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São 37 anos e uma vida dedicada ao vôlei em alto nível. Mas a seriedade com que enxerga o futuro não muda. De volta ao cenário brasileiro (deixou o Modena-ITA e assinou com o Vôlei Renata/Campinas), Bruninho volta também a ser nome experiente de um ciclo olímpico. O levantador é um dos principais nomes da seleção brasileira que disputa a primeira fase da Liga das Nações, no Maracanãzinho. Nesta sexta, o Brasil venceu a segunda na competição: 3 sets a 1 sobre a Sérvia.

Remanescente do ouro da Rio-2016 ao lado de Lucarelli e de Lucão, o levantador e capitão está trabalhando novamente com o pai, o técnico Bernardinho. Em conversa com o GLOBO, reflete sobre a parte final da carreira, ao mesmo tempo em que analisa um ciclo olímpico de curta preparação após uma troca de comissão técnica — Renan dal Zotto deixou o comando depois de classificação no Pré-Olímpico, no Rio, em outubro.

" [...] É quase como arrumar o carro com ele andando. A gente não tem um tempo de preparação, de pré-temporada. É durante a competição que você vai se ajustando. Então é saber tirar as lições daquilo que a gente precisa fazer daqui para frente", diz o levantador.

Além do confronto com os sérvios, o Brasil perdeu por 3 a 1 para Cuba na estreia e se recuperou num 3 a 2 sobre a Argentina. No domingo, às 10h, tem um último compromisso, contra a Itália.

Como é voltar ao Maracanãzinho depois de um Pré-Olímpico eletrizante?

É muito especial voltar, jogar em casa. É sempre algo que motiva muito, o sonho de qualquer atleta, o Maracanãzinho lotado. De certa maneira, essa Liga das Nações é um pouco diferente daquilo que a gente viveu na temporada passada. Era a última competição do ano, valendo uma vaga olímpica. Agora, é um início de preparação, os primeiros jogos e testes da Liga das Nações. É lógico que queremos vencer em casa para dar confiança e alegria para todo mundo. Mas temos que ter na nossa cabeça que é um processo que começou e vai até Paris, até dia 11 de agosto. Ao mesmo tempo que tem que ter aquela vontade de buscar canalizar o máximo das energias positivas que a gente tem aqui, tem que ter paciência com o nosso processo porque faz parte de uma preparação para algo maior.

Os jogos tem sido difíceis...

A grande tônica, e a gente já viu na estreia, é que esse é o nível de intensidade e de competitividade que vamos ter daqui para frente praticamente em todas as partidas até o final da Olimpíada. Esse é o nível de jogo. Cuba veio para essa Liga das Nações em vida ou morte, buscando essa vaga olímpica, então entraram com tudo e foram melhores do que a gente, mais intensos, tiveram mais volume de jogo. São coisas que a gente vai precisar ir crescendo durante a competição. É quase como arrumar o carro com ele andando. A gente não tem um tempo de preparação, de pré-temporada. É durante a competição que você vai se ajustando. Então, é saber tirar as lições daquilo que a gente precisa fazer daqui para frente.

A manutenção de nomes do último ciclo no grupo faz diferença?

A gente se conhece bem, principalmente fora de quadra. Existe uma comunicação, é um grupo bastante unido, em que todos se dão bem, um ambiente sempre positivo. Mesmo com aqueles da lista maior. Temos uma seleção de diferentes idades e gerações. Desde a minha geração e a do Lucão, passando pela do Lucarelli, até a do Lukas Bergmann e do Arthur Bento, que são bem jovens. Existe uma integração, uma cumplicidade muito grande. Isso com certeza ajuda no nosso dia a dia, até em relação a cobrança. A melhora, a tentativa de evolução, porque dentro de um grupo desse precisa haver cobrança. Então, apesar da boa relação, a gente se cobra. Cada um buscando a evolução do outro. Por nos conhecermos, existe esse comprometimento e essa lealdade entre todos, isso é bacana.

Bruno em ação no jogo contra a Argentina — Foto: Maurício Val/FV Imagens/CBV
Bruno em ação no jogo contra a Argentina — Foto: Maurício Val/FV Imagens/CBV

Como é voltar a trabalhar com o Bernardinho? Conversou com ele antes do retorno?

Sinceramente, nessa volta, a gente se falou pouco, até. É lógico que foi num momento mais de urgência, digamos assim. No ano passado, ele já estava na parte final da temporada como coordenador das seleções e acompanhou a gente na preparação e durante o Pré-Olímpico. Para fazer um ano em três meses, digamos assim, num ano olímpico, você busca pessoas mais experientes. É difícil iniciar um ciclo olímpico no último ano, talvez com um jovem treinador, com alguém em quem apostar. Acredito que tenha sido a escolha mais natural. A gente sabe da paixão que ele tem por trabalhar dentro do vôlei e essa motivação dele com certeza trouxe esse ânimo para dentro da equipe. Vemos isso no dia a dia, nos treinamentos.

