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Por Vitor Seta

Nos campos de terra da Vila Maria Dilce, em Goiânia (GO) estão algumas das melhores memórias de Dudu. Hoje um dos principais jogadores do futebol brasileiro, o atacante de 1,66m se agigantou e conquistou tudo que queria dentro e fora de campo. Com a camisa do Palmeiras, que veste desde 2015 (com um curto intervalo no futebol catari), carrega três Brasileiros, uma Copa do Brasil e duas Libertadores no currículo. Além das quatro linhas, comemora as realizações nas vidas da mãe, da avó e dos filhos. Mas não esquece dos dias mais simples, quando o futebol profissional era um sonho.

"Com 12, 13 anos, saía de férias do Cruzeiro e ficava brincando na quadra lá do meu setor, onde nasci. Andava na rua tranquilo, sem ninguém me reconhecer. Mas naquela época ficava pensando: “queria andar na rua e ser conhecido”. É uma coisa que a gente quer e, quando chega o momento, fica querendo voltar lá atrás", reflete.

Em conversa com O GLOBO, o atacante refletiu sobre a passagem pelo futebol europeu — na qual admite que não teve paciência para apostar no projeto ucraniano —, revelou que ainda tem vontade de retornar à seleção brasileira e relembrou como amadureceu, com a ajuda da terapia, de um temperamento explosivo quando mais jovem, que lhe rendeu o principal episódio de arrependimento da carreira. Hoje, o jogador de 31 anos é referência técnica e de liderança de um Palmeiras que se acostumou a levantar taças anualmente.

— A gente está sempre aberto a melhorar em alguns aspectos. Eu cheguei no Palmeiras como uma pessoa e agora sou outra totalmente diferente — conta.

Nesta quarta-feira, às 19h30, o Palmeiras de Dudu encara o São Paulo pelas quartas de final da Copa do Brasil, no Morumbi.

Qual é o seu maior sonho?

Sou um cara muito realizado. Tenho minha família, meus filhos e minha mulher. Hoje, minha vida é muito boa. Não tenho nada a reclamar, só agradecer a Deus por me dar saúde e condições de trabalho. Fica muito difícil falar um sonho. Dentro do futebol, estou realizado. Tenho (o sonho) de um dia voltar à seleção, estar numa Copa do Mundo, mas também não faz falta. É o sonho de todo jogador, quando começa a jogar futebol, quando está subindo para o profissional. Hoje em dia isso é bem tranquilo. Acho que meu sonho é manter minha família, ter sempre o respeito dos meus filhos, das pessoas.

Do que sente mais saudades?

Da minha infância, de poder sair na rua com meus amigos, brincar na rua com eles. Infelizmente, isso agora não consigo mais, mas por um lado bom, né? Quando saio na rua, não consigo andar direito. As pessoas querem tirar foto, têm um carinho muito grande por mim. Ainda mais em São Paulo. Com 12, 13 anos, saía de férias do Cruzeiro e ficava brincando na quadra lá do meu setor, onde nasci. Andava na rua tranquilo, sem ninguém me reconhecer. Mas naquela época ficava pensando: “queria andar na rua e ser conhecido”. É uma coisa que a gente quer e, quando chega o momento, fica querendo voltar lá atrás.

Tem algum grande medo?

O medo é o que todo jogador tem: as lesões, se machucar, lesões graves. Um tempo atrás, aconteceu com o Jaílson no nosso time, teve o Atuesta. São lesões sérias que deixam o jogador bastante tempo sem jogar, sem treinar. A vida do jogador de futebol é treinar, jogar, e quando a gente fica impossibilitado de fazer isso, perde muito. Meu medo é esse, de me machucar dessa forma.

Qual a sua pior lembrança até hoje?

No meu início, quando cheguei ao Palmeiras, tive esse problema com o juiz na final do Campeonato Paulista (Dudu empurrou o árbitro Guilherme Ceretta após ser expulso na decisão de 2015). Isso ainda me deixa chateado, quando vejo, quando penso naquilo. É uma coisa que não deveria ter acontecido. Por sermos exemplo para muitas crianças dentro de campo, para muitas pessoas. É uma coisa muito feia, que carrego pra minha vida, uma coisa negativa que fiz dentro de campo e que tenho certeza de que jamais vai acontecer de novo.

Faz terapia?

Faço com psicólogo. A gente está sempre aberto a melhorar em alguns aspectos. Eu cheguei no Palmeiras como uma pessoa e agora sou outra totalmente diferente. O psicólogo me ajudou bastante nessa questão, de ser mais calmo, de ser mais tranquilo dentro de campo e dentro de casa. Me ajudou bem nisso.

Quais foram os desejos que o futebol te permitiu realizar?

Pude comprar uma casa para minha mãe. Até comprei uma casa para minha avó, mas ela não sai da dela, sempre morou lá em Goiânia. Então reformei a casa dela. Sempre ajudo minha avó. Meus filhos também também já têm uma casa deles, eu tenho minha casa. Sou um cara muito realizado, não tenho mais o que querer ou pedir a Deus. Só agradecer por tudo que Ele tem me dado, por tudo que tem feito por mim e por tudo que tenho feito nesses anos de futebol. É o sonho de todas as pessoas, né? Ajudar a família. Eu pude ajudar, construir casa, pude fazer isso com meu suor, com meu próprio ganho. Fico muito feliz.

Você está fazendo aulas de inglês. Tem algum motivo especial?

