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Por Eduardo Salgado — São Paulo

Estão inscritos para a Maratona de Boston deste ano, em 17 de abril, 686 brasileiros, 94% a mais do que em 2022. Em 2021, correram apenas 83. Em 2020, o evento foi cancelado. Nos três anos anteriores à pandemia, a média não passou de 291 brasileiros, segundo a Associação Atlética de Boston, a organizadora do evento conhecida pela sigla em inglês BAA.

Nenhuma maratona de rua possui a tradição e a fama da realizada em Boston. Chicago até organizou corridas anuais no início do século XX. Pararam e só voltaram com força em 1977. As de Nova York e Berlim tiveram início nos anos 1970. Em Londres e Tóquio são ainda mais recentes. Com direito a menção no Guinness, a de Boston é centenária. Estreou no longínquo 1897, um ano após a primeira maratona dos Jogos Olímpicos dos tempos modernos.

É para poucos

Além da história, o que faz de Boston especial é a dificuldade de participar da corrida. Desde 1971, a BAA exige que a maioria dos candidatos tenha feito uma maratona anterior em tempos determinados por faixa etária. Mulheres entre 40 e 44 anos, por exemplo, precisam comprovar ter completado a prova em 3h40. Para homens nessas idades, a linha de corte é de 3h10.

— No mundo da corrida, muita gente persegue o objetivo de Boston — diz José Santos, empresário carioca que correrá neste ano.

Parte do problema é que ter o comprovante com o tempo exigido não garante vaga. Em edições com grande demanda, só aqueles com os melhores resultados são admitidos.

Dos 30 mil que correrão em abril, 23.267 atingiram “o índice” e 6.733 são atletas que fizeram doações a organizações de caridade ou ONGs (mais de US$ 40 milhões foram arrecadados) ou estrangeiros que compraram pacotes em agências conveniadas.

Passados exatos dez anos do atentado terrorista que matou três pessoas e feriu mais de duas centenas perto da linha de chegada, a cidade continua relembrando as vítimas. Camisas e agasalhos com o slogan Boston Strong ainda são vendidos em lojas de esporte locais.

José Santos pretende superar seus próprios limites em Boston — Foto: Ana Branco / Agência O Globo
José Santos pretende superar seus próprios limites em Boston — Foto: Ana Branco / Agência O Globo

Pé no asfalto

Faltando um mês para a largada, os inscritos estão na fase final de preparação. O carioca Santos, que conta com a assessoria esportiva da Equipe Toscano, tem sofrido no treino semanal de longa distância, com trajetos cada vez maiores. Por causa das ladeiras na parte final do percurso em Boston, Santos e os demais atletas da Toscano se preparam dando voltas na Lagoa, entrando na Rua Lopes Quintas, no Jardim Botânico, subindo até o Clube dos Macacos e retornando.

— Depois dos treinos longos é difícil ter energia para sair e brincar com meu filho, mas dou um jeito e também peço ajuda para minha mulher, que me apoia muito — diz Santos.

A dentista paulista Graziela Zampieri Veiga, aluna da assessoria esportiva Personal Life, faz os longos, atualmente acima dos 30 quilômetros, no campus da USP, em São Paulo. Nos dias em que não está correndo, faz musculação e fisioterapia preventiva. Tem a torcida animada do marido, da filha e do filho.

Graziela se prepara para a maratona de Boston, em abril deste ano — Foto: Maria Isabel Oliveira / Agência O Globo
Graziela se prepara para a maratona de Boston, em abril deste ano — Foto: Maria Isabel Oliveira / Agência O Globo

— Eles ficaram superorgulhosos quando consegui o tempo para Boston. Assim que cruzar a linha de chegada, vou mandar um zap para eles e minha mãe — diz Graziela.

Medalha, medalha, medalha

Os mineiros Dâmocles Freire Júnior, empresário, e Marissol Alves, gerente de TI, pretendem ganhar em abril a medalha Six Star, da Abbott World Marathon Majors, que premia aqueles que completam as provas de Boston, Nova York, Chicago, Tóquio, Berlim e Londres. Até o começo deste ano, apenas 197 brasileiros tinham conquistado o feito, segundo Lorna Campbell, chefe de comunicação da organização.

— Esta maratona será mais desafiadora do que as outras, porque fechará um projeto de dez anos — diz Freire Júnior.

Cidades podem se candidatar para fazer parte das Majors. A sul-africana Cidade do Cabo, a australiana Sydney e a chinesa Chengdu estão no páreo. Uma eventual entrada do Rio nesse circuito certamente incentivaria milhares de estrangeiros a visitar o Brasil. O plano de Freire Júnior e Marissol é aproveitar a viagem à Costa Leste americana para ficar alguns dias em Nova York. Antes, porém, o casal terá de enfrentar os 42,1 km de Boston, com suas subidas e descidas.

— Sei que vai ser aquela história de ir rezando e brigando comigo mesmo o tempo todo, diz Freire Júnior.

 José Santos treina na Lagoa Rodrigo de Freitas para a maratona — Foto: Ana Branco / Agência O Globo
José Santos treina na Lagoa Rodrigo de Freitas para a maratona — Foto: Ana Branco / Agência O Globo
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