Hugo Calderano perdeu o bronze no tênis de mesa em Paris-2024 para o francês Félix Lebrun, de apenas 17 anos, neste domingo. O sobrenome do algoz é familiar: Félix é irmão de Alexis Lebrun, de 20, que também participou dos Jogos e foi eliminado pelo próprio brasileiro nas oitavas de final. O caso não é único na Olimpíada: só na delegação da França, há nada menos que mais 11 pares de irmãos.
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Na do Brasil, o vôlei concentra dois exemplos. Os opostos Alan e Darlan Souza, de 29 e 21 anos respectivamente, são companheiros na equipe de Bernardinho. O mais velho lesionou a panturrilha antes da estreia da seleção, mas se recuperou a tempo de fazer seu primeiro jogo na vitória sobre o Egito, sexta-feira. O caçula é titular do Brasil, que volta à quadra nesta segunda-feira, nas quartas de final.
— É incrível estar com ele aqui — afirmou Alan ao site oficial dos Jogos: — A gente está dividindo quarto há três meses nesse período que estamos na seleção, já estou até de saco cheio dele (risos). Brincadeira. É muito gratificante estarmos nós dois em quadra nesse sonho nosso, da nossa família, em ter dois atletas olímpicos. Tenho certeza de que todo mundo está orgulhoso da gente e feliz de podermos representar a seleção brasileira.
Conheça alguns irmãos que estão nas Olimpíadas de Paris-2024
Nascidos na Alemanha, Júlia e Lukas Bergmann também dividem o sonho olímpico defendendo as cores do Brasil: ela na seleção feminina, ele na equipe masculina. A presença da ponteira de 23 anos já era esperada, já que está nas convocações de José Roberto Guimarães desde 2022. Já a do ponteiro de 20 anos foi uma surpresa: ele é o mais novo do time de Bernardinho.
— Deu para nos encontrarmos na Vila já no primeiro dia", contou Lukas ao site oficial do Comitê Olímpico do Brasil (COB): "Fui comer e depois a encontrei, trocamos uma ideia e ela me explicou tudo, já que estava lá há mais tempo. É um orgulho enorme para a família. Ter dois filhos em uma Olimpíada não é fácil. Eles são o motivo de estarmos aqui por todo o incentivo que sempre nos deram”.
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No tênis de mesa, o país contou com as irmãs Takahashi, Giulia e Bruna, de 24 e 19 anos respectivamente. As duas competem lado a lado na equipe feminina, mas foram eliminadas na última semana. Nas redes, os internautas brincaram que o talento no esporte seria “a única coisa parecida entre elas”, já que as diferenças físicas entre as atletas chama atenção. As irmãs são nipo-brasileiras de terceira geração por parte de pai, ou seja, têm ascendência japonesa, mas apenas Giulia apresenta os traços. A irmã mais velha, Bruna, se parece mais com a mãe brasileira e não carrega as características paterna.
Outros dois irmãos olímpicos são a velejadora bicampeã Martine Grael, de 33 anos, e o velejador Marco Grael, de 35 anos. Ambos foram eliminados das disputas — o sonho do tricampeonato acabou para a caçula, que devido à pontuação acumulada com a dupla não teria como chegar ao pódio, e para o irmão mais velho, eliminado na 19ª colocação na classificação geral.
A delegação francesa chegou a Paris-2024 com vinte e quatro irmãos. Entre eles, tem três casos de gêmeos: os remadores Thibaud e Guillaume Turlan, de 27 anos, as jogadoras de futebol Delphine e Estelle Cascarino, de 27 anos, e as nadadoras artísticas Charlotte e Laura Tremble, de 25 anos, integrantes do balé. Além deles, nomes conhecidos como os irmãos do handebol Nikola e Luka Karabatic, de 40 e 36 anos, respectivamente; Alexis e Félix Lebrun, 20 e 17 anos, no tênis de mesa; Toma Junior e Christo Popov, 25 e 22 anos, no badminton.
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Já eliminados, os irmãos Limardo, representantes da Venezuela, disputaram juntos o torneio de espada por equipes. Rubén, de 38 anos, conquistou uma medalha de ouro olímpica na espada individual em Londres 2012. O irmão do meio, Francisco, de 37 anos, viveu em Paris a sua terceira experiência olímpica. Enquanto o mais caçula, Jésus, de 28 anos, fez sua estreia olímpica.
Para os judocas japoneses Hifumi e Uta Abe, foi diferente. Com 26 anos, Hifumi foi bicampeão olímpico em Paris-2024, na categoria de 66kg, mas a irmã Uta, de 24 anos, que também já foi campeã mundial olímpica, foi eliminada precocemente da competição nas oitavas de final, teve dificuldade para deixar a arena e aceitar a derrota da categoria até 52kg.
Pelos Estados Unidos, as gêmeas, de 24 anos, Kerry e Annie Xu, que jogam juntas desde crianças, estrearam este ano no badminton. As duas enfrentaram as gêmeas búlgaras Stefani e Gabriela Stoeva, de 28 anos, na Arena Porte de La Chapelle, e caíram para elas nas quartas de final na última terça-feira (30). Esta é a edição dos Jogos em que as búlgaras chegaram mais longe na competição, em sua terceira participação olímpica.
“Foi interessante porque as pessoas já ficam surpresas quando veem gêmeos competindo juntos nos Jogos Olímpicos. Poder contracenar com alguém que passou por um caminho semelhante, um caminho bastante único, é muito interessante. Passo tanto tempo com ela que, cada vez que olho para ela, percebo o que ela sente: se ela está nervosa, sei se preciso animá-la” disse Annie, ao portal Excelsior, após terminar a partida. “Acho que compartilhar este momento olímpico com sua irmã é algo que não consigo descrever. Acho que elas sentem o mesmo”, declarou Stefani da dupla rival.
Outras delegações, como as da África do Sul, no hóquei e no atletismo, a da Jordânia, no boxe, e a da Alemanha, no basquete, também levaram atletas irmãos para disputarem pelos países.