Olimpíadas
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Por — Rio de Janeiro

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GERADO EM: 02/08/2024 - 04:00

"Vitória rápida e debate sobre gênero nas Olimpíadas"

Boxeadora argelina vence em 46 segundos, enfrenta polêmica de ser transgênero, COI defende atletas. Especialistas discutem testes de gênero nas Olimpíadas desde 1960, destacando questões de intersexualidade e critérios de identificação, criticando práticas invasivas e discriminatórias.

A boxeadora argelina Imane Khelif ganhou sua primeira luta em Paris-2024 em apenas 46 segundos, ontem, após a italiana Angela Carini ser golpeada no nariz e desistir. Mas a vitória pelos meio-médio acabou ofuscada pela disseminação de informação falsa de que Imane seria uma atleta transgênero. O tema mobilizou as redes, com ataques que levaram o Comitê Olímpico Internacional (COI) a se pronunciar.

A polêmica remonta ao Mundial de Boxe do ano passado, na Índia. Na competição, organizada pela Associação Internacional de Boxe (IBA, em inglês), a atleta foi desclassificada após ser reprovada no teste de verificação de gênero. Ela não foi a única: a pugilista taiwanesa Lin Yu Ting, do peso pena, também perdeu a medalha. Ela enfrenta Sitora Turdibekova, do Uzbequistão, hoje.

Walesca Vigo, doutora pela Escola de Educação Física e Esporte da USP, avalia que, pelas informações fornecidas pelo COI e a IBA, as boxeadoras podem ser intersexuais, quando a pessoa nasce com características sexuais que não se encaixam nas definições tipicamente disponíveis para corpos masculinos ou femininos, podendo incluir características da anatomia sexual, órgãos reprodutivos, padrões hormonais e ou cromossômico.

— Há uma grande confusão de como identificar o gênero da atleta. Ela é uma atleta que se identifica como mulher e que pode ter uma variação intersexual, o que é completamente diferente de uma pessoa trans. Uma atleta trans se identifica para a federação dessa forma, tem uma mudança de nome social, precisa dizer se passou por algum procedimento, e não é o caso.

A IBA não especificou por que as atletas falharam nos testes, mas esclareceu que nenhuma delas passou por exames de testosterona. À época, o presidente da associação, o russo Umar Kremlev, afirmou que testes de DNA “provaram que elas tinham cromossomos XY e, portanto, foram excluídas”. XY é a combinação de cromossomos masculinos.

Para os Jogos de Paris-2024, porém, as atletas estão aptas. O COI defendeu as atletas, e disse em nota que as boxeadoras “sofreram ataques enganosos em redes sociais”, e que os procedimentos a que foram submetidas pela IBA são “pouco claros e arbitrários”.

Nem Imane, nem Lin, se identificam como transgênero. Segundo o COI, o gênero e idade dos atletas são “baseados em seus passaportes”. A italiana negou que tenha abandonado a luta por isso.

“Toda pessoa tem o direito de praticar esporte sem discriminação. Todos os atletas participantes do torneio de boxe dos Jogos cumprem os regulamentos de elegibilidade e inscrição da competição, bem como todos os regulamentos médicos aplicáveis definidos pela Unidade de Boxe de Paris 2024 (PBU)”, afirmou o COI, em nota.

Testes desde 1960

Testes de gênero em competições esportivas começaram ainda na década de 1960, quando atletas mulheres eram submetidas a testes invasivos em que médicos verificavam a possibilidade de órgão interno masculino. O procedimento acabou suspenso após protesto, e foi substituído por um exame visual, em que as competidoras precisavam se despir para um comitê médico, que dizia se elas “pareciam” ou não com um mulher. Em 1968, na Cidade do México, implementaram o teste cromossômico, a partir da coleta de saliva, o que deixou de ser realizado em Atlanta-1996, após o tema ir parar na Justiça.

— O foco, então, acabou virando a testosterona, mas apenas na avaliação de atletas específicas, justamente aquelas que têm uma aparência mais “masculinizada”. Mas não faz sentido continuar o teste de verificação de gênero. É invasivo e discriminatório, e o desempenho de um atleta não pode ser explicado por apenas um fator — diz Vigo.

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