Eu gosto muito de ir para os Estados Unidos. Estou indo sempre para lá com com com a minha mulher, todo ano a gente vai. A gente nunca poder conversar com as pessoas, entender as pessoas, é meio ruim, né? Então eu comecei a fazer aula lá no lá no Catar, tinha feito lá durante oito meses. Dei continuidade aqui em São Paulo, faço sempre por vídeo com o Ricardo, meu professor de inglês. Estava fazendo aula até antes da gente fazer essa entrevista. Sempre faço, quase todos os dias, uma horinha para a gente aprimorar e aprender um pouquinho.

Como foram as experiências em culturas e realidades tão diferentes na Ucrânia (Dínamo de Kiev) e no Catar (Al-Duhail)?

Na Ucrânia foi muito difícil para mim. Eu era muito novo, né? Tinha de 17 para 18 anos. A gente sai de um país como o Brasil, lá tem a época que é muito frio. Era muito novo e tive que me adaptar para conseguir ficar lá dois anos e meio. Foi bastante tempo, mas eu (até) gostava de lá. Eu não jogava muito, também. Eles queriam fazer uma aposta (em jogadores brasileiros) como os outros times da Ucrânia fizeram. O Shakhtar, o Metalist. Por ser muito novo, não tive um pouco de paciência para poder comprar essa ideia deles. Mas graças a Deus pude voltar para o Grêmio, jogar bem e depois ir para o Palmeiras. Foram dois anos e meio de muito aprendizado para mim na Ucrânia.

Dudu com a camisa do Dínamo de Kiev — Foto: Divulgação/Dynamo Kiev/site oficial
Dudu com a camisa do Dínamo de Kiev — Foto: Divulgação/Dynamo Kiev/site oficial

No Catar foi muito bom, gostava muito de lá. Foi uma experiência muito boa para mim. Fui para um grande clube, conheci pessoas novas, jogadores brasileiros. O Júnior e o Luiz, dois massagistas que trabalham lá, são pessoas muito do bem, que me ajudaram bastante quando eu cheguei. Mas eu fiquei 11 meses lá, foi só um empréstimo. Tive que voltar para o Palmeiras, mas acho que foi um período bastante proveitoso.

Como foi esse retorno (após o empréstimo ao Al-Duhail) rapidamente recuperando seu espaço no time?

Fico muito feliz. Estou no Palmeiras desde 2015, não fui desligado, tive um empréstimo. Quem acompanha a minha trajetória aqui sabe que todo ano estou sempre disputando para ser o melhor jogador das competições. Estou sempre nos 11 ideais. De 2015 para cá, o único ano em que não ganhei um título com o Palmeiras foi em 2017. Tenho minha história e estou criando minha identidade no clube. Isso todo mundo reconhece, o torcedor reconhece, então fico muito feliz de fazer parte. É muito importante para a história de um jogador de futebol.

De que forma você lidou com a investigação de 2021? (Dudu foi acusado de agressão pela ex-mulher Mallu Ohanna, mas foi inocentado ao fim das investigações).

Quando a pessoa está com a verdade, é bem tranquilo. O ruim é quando a pessoa faz as coisas e está errada. Eu sempre estive com a verdade, sempre foi bastante tranquilo digerir isso. Quando a pessoa faz alguma coisa errada, aí é bem difícil digerir. Sempre estive bem tranquilo, porque sempre trabalhei com a verdade e isso foi provado. Quando tocam nesse assunto, fico muito tranquilo em falar. Quando se está com a verdade, com a razão, se fica tranquilo.

Como é o dia a dia com o técnico Abel Ferreira?

É tranquilo. Ele é mais fechado, né? Deve ser a cultura dele, que é um pouco mais fechada. Mas é um cara tranquilo, que respeita todo mundo. Quando a pessoa respeita, se dá o respeito, é respeitado. A gente respeita muito o Abel como treinador, como pessoa. A gente gosta muito do jeito que ele trabalha, do jeito que ele trata os jogadores, as pessoas aqui dentro. Ficamos muito felizes com essa parceria dele com o Palmeiras que está dando certo. Vem fazendo um grande trabalho e espero que ele continue ajudando o Palmeiras e o Palmeiras ajudando ele também. O Palmeiras foi um clube muito importante para ele, para a carreira dele, para ser mais conhecido, para ele desempenhar o trabalho na excelência que vem fazendo. É um cara muito bacana, um cara que merece tudo que está vivendo.

Dudu com a taça da Libertadores — Foto: Cesar Greco/Palmeiras
Dudu com a taça da Libertadores — Foto: Cesar Greco/Palmeiras

Hoje, qual é o seu grande objetivo?

Estou sempre preocupado em fazer o melhor para o Palmeiras. Se chegar um dia a voltar para a seleção vai ser bacana, vai ser legal. Se não chegar, também, pode ter certeza que sou um cara muito realizado. Sou muito feliz por tudo que vem acontecendo comigo aqui no Palmeiras, todos os títulos que venho ganhando, a história bonita que estou construindo aqui. Espero cada vez mais aumentar essa história. Para quando parar de jogar futebol, olhar para trás, ver que deixei meu nome, meu legado num clube tão grande.

Por quem você levanta todos os dias para trabalhar?

Por mim, pela minha família, pelos meus filhos. Pelo trabalho que tenho, pelo time em que jogo, em respeito pelo time, pela torcida.

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