A Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) emitiu uma nota de pesar pelo falecimento do campeão olímpico de vôlei em 1992, André Felippe Falbo Ferreira, conhecido como “Pampa”. Ele morreu nesta sexta-feira em São Paulo, aos 59 anos, em decorrência de complicações pulmonares causadas por uma reação à quimioterapia devido a um linfoma (câncer do sistema linfático). Pampa, que chegou a ser intubado no final de abril para tratamento, estava internado na UTI da Beneficência Portuguesa, em São Paulo.
Este tipo de câncer é originado no sistema linfático, um conjunto composto por órgãos (linfonodos ou gânglios) e tecidos que produzem as células responsáveis pela imunidade e vasos que conduzem essas células através do corpo.
Ele descobriu um linfoma de Hodgkin em janeiro deste ano e logo iniciou tratamento. Eram previstas quatro sessões de quimioterapia. Dias após a quarta etapa, o ex-jogador apresentou febre e precisou de atendimento emergencial. No dia 13 de março, foi transferido para a UTI.
Pampa ficou mais de um mês internado em Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro. O quadro piorou em decorrência de complicações pulmonares, que surgiram em meio à quimioterapia, e ele precisou ser intubado.
O campeão olímpico conseguiu a liberação do plano de saúde para ser transferido via aérea a São Paulo, onde teria acesso a melhores condições de tratamento.
— Pampa era um jogador de extremo talento e fez parte da geração que levou o vôlei brasileiro pela primeira vez ao alto do pódio olímpico. Será para sempre referência. É um dia muito triste para todo o voleibol brasileiro. A CBV se solidariza com a família e os amigos deste grande jogador, que escreveu seu nome para sempre na história do esporte mundial — lamentou Radamés Lattari, presidente da CBV.
Veja a publicação da CBV abaixo
Pampa foi ouro em Barcelona-1992, primeiro título olímpico do vôlei brasileiro, sob o comando do técnico José Roberto Guimarães. Sua primeira Olimpíada representando a seleção foi a de 1988, como calouro da "Geração de Prata". Nesta edição, em Seul, a seleção brasileira ficou em quarto lugar. Além disso, conquistou a prata nos Jogos Pan-Americanos de 1991 e o título a Liga Mundial, em 1993.
Ele começou sua trajetória profissional no Santa Cruz e passou por diferentes clubes do Brasil e da Europa, como Palmeiras, Suzano, Lazio e Napoli. O atleta também teve passagem pelo Japão. Com a aposentadoria nas quadras, ele se dedicou à política e à administração pública.
Trabalhou no Ministério do Esporte entre 2000 e 2002, e foi Secretário de Esportes da cidade de Suzano (SP) entre 2007 e 2010. Entre 2013 e 2015 foi Secretário de Esportes de Campos (RJ) e, em seguida, assumiu a Superintendência Estadual de Esportes do Estado de Pernambuco.
COB também se manifesta; veja:
O Comitê Olímpico do Brasil também divulgou nota para lamentar a morte de Pampa:
"O Comitê Olímpico do Brasil (COB) externa o seu mais profundo pesar pelo falecimento do campeão olímpico de vôlei André Felippe Falbo Ferreira, o Pampa, nesta sexta-feira (07), vítima de um câncer.
Pampa nasceu no dia 24 de novembro de 1964, no Recife, em Pernambuco. Atleta de vôlei, ele conquistou a medalha de ouro com a seleção brasileira nos Jogos Olímpicos Barcelona 1992, o primeiro título olímpico do vôlei nacional. Além disso, Pampa foi campeão da Liga Mundial de 1993 e medalha de prata nos Jogos Pan-americanos Havana 1991 com o Brasil.
“Pampa é uma referência do voleibol brasileiro e sempre vestiu a camisa da seleção com muita garra e talento. A conhecida geração de ouro do nosso vôlei perde um de seus grandes integrantes, mas o legado do Pampa no vôlei vai permanecer para sempre inspirando outras gerações”, enfatizou o presidente do COB, Paulo Wanderley, que esteve na delegação brasileira em Barcelona 1992 como treinador do judô.
O diretor-geral do COB, Rogério Sampaio, foi campeão olímpico de judô naquela mesma edição.
Neste momento de dor, o COB se solidariza e envia condolências à família e aos amigos de Pampa, assim como a toda a comunidade do vôlei brasileiro"
Como esse câncer funciona no sistema linfático?
O linfoma de Hodgkin tem a característica de se espalhar de forma ordenada, de um grupo de linfonodos para outro grupo, por meio dos vasos linfáticos. A doença surge quando um linfócito (célula de defesa do corpo), mais frequentemente um do tipo B, se transforma em uma célula maligna, capaz de multiplicar-se descontroladamente e disseminar-se.
A célula maligna começa a produzir, nos linfonodos, cópias idênticas, também chamadas de clones. Com o passar do tempo, essas células malignas podem se disseminar para tecidos próximos, e, se não tratadas, podem atingir outras partes do corpo. A doença origina-se com maior frequência na região do pescoço e na região do tórax denominada mediastino.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), a incidência de casos novos permaneceu estável nas últimas cinco décadas, enquanto a mortalidade foi reduzida em mais de 60% desde o início dos anos 1970 devido aos avanços no tratamento. A maioria dos pacientes com linfoma de Hodgkin podem ser curados com o tratamento disponível atualmente.
Em janeiro deste ano, o ex-treinador Carlos Alberto Parreira relatou que estava há quatro meses tratando deste câncer. Em setembro de 2021, o apresentador Caio Ribeiro anunciou que se tratava de um linfoma de Hodgkin. Pouco tempo depois, informou que estava curado.