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GERADO EM: 29/06/2024 - 05:00

Polêmica no Basquete Feminino: Aborto e Intolerância Religiosa

Em meio à crise no basquete feminino, jogadoras são alvo de ataques após polêmica envolvendo aborto. Preparador físico dispensado por postagens contra a prática, levando a debates políticos e acusações de intolerância religiosa. Treinador alega má interpretação e pede demissão. Atletas afirmam que não pediram a demissão do profissional, apenas questionaram a minimização da violência sexual contra a mulher. Tema sensível envolvendo direito da mulher pela escolha do aborto legal e complexidade do amor em caso de estupro.

A cerca de 60 dias do Pré-qualificatório mundial de basquete feminino em Ruanda, o basquete se vê em uma crise que resvala num tema altamente explosivo no Brasil: o aborto legal. Após a Confederação Brasileira de Basquete (CBB) dispensar o preparador físico Diego Falcão, que fez publicações contra a prática em sua rede social, e o treinador José Neto pedir demissão, as jogadoras se tornaram alvos de ataques de ódio na internet.

O caso ultrapassou a esfera esportiva e se tornou um debate político quando o deputado federal Luiz Lima (PL-RJ), ex-nadador, publicou nas redes sociais que a postura da CBB era vergonhosa. Ele protocolou junto à Comissão de Esporte da Câmara dos Deputados um convite ao presidente da entidade Guy Peixoto Jr. para esclarecimentos.

Citadas por Luiz Lima, as jogadoras Clarissa dos Santos e Damiris Dantas, que haviam criticado publicamente o post de Falcão, passaram a ser alvos de ataques nas redes sociais.

— Recebo de tudo, entram em foto do meu sobrinho e falam para abortar esse também. Falam para eu me matar e que o vôlei do Brasil deve acabar. Nem sabem qual o esporte pratico. Sei de onde vem e não ligo, não me afeta. O que me deixa engasgada é ver gente surfando no assunto nas redes sociais — afirma Clarissa, atleta do Corinthians. — (O assunto) Saiu do meio do basquete e passou a ser debatido por políticos a favor da PL Antiaborto. Não sei como este fato chegou a este pessoal.

O tema é sensível. Atualmente, tramita na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 1.904/2024, conhecido como PL do Aborto, que prevê punição para interrupção da gravidez caso seja realizada após 22 semanas de gestação nos casos de gravidez de estupro, feto encefálico e quando não há outro meio de salvar a vida da gestante. A pena seria equivalente à do crime de homicídio simples: de seis a 20 anos de prisão.

Clarissa conta que as atletas não questionaram a opinião de Diego. E sim, a minimização da violência sexual contra a mulher. Alegaram que poderiam se sentir desprotegidas perante à equipe técnica, em caso de violência. Mas não pediram a demissão do profissional para a CBB. Também esclareceu que não se trata de censura.

A CBB não se pronunciou sobre o caso de Diego, que voltou a usar as redes socias para dizer que foi dispensado por intolerância religiosa. Segundo Clarissa, a narrativa de que "ele é um homem de Deus, pai de família e que estava sofrendo" dá a entender que foi dispensado por causa da opinião dele.

— Ele pode ser contra o aborto e tudo bem. Cada um tem a sua opinião. Mas o post que ele repostou e escreveu "simples assim" comparava a gestação comum à gestação fruto de um estupro, minimizando a violência. Claro que importa se a gravidez é fruto de uma violência. Para a gente, como mulher, importa. E se a gente precisa reportar uma situação de estupro, como vão agir? — questiona a atleta. — Convivíamos tanto com ele quanto com Neto há muito tempo. Já sabíamos as suas opiniões e nunca foi um problema, nem durante as eleições nem quando curtiram post com teor homofóbico, por exemplo. Ninguém caiu. Quem trabalha com mulheres vai ter uma fala dessas em ambiente público?

Diego Falcão compartilhou uma postagem do Padre Paulo Ricardo que dizia: “Eu não sei como você foi concebido, se em pecado, não sei se nasceu de um estupro ou de um casamento sacramentado, não me importa. Desde toda a eternidade Deus sonhou com você! A vida não é um fardo, meu irmão, é uma benção.” O preparador físico corroborou as palavras do religioso com a frase “simples assim” e depois compartilhou ilustração de Madre Teresa de Calcutá segurando uma criança no colo com o texto creditado a ela: “Qualquer país que aceite o aborto não está ensinando o seu povo a amar, mas a usar qualquer violência para conseguir o que deseja”.

Neto, em entrevista ao GLOBO, disse que "somos responsáveis por aquilo que falamos e pelo que fazemos e não pela interpretação das pessoas", e que Diego não disse que é contra o aborto nem apoiou a PL do aborto. O treinador afirmou que seu pedido de demissão não tem relação com "comungar com as ideias de Diego".

— Meu pedido de demissão não tem a ver com viés político. E sim com o ambiente que se criou para que a gente pudesse trabalhar-- afirmou. --Tudo isso aconteceu por causa de uma má interpretação. O que entendi do que ele escreveu (no post) e eu também sou católico, praticante e tenho esses princípios, é que essas pessoas, no ventre da mãe, são fruto de Deus e têm de ser amadas, amadas por Deus. Independente de toda essa polêmica que existe, a criança não tem culpa — disse Neto.

Questionado sobre o direto da mulher pela escolha do aborto legal e a complexidade em "amar em caso de estupro", ele respondeu:

— E porque não ama tem o direito de matar? Mas veja, esse tema não está no debate do post. Ninguém falou que se pode ou não fazer isso, não colocou nada sobre a PL no post. Isso que foi mal interpretado – alertou o treinador, que disse que Diego já "fez outros posts sobre isso há muitos anos". --Nós nunca chegamos a tocar nesse assunto com elas. Várias vezes, esse tipo de assunto foi abordado nos perfis das atletas. E sempre respeitamos e tratamos todas da mesma forma. Deu-se muito mais valor às interpretações do que aos fatos na condução para a dispensa de Diego. Hoje aconteceu com o Diego, que é meu irmão, mas se acontecesse com outro, eu teria a mesma atitude (pedir demissão).

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