O judoca brasileiro Rafael Silva, de 37 anos, foi eliminado em sua estreia nos Jogos Olímpicos de Paris nesta sexta-feira. Competindo pela categoria acima dos 100 kg, Baby — como o atleta é conhecido — perdeu para Ushangi Kokauri, adversário do Azerbaijão. Em sua quarta participação nos Jogos, Baby tem dois bronzes no currículo: em Londres-2012 e no Rio-2016. Ele ainda conquistou uma prata e três bronzes em Campeonatos Mundiais.
Ele, que disse ter ficado esperançoso após medalha no Mundial do ano passado, se despediu de Jogos Olímpicos. E afirmou que se sentia orgulhoso de ter chegado a Paris, na quarta participação, aos 37 anos.
— Com 36 anos eu consegui uma medalha mundial. Chegar com 37 na Olimpíada, de certa forma, eu sabia que as chances, conforme a idade vai passando, vão de certa forma diminuindo. Mas eu tinha bastante esperança de fazer uma participação melhor aqui, de avançar nas lutas— falou Baby. — De Olimpíada é a minha última participação. Não sei se levo mais um pouquinho, participando de algumas competições nacionais. Mas com certeza a aposentadoria está muito próxima.
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Próximo aos três minutos de luta, Baby levou dois waza-aris, o que conta como um ippon. Agora fora do individual, ele vai competir por equipes mistas, no sábado.
— É isso, saio da minha quarta participação olímpica com uma derrota, mas olhando para trás tenho bastante orgulho e mesmo com a derrota assim, eu acho que eu aprendi muito com esse processo, com tudo. Estava me sentindo bem, tinha treinando, mas o jogo dele foi superior — analisou o judoca, que havia o enfrentado seis vezes. — Ele conseguiu anular bem meu lado direito, eu não consegui fazer muito bem a pegada, amarrou meu jogo. Infelizmente saio com a derrota, mas mérito dele também. Agora é focar porque a gente tem competição por equipe. Eu acho que o Brasil tem uma equipe com bastante potencial.
Baby disse, no entanto, que pensa em continuar lutando em âmbito nacional e que a aposentadoria com atleta de alto rendimento está próxima. Seu palpite é que o francês Teddy Rinner também encerre suas participações em Olimpíadas em Paris, e torce para que o melhor vença. Sobre o futuro, o judoca brasileiro disse que pretende permanecer no esporte, que estudou e se preparou para este momento. Sua intenção é continuar no esporte, seja na administração ou parte técnica, para desenvolver o judô, principalmente sua categoria. O entendimento de Baby é da necessidade de participação de ex-atletas nesse processo.
— Acho que deixo um legado bom, falando da categoria pesado, com duas medalhas olímpicas e quatro medalhas mundiais. Acho que foi um legado importante. Acho que eu consegui inspirar atletas a entrarem no judô, a gostar de esporte olímpico. Eu espero ver outros pesados aí quebrando os meus recordes, superando as medalhas olímpicas. É para isso que foi minha carreira. — comentou o judoca, que demonstrou interesse em deixar um legado para a categoria e "ajudar na formação de outro pesado".
O judoca começou a praticar o esporte aos 15 anos, em Rolândia, no Paraná, onde passou toda a sua infância. Chegou a experimentar caratê, mas foi o judô que o cativou. O apelido de Baby faz referência ao personagem da série infantil “Família Dinossauros”, popular nos anos 1990. O judoca também tem seu lado nerd: é fã dos jogos de RPG, online e de tabuleiro.