Tem sido natural. É lógico que hoje é uma relação totalmente diferente de quando eu entrei na seleção, há 18 anos atrás, em 2006. Já tenho bastante experiência, então a gente consegue colocar essa relação profissional e ao mesmo tempo ter uns feedbacks entre capitão e treinador. É uma relação normal, natural.

Como foi a decisão de voltar ao vôlei brasileiro?

Tudo na vida são ciclos. De certa maneira, sei que estou entrando na fase final da carreira. Minha curva já está descendo. Em todos esses anos, a minha ideia de jogar na Itália era porque o voleibol sempre foi minha prioridade número um. Coloquei muitas coisas de lado para me dedicar ao máximo, jogar no campeonato mais forte do mundo, ter um nível mais alto de competitividade para me preparar da melhor maneira para chegar na seleção brasileira. Esses foram meus objetivos, as minhas metas durante todos esses anos. E chegou a hora de equilibrar um pouco a minha vida.

Bruno na partida contra Cuba — Foto: Maurício Val/FV Imagens/CBV
Bruno na partida contra Cuba — Foto: Maurício Val/FV Imagens/CBV

É lógico que o vôlei vai continuar tendo uma parcela importante. Continuo como um cara que sempre quer evoluir, crescer, mas de certa maneira também equilibrar com a minha vida pessoal, ficar mais perto da minha família, aproveitando um pouco mais os momentos mais próximo das pessoas que eu amo. Dentro do meu país, perto das pessoas que eu gosto de conviver. É um momento diferente, já me preparando um pouco para o meu pós-carreira. É o momento em que o vôlei deixa de ser a prioridade número um absoluta e começa a se dividir um pouco dentro da minha vida.

E você já faz algum plano para esse pós-carreira?

De certa maneira, já tenho outras atividades. Lógico que ainda preciso me preparar para o meu futuro, acredito que para qualquer coisa que a gente decida fazer, tem que se preparar. Eu com certeza vou querer continuar dentro do esporte. Não penso hoje em ser treinador, mas gostaria de continuar dentro do esporte. Então, ainda preciso entender. Ainda tenho alguma lenha para queimar, para jogar alguns anos, e acho que nesses anos, vou conseguir decidir e entender qual vai ser o meu futuro no restante da minha vida.

Você vive agora o papel de referência técnica e nome experiente para os novos atletas. Como lida com isso?

Eu ainda vejo a minha importância dentro de quadra, mas ao longo do tempo as nossas “funções” vão mudando. Você chega como um jovem sem responsabilidade que está ali para ajudar naquilo que for preciso. Anos depois vira protagonista, titular absoluto. Ao longo dos anos, as coisas vão mudando. A minha função, além de jogar, claro, é de passar essa experiência. A gente tem outros jogadores muito mais jovens. Como eu tive, no passado, um legado criado por aquela geração que venceu tudo, a gente tenta continuar esse legado. Não digo em resultados, porque sabemos o quão difícil é continuar mantendo resultados como os que o Brasil teve nos últimos 20 anos. Principalmente em relação a filosofia de trabalho, dedicação, comprometimento, dia a dia, todo o processo de preparação.

Essas são as coisas fundamentais, os pilares do que pegamos lá atrás, eu e Lucas (Lucão), que a gente tenta passar hoje. É muito importante. Dando esse tipo de exemplo, conseguimos ter certeza que no futuro, o Brasil vai continuar competindo. Em relação a resultado, nada é garantido, não temos controle sobre isso, mas com certeza vai continuar tendo esse tipo de filosofia que nos deixaram e que conseguimos deixar para eles. É nossa função e missão neste momento.

Que seleções você vê como as mais fortes em Paris-2024?

O voleibol está muito equilibrado, tem muitos times jogando realmente em alto nível, uma competitividade muito grande. Lógico que lá na frente, na Olimpíada, é um campeonato diferente, são duas semanas e um jogo pode mudar tudo. A gente viveu isso na pele, para o bem e para o mal. Um momento pode mudar tudo, depende muito de de como cada equipe chega lá, como se prepara e como está mentalmente e fisicamente. Olhando o momento de cada equipe, acho que a Polônia é a grande favorita, talvez junto com a Itália, que apesar de no ano passado não ter feito o melhor dos seus anos, ainda é uma equipe jovem que tem jogadores chegando no auge, até pela idade. Os Estados Unidos sempre têm um time muito competitivo. A França, que é a dona da casa.

Temos outras equipes correndo um pouco mais por fora. A gente pode entrar nesse bolo, que tem Canadá, Alemanha, a própria Argentina. Cuba, que talvez possa se classificar, a gente sabe da força física deles. O Japão, que tem jogado muito bem. Mas eu acredito que aqueles quatro times são talvez os que hoje estejam um passo à frente dos outros.

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