Olimpíadas
PUBLICIDADE

RESUMO

Sem tempo? Ferramenta de IA resume para você

GERADO EM: 23/07/2024 - 04:30

Impacto positivo da saúde mental nas Olimpíadas: o cuidado emocional em destaque.

A revelação de Simone Biles sobre saúde mental impactou a preparação dos atletas para as Olimpíadas, levando a mudanças significativas. O COB terá uma equipe recorde de profissionais de saúde mental em Paris, refletindo a importância do cuidado emocional. Atletas como Gabi Mazetto e Isaac Souza destacam a necessidade de atenção à saúde mental para o alto rendimento esportivo. A cultura de priorizar a saúde mental está substituindo a pressão por medalhas a qualquer custo, promovendo equilíbrio e resiliência.

A s palavras da ginasta Simone Biles em Tóquio ainda reverberam no ecossistema do esporte. Ao revelar que precisava parar por um tempo para cuidar da saúde mental, a maior estrela daquela edição (e desta também) dos Jogos ajudou a mudar o paradigma de que atletas são super-humanos e não precisam cuidar das emoções. Exemplo da mudança de mentalidade está na estrutura montada pelo COB, que terá uma equipe recorde de psicólogos e psiquiatras credenciados como parte da delegação em Paris.

Ao todo, serão cinco psicólogos e um psiquiatra do esporte, além de outros cinco profissionais levados pelas confederações. Também haverá atendimento virtual, com salas preparadas para que os atletas façam sessões remotas.

Ao longo deste ciclo olímpico, o COB intensificou suas ações, segundo Eduardo Cillo, coordenador da área. O time de 17 psicólogos e um psiquiatra participou de laboratórios com jovens atletas, treinamentos e competições pelo mundo. E também esteve presente nos últimos preparativos e na aclimatação pela Europa.

—O COB tem uma equipe de saúde mental ativa há dez anos. Não só o caso da Biles, mas de outros atletas vindo a público falar de depressão, apontando seus limites, mudaram esse entendimento. Há 20 anos, era muito raro ter esses profissionais. Hoje a participação é no dia a dia, dentro da equipe técnica, para fornecer informações para as comissões de forma interdisciplinar — explica Cillo. — Há duas décadas, numa sala com 30, 40 atletas, quando perguntávamos quantos já tinham ido ao psicólogo, apenas uns três levantavam as mãos. Hoje, já são 50%.

O grito de alerta de Biles e de tantos outros atletas que vieram a seguir ecoou em todas as modalidades. Falar abertamente sobre saúde mental vem se tornando tão natural quanto explicar novos saltos e manobras. E, de quebra, tira o estigma de fraqueza.

A skatista Gabi Mazetto, que foi ginasta dos 6 aos 12 anos, conta que precisou “abrir a mente” para entender a necessidade do cuidado com a saúde mental.

— Depressão e ansiedade são o mal do século. É preciso se abrir, independentemente de ser atleta ou não. Ter um psicólogo, fazer terapia, cuidar da saúde mental é uma necessidade geral e não quer dizer que quem faça uso destas ferramentas seja fraco. Não precisa ser louco para ir a um psicólogo. Acho que está mais do que na hora de as pessoas entenderem isso — diz a skatista, que compete no próximo fim de semana.

Mudança na cultura

A dimensão do discurso de Biles se reflete em Paris-2024, acredita a ginasta Jade Barbosa. Aos 32 anos, ela trabalhou com diversos tipos de escolas de treinamento — alguns reconhecidos pelo excesso de cobrança — e percebe a mudança empiricamente.

— Ela pontuou algo que há muito tempo nós passávamos e não tínhamos coragem nem força para fazer da forma que ela fez. Também passamos a entender os nossos limites, assim como os que estão de fora. Estamos acostumados a ir até a fadiga, arrebentar. Mas como determinar isso na saúde mental? Como não é algo que se percebe tão fácil como uma lesão, é preciso ter alguém para te ajudar a diagnosticar — diz Jade, que mostra otimismo: — A cultura da minha modalidade sempre foi difícil, e hoje é completamente diferente. Estamos num outro nível, e Paris terá um olhar e um respeito maiores. Assim como será diferente para as novas gerações. O esporte está mais longevo, e até os treinadores já não pressionam tanto as meninas. Trabalhamos com crianças.

Chico Porah, técnico da seleção feminina de ginástica, viu de perto o impacto das palavras da ginasta americana nos últimos anos. Calar-se diante das próprias questões significava até o fim precoce de uma carreira. Agora, não mais.

