde chega, tem de se preparar muito, lutar muito mais. A gente precisa de uma formação muito boa. Então, a gota d'água foi quando o Christian foi colocado acima de mim. Ele nunca atendeu um atleta, nunca trabalhou em uma confederação, não tem especialidade em medicina do esporte. Como ganhou esta promoção? — questiona Ana Carolina, que tem doutorado e pós-doutorado em áreas da medicina do esporte pela Universidade de São Paulo (USP) e também é médica do Corinthians. — Vamos ser justos e honestos? Sempre acreditei que a empresa era correta.

Para o seu lugar, o COB escolheu mais um homem: Rodrigo Sasson, ortopedista responsável pela recuperação de campeãs olímpicas como a ginasta Rebeca Andrade e a nadadora Ana Marcela Cunha. Recentemente, ele acompanhou o tratamento da tenista Luisa Stefani. No papel, Sasson não será gerente e sim supervisor, mas o trabalho é o mesmo. Hoje, além do presidente Paulo Wanderley, o Conselho Diretor do COB é formado por sete homens e apenas uma mulher.

Procurado pelo GLOBO, o Comitê reforçou em nota que o pedido de demissão partiu de Ana Carolina e argumentou que "o COB se reserva a prerrogativa de indicar os cargos gerenciais de seu organograma”. Destacou ainda que Trajano já atuou como diretor-técnico da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD).

De acordo com Ana Carolina, o esvaziamento de sua posição começou com a saída de Jorge Bichara do cargo de Diretor de Esportes do COB. A área foi dividida em duas: Ney Wilson, ex-Confederação Brasileira de Judô, começou a gerir o Alto Rendimento, e Kenji Saito assumiu o Desenvolvimento e Ciências do Esporte. A área médica passou a responder a Kenji, que é educador físico por formação e não tem as credenciais para justificar as escolhas perante o Conselho Federal de Medicina e o Conselho Regional de Medicina.

Ana Carolina, que relata ter perdido a palavra final em decisões técnicas, conta ter ouvido de Kenji, há três meses, que Christian seria colocado em seu lugar. Após questionamentos, eles passaram a conversar sobre outras possibilidades de arranjo, até que se definiu que Christian assumiria um posto acima do dela. A médica, no entanto, não soube avaliar se sofreu um "processo de fritura", que acabou levando ao pedido de demissão.

— Várias coisas dificultavam o meu trabalho. Principalmente, condutas do meu diretor, que tentava interferir em decisões médicas que tinham de ser minhas. Eu fazia uma coisa e via que a decisão final havia sido outra. Tentei reverter várias situações, mas estava sendo muito desrespeitada. Não só eu, a classe médica. Mas ele decidia o que queria. Eles têm isso, eles são assim. A diretoria é assim — argumenta Ana Carolina, ao lembrar que profissionais com quem trabalhava diretamente chegaram a fazer um abaixo-assinado contra sua saída. — Sinto-me em paz por ter saído de um meio desonesto. Mas, ao mesmo tempo, é como se uma mulher tivesse dado um passo para trás. Lutamos tanto... Até que ponto o mundo está preparado para mudanças? Não sei.

Leia a íntegra da nota do COB:

"A decisão de deixar o Comitê Olímpico do Brasil foi da dra. Ana Carolina Côrte, a quem a entidade agradece os serviços prestados nos últimos ciclos olímpicos. Cabe ressaltar que, em nenhum momento, a ex-colaboradora fez qualquer reclamação formal sobre a conduta de nenhum colega. Em seu pedido de desligamento, a médica também agradeceu as oportunidades recebidas ao longo de sua passagem pelo Comitê.

De sua parte, o COB se reserva a prerrogativa de indicar os cargos gerenciais de seu organograma.

O Dr. Rodrigo Sasson, que trabalha no COB desde 2016 e integrou o departamento médico da delegação brasileira nos Jogos Olímpicos Rio 2016 e Tóquio 2020, assumiu o cargo de supervisor da área médica.

O Dr. Christian Trajano, responsável pela nova gerência-executiva de Ciências do Esporte da entidade, foi diretor-técnico da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD)."

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