A seleção brasileira de basquete iniciou a sexta-feira com chances altas de dar adeus aos Jogos Olímpicos de Paris já na primeira fase, podendo ter que esperar até pelos resultados de hoje. Depois de derrotar o Japão no início da manhã, por volta das 13h estava classificada para as quartas de final. Pouco antes das 18h, já sabia que dificilmente não enfrentará o “Dream Team” dos Estados Unidos nas quartas de final. O carrossel de emoções foi fruto do complexo regulamento do sorteio do mata-mata da competição, que, entre outras regras, cruza os dois classificados como melhores terceiros colocados — o Brasil é um deles — com os dois melhores primeiros, evitando confrontos de times do mesmo grupo na primeira fase.
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Hoje, Alemanha e Canadá são os melhores líderes, mas os Estados Unidos devem destronar os canadenses com provável vitória sobre Porto Rico, hoje, às 12h15. Com isso, se tornariam o único adversário viável do Brasil no sorteio, que acontecerá após a fase de grupos. Em caso de zebra e vitória do Porto Rico, o Brasil pegará o Canadá.
O dia começou com a grande vitória brasileira por 102 a 84 sobre o Japão, com 33 pontos de Bruno Caboclo, mais o triunfo por 77 a 71 da Grécia sobre a Austrália, que alinhou os números necessários para que o Brasil não pudesse ser ultrapassado como um dos dois melhores que já terminaram ou ainda podem terminar como terceiros colocados. O mata-mata começa na próxima terça-feira e marca a realocação da modalidade: deixa o estádio Pierre-Mauroy, em Lille, que foi adaptado como ginásio na primeira fase, e passa a ser na Arena Bercy, em Paris.
Caso se confirme o confronto, será a terceira vez que o Brasil vai encarar os americanos na “era Dream Team”, iniciada em 1992. Em duelo eternamente marcado no lado brasileiro pela vitória no Jogos Pan-Americanos de Indianápolis-1987, Brasil e Estados Unidos se enfrentaram em Olimpíadas na fase de grupos de Barcelona-1992, quando foi formado o Dream Tem “original”, com vitória americana por 127 a 83.
Quatro anos depois, em Atlanta-1996, as seleções se encontraram novamente, justamente nas quartas, também com triunfo dos Estados Unidos, por 98 a 75. Nos dois confrontos, o ícone Oscar Schmidt terminou como melhor pontuador, com 24 e 26 pontos, respectivamente.
Mais de duas décadas depois, o Brasil pode voltar a figurar num confronto de tamanha magnitude graças a um feito importante: a equipe não chegava às quartas da competição desde Londres-2012. Na Rio-2016, caiu na fase de grupos. No ciclo seguinte, para Tóquio-2020, não se classificou.
Nesta sexta, o Brasil precisava vencer por boa margem os japoneses para manter a chama da classificação acesa. Depois de duas partidas em que enfrentou problemas com faltas — um em que pouco jogou contra a França e outro em que acabou ejetado após estourar o limite, contra a Alemanha—, Bruno Caboclo virou o nome do jogo.
Foram 33 pontos e assombrosos 17 rebotes do pivô brasileiro, uma das maiores atuações de um jogador brasileiro em Jogos Olímpicos. Foi a partida em que o sistema do time de Aleksandar Petrovic melhor funcionou, do domínio físico dentro do garrafão ao espaçamento da quadra que culminou em boas oportunidades de arremesso e criação de jogadas no perímetro: foram 17 arremessos de três pontos convertidos em 28 tentativas.
— Consegui permanecer mais em quadra, diferente dos últimos jogos. Isso foi a chave, pude ficar e ajudar — disse o pivô.
Além de Caboclo, brilharam também Benite (19 pontos) e Marcelinho Huertas (13). O segundo entrou no top 10 de jogadores com mais assistências da história das Olimpíadas (84).
Outra boa notícia para a sequência da competição foi a estreia do armador Raulzinho. Esteve em quadra por 28 minutos, os primeiros oficiais desde o estiramento muscular na coxa esquerda que o tirou de praticamente todo o Pré-Olímpico. Reforço mais que importante dado o disparo em nível que a competição passará na perspectiva brasileira.
— Sabíamos desde o Pré-Olímpico que o dia 2 de agosto determinaria nosso destino nas quartas de final. Nosso objetivo era aguardar esse dia, ter Raulzinho, um dos nossos melhores jogadores, de volta. Tudo foi construído para esse momento — avaliou Petrocvic, que exaltou Caboclo. — Não temos profundidade para apagar um jogador de seu nível do time.