— Ao trazer esse assunto à tona, acredito que diminuiu o número de ginastas que se perdem pelo caminho. E vai diminuir. Quando algo do tipo acontece com alguma atleta, investigamos, buscamos maneiras para que ela passe por esta fase com carinho e compreensão. Elas não são máquinas. E se a top da top disse, as outras também podem dizer. E acho que agora se sentem mais tranquilas para falar e não pensam em abandonar o esporte — afirma.

O choro de CR7

Biles, Filipe Toledo — que deu uma parada no circuito mundial de surfe, mas estará em Paris — e Cristiano Ronaldo — que recentemente chorou após perder um pênalti em partida de Portugal na Eurocopa — mostraram que expor vulnerabilidades pode ser o momento de maior demonstração de força.

Calar sentimentos, controlar ansiedade, blindar pressão fazem parte de um papel da psicologia esportiva hoje considerado ultrapassado. O simples treinamento da mente não abraça mais todas as variáveis fundamentais no tão necessário equilíbrio mental.

— Hoje está mais próximo da psicologia clínica. Quem tenta controlar os sentimentos vai se sentir frustrado. Todo mundo tem seu momento de ansiedade, insegurança… Tem que aprender a gerenciar — explica Yan Cintra, especialista em psicologia do esporte, ressaltando que há uma mudança no ar da cultura da medalha a qualquer custo. — Priorizar a saúde mental é uma realidade voltada para o alto rendimento. Ninguém está deixando a medalha totalmente em segundo plano para cuidar do ser humano. Precisa da saúde mental para chegar até o pódio. A Biles não abandonou o esporte, ela entendeu seu limite e parou para voltar mais forte.

Vaga retirada e devolvida

Isaac Souza, dos saltos ornamentais, é o exemplo de como a performance anda de mãos dadas com a saúde mental.

— Depois de Tóquio-2020, eu tive uma recaída mental, um início de depressão. Aquele foi um ano muito conturbado para mim. Conquistei a vaga olímpica no início daquele ano e, depois, a Fina (Federação Internacional de Natação) retirou minha vaga e as de outros atletas. Às vésperas dos Jogos, devolveram. Isso mexeu muito com a minha cabeça, eu não consegui treinar muito bem, não obtive o resultado que queria na Olimpíada — conta Isaac, que reflete: — O ano pós-Olimpíada foi bem ruim, de cabeça mesmo. Nós, atletas de alto rendimento, temos que focar muito na saúde mental. Se tiver que abrir o jogo, abre mesmo. Contar para as pessoas certas que vão te ajudar naquele momento e, depois, quando se sentir confortável, abrir mais, se expor, como estou fazendo agora.

Mais recente Próxima Olimpíadas 2024: Ucrânia terá menor delegação na história, com menos integrantes que número de atletas mortos pela guerra
Mais do Globo

Trabalhador de 28 anos tentava salvar máquinas da empresa e foi cercado pelo fogo

Brasileiro morre carbonizado em incêndio florestal em Portugal

Marçal prestou depoimento nesta segunda-feira (16) sobre o episódio

Novo vídeo: ângulo aberto divulgado pela TV Cultura mostra que Datena tentou dar segunda cadeirada em Marçal

Polícia Civil deve cumprir mandados de prisão contra os suspeitos ainda esta semana

Incêndios florestais no RJ: 20 pessoas são suspeitas de provocar queimadas no estado

Além de estimativas frustradas, ministro diz que comunicação do BC americano levou analistas a vislumbrar possibilidade de subida na taxa básica americana

Haddad vê descompasso nas expectativas sobre decisões dos BCs globais em torno dos juros

Ministro diz que estes gastos fora do Orçamento não representariam violação às regras

Haddad: Crédito extraordinário para enfrentar eventos climáticos não enfraquece arcabouço fiscal

Presidente irá se reunir com chefes do STF e Congresso Nacional para tratar sobre incêndios

Lula prepara pacote de medidas para responder a queimadas

Birmingham e Wrexham estão empatados na liderança da competição

'Clássico de Hollywood': time de Tom Brady vence clube de Ryan Reynolds pela terceira divisão inglesa

Projeto mantém medida integralmente em 2024 e prevê reoneração a partir de 2025

Lula sanciona projeto de desoneração da folha de pagamento de setores intensivos em mão de obra

Empresas de combustível foram investigadas pelo Ministério Público por esquema de fraudes fiscais

Copape e Aster pedem recuperação judicial para tentar reverter cassação de licenças pela ANP