Uma das competições que abrem o segundo final de semana de Olimpíadas, o ciclismo de estrada marca um momento de recuperação para o Brasil na modalidade. O país voltou a ter vagas e atletas o representando nas provas feminina e masculina: Vinicius Rangel abre a competição masculina hoje, às 6h. Amanhã, é a vez de Ana Vitória Magalhães, a Tota , às 9h, no feminino.
Num percurso de 158 quilômetros, elevação de 1.700 metros e que termina no icônico Trocadero , a carioca de 23 anos tenta viver o máximo do que era um de seus principais objetivos quando começou a treinar e competir, representar o Brasil na modalidade.
Tota compete por equipes profissionais desde 2022, na Espanha, após se destacar no circuito sub-23. Em dezembro do ano passado, assinou com a italiana BePink e passou a competir em provas do país. No tradicional Giro d’Italia 2024, terminou na nona colocação de (provas e trechos de) montanha, chegando a ser líder de montanhas na segunda etapa da competição.
No Brasileiro de Ciclismo de Estrada, ficou com o título na categoria Elite do contrarrelógio individual. Os Jogos Pan-Americanos de Santiago-2023 foram as primeiras competições com “ares olímpicos” de Tota, que acabou na quarta colocação da prova de corrida, com tempo de 2h53m14s , a 54 segundos de Agua Marina Espínola, do Paraguai, que ficou com o bronze. Na estreia na competição, teve o melhor desempenho entre as brasileiras.
Tota mantém Henrique Avancini, ícone brasileiro da modalidade, como ídolo:
—Eu quero mudar o ciclismo brasileiro e fazer o meu nome no ciclismo mundial. O Avancini é um espelho puro disso. Muito mais importante do que tudo o que ele conquistou, foi o legado que ele deixou — disse ela ao site oficial dos Jogos Olímpicos pouco antes da disputa do Pan. Na mesma entrevista, ela conta que um dos primeiros desafios foi viver o início de carreira na pandemia.
Outra inspiração e incentivador é Bernardinho, técnico da seleção masculina de vôlei, que é um amigo da família. Ela e o treinador pedalaram juntos numa prova em Minas Gerais quando a atleta tinha 18 anos. Uma conversa pós-prova foi essencial para mais um impulso na carreira.
O apelido Tota começou na infância, e nem mesmo a ciclista consegue explicar. Na série de vídeos que conta as origens dos atletas olímpicos divulgada nas redes do Comitê Olímpico do Brasil (COB), a família conta que, desde a juventude, ela já levava jeito para o esporte. Primeiro, para o futebol.
A paixão pelo ciclismo surgiu por volta dos 15 anos, por conta de uma tradição de família. Os membros pedalam juntos em todos os finais de ano. Num deles, Tota pediu para participar. A resposta da mãe, Ciça, a inspirou:
— Falei “não, Tota, você tem que treinar, senão, não vai conseguir chegar lá”. E ela começou a treinar, treinar e treinar — conta a mãe.