Rafaela Silva viveu um grande sábado em Paris. Dias depois de viver uma eliminação por punição na competição individual do judô, a atleta voltou ao tatame para a competição por equipes. E foi o nome do Brasil na vitória por 4 a 3 sobre a Itália, na disputa pela medalha de bronze. Venceu duas vezes Veronica Toniolo, a segunda no desempate, diretamente no golden score.
Na zona mista, Rafaela contou que estava pronta e torceu muito para fazer uma segunda luta na competição. O primeiro confronto foi o quarto da disputa e definiu o 3 a 1 parcial. Rafa aplicou uma chave de braço em Toniolo.
— Quando a Kekinha (Ketleyn Quadros) perdeu, eu me perdi nas contagem, falei "não acredito que a gente perdeu de novo". Quando olhei para a frente, estava empatado, sorteio, eu só subi no tatame e falei "57 kg, 57 kg, 57 kg" (sua categoria). Queria lutar de novo, estava muito focada, muito determinada. A última vez que eu lutei com essa atleta, ela conseguiu me enrolar com esse judô da Itália que fica fazendo volume para querer a punição na frente. Falei para a Sensei, "gente que luta assim só me enrola uma vez". Entrei focada, determinada, e consegui essas duas vitórias para o Brasil, que foram muito importante, então estou muito feliz com essa medalha — disse Rafaela.
A judoca também comemorou o retorno a uma Olimpíada depois de oito anos. E revelou que lutou sentindo dores:
— Muitas pessoas se questionavam se eu conseguiria voltar ao alto rendimento, à Olimpíada, questionaram a minha convocação. Mas eu sabia o meu valor, meu potencial, o que eu conquistei dentro do tatame, lutando, me entregando 100%. Sou muito competitiva, quero ganhar sempre, e a gente acabou perdendo para a Alemanha, mas ainda tinha chance de brigar pela medalha. Machuquei na semifinal, no individual. Todo mundo ficou preocupado e eu falei "com uma perna só, mas a gente vai lá". Estou com o (ligamento) colateral machucado, mas falei para o doutor, "enrola aí, e a gente vai para a briga". O judô brasileiro é isso, a gente não se entrega, independente de lesão, de vitória e de derrota. A gente sempre se levanta. Como eu falei em uma entrevista, a Rafaela sempre volta, e eu consegui voltar, oito anos depois, para uma Olimpíada. Estou muito feliz de ter contribuído para essa medalha inédita para o judô brasileiro.