Olimpíadas
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Por — Enviada especial e Paris, França

Com o melhor tempo pessoal em Jogos Olímpicos,1h19min09 e após prova forte em que ditou o ritmo do pelotão em vários momentos, Caio Bonfim, de 33 anos, conquistou a medalha de prata nos 20km da marcha atlética dos Jogos Olímpicos de Paris e disse que quer mais: ele sonha com o seu legado. Caio quer mais apoio aos marchadores no país e reconhecimento do brasileiro em âmbito internacional.

— Essa medalha é para construir nossa bandeira na modalidade. É duro… Hoje colocamos uma sementinha na terra. E que também sirva de incentivo para que o moleque que está marchando em qualquer lugar do Brasil possa acreditar. Olha onde nós estamos. – disse Caio, que se emocionou várias vezes durante as milhares entrevistas de deu. – A prova em si não foi difícil. Difícil mesmo foi quando eu comecei a marchar até chegar aqui. Venci o preconceito (com a prova), a rejeição (do âmbito da marcha) e ter sido desacreditado.

Caio e Gianetti Gianetti Sena Bonfim explicam que o estilo dele de marchar teve de ser adaptado. Não é o jeito latino, sul-americano de marchar. Ele marcha como um europeu. E que essa mudança teve de ser construída durante sua vida esportiva porque só assim, segundo eles, pararia de tomar penalidade e entraria no clube dos campeões.

Para isso, ele tinha de se mostrar ao mundo, ir nas principais competições. E lá no início, sem patrocínio, a família que bancava essa ousadia.

– O sul-americano marcha levantando mais o joelho e o calcanhar, tem o quadril bem flexível. O europeu, não. É mais durinho, calcanhar baixinho, não mexe ombro, só os braços, a cabeça fica parada. Hoje temos dois sul americanos no pódio olímpico que marcham como europeus. E isso teria de mudar, não? Parar de ter esse preconceito com o estilo não-europeu de marchar. Eles têm birra com a técnica sul-americana – explica a treinadora. –Só assim, se fazendo ser conhecido na Europa, que o Caio poderia furar esta bolha. A gente pagava passagem em 12 vezes para ir para competição na Europa.

Caio havia sido quarto lugar nos Jogos do Rio, em 2016, a cinco segundos do terceiro colocado. E na ocasião, tão perto do pódio, ele se perguntou se teria nova chance. Diz, no entanto, que aquele resultado significou uma grande conquista no percurso até aqui :

– A Rio-2016 mudou a história da minha marcha. O som da buzina que escutamos quando treinamos na rua mudou. Antes era para assustar, e agora é “panpan,", seguido de um "vamos lá campeão”. Essa medalha de Paris pode mudar a história da marcha atlética brasileira. E vou lutar para que isso seja um legado. Programa bom é o que dá oportunidade. E espero que essa prata traga muitas oportunidades para que novas gerações

Choro com a mãe

Após passar pela linha de chegada em circuito de 1 km, no Trocadéro, cruzando o Rio Sena, e aos pés da Torre Eiffel, ele foi abraçar primeiro sua mãe e treinadora.

— O que eu disse a ela? Mãe, somos medalhistas olímpicos — contou Caio, emocionado, enrolado em uma bandeira do Brasil, após cerca de uma hora de entrevistas para jornalistas do mundo inteiro. — Eu sou extensão da carreira dela. E este é o trabalho de uma vida, começou com um cara lá em 1980 (o pai também é treinador e orientava a esposa). Nem sei o que significa. Não estou acostumado a ouvir ‘medalhista olímpico’. Sempre foi um sonho. Sou de Brasília e cresci vendo o Joaquim Cruz. O Bolsa Atleta que conseguimos lá atrás foi por causa do Joaquim Cruz. E hoje tenho uma medalha como ele. (ex-meio-fundista brasileiro, campeão olímpico dos 800 metros em Los Angeles-1984, medalha de prata na mesma prova nas Seul-1988).

Caio disse que a mãe, que fica na área de hidratação, “furou tudo quanto é bloqueio” por este abraço. Ele também conseguiu pegar os filhos no colo e comemorar com a família que está em Paris. O incentivo da esposa, ele contou, é diário e durante o período de treinamento de camping, cerca de 25 dias, ela mandava a mesma mensagem no celular para ele: uma foto do pódio, da medalha e o recorde sul-americano (1h17min21)

— Choramos muito – contou Caio, sobre o momento ao lado da mãe, a quem ele sempre reverencia como sua inspiração. — Cruzei a linha de chegada e senti mesmo foi alívio. Esta é uma prova muito técnica, longa, duas faltas no quadro… e vocês sabem, para europeu falta nenhuma. Se não fossem estas faltas (logo no início) e a advertência a três quilômetros do final, eu teria ido para o ouro.

Caio, atleta com mais participações olímpicas na delegação brasileira do atletismo, junto com Andressa de Morais, do lançamento do disco, considera que sua carreira é uma extensão da carreira da mãe, oito vezes campeã brasileira e que nunca disputou uma Olimpíada.

Quando ele estreou em Londres-2012, viu a mãe se emocionar ao entrar na Vila Olímpica. Nesta quinta, eles deram mais um passo juntos.

— Falei que queria ter a ousadia da Rio-2026, a experiência de Tóquio2020 e o primeiro amor e Londres-2012. E a gente conseguiu aqui — comemorou o marchador. –Quando meu pai me chamou para marchar pela primeira vez, ele dava aula no período noturno. Eu fui muito xingado naquele dia. Era muito difícil ser marchador, só comecei aos 16 anos. Na verdade foi quando decidi ser xingado sem ter problema. Lembrei desse dia hoje. O mais difícil de ser um atleta da marcha é o apoio moral. E eu tive. Quem pega o filho no colo, levanta e diz: "Olha aqui o meu novo marchador?"

A prova

Caio fez prova forte, saiu logo na frente e virou o primeiro quilômetro em primeiro. Como nenhum outro competidor o acompanhou e depois de tomar duas faltas, ele segurou.

O ritmo de prova, que foi mais lento no início, aumentou nos últimos cinco quilômetros. Caio passou o km 16 em 9º e, em seguida, novamente na liderança.

Ele fez um final de prova dramático, levando a segunda falta por flutuação no km 17. Um grupo de quatro atletas brigou nos quilômetros finais, mas o brasileiro era o único pendurado. Com a experiência de quatro ciclos olímpicos, Caio assumiu a segunda posição no km 18. focou na técnica e manteve a colocação até cruzar a linha de chegada.

– Estava bem abafado, e a galera começou com pé atrás, com medo… Mas fiz excelente trabalho com apoio das áreas da bioquímica e da fisiologia para que eu largasse bem. Fiz paces fortes, tipo 3min46, e quando entrei nesse ritmo rápido me senti bem. Pensei que a penúltima volta era a última. E na última eu daria um jeito. Nem sei como cheguei nessa medalha – falou o atleta, ainda sem acreditar no feito – Eu tive de manter racional durante a prova. Na véspera, quando a “mente” quis passar um filminho, aquele da carreira, falei para si mesmo: “Não, não, não”. E fui dormir.

Em Paris-2024, Caio terá ainda a prova do revezamento ao lado de Viviane. E se ele já estava confiante, agora então...

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