Em Paris, a final dos 100m rasos busca o sucessor de Usain Bolt. Noah Lyles desponta como favorito, buscando preencher o vazio deixado pelo jamaicano. A prova também conta com a presença de atletas africanos, como Letsile Tebogo, prometendo uma competição acirrada e imprevisível.
Os Jogos de Paris podem marcar o surgimento de uma nova estrela do atletismo mundial. Pelo menos essa é a expectativa em torno de uma das provas mais aguardadas: os 100m rasos masculino. Neste domingo, às 16h50 (de Brasília), oito atletas vão disputar a final que define quem será o homem mais rápido do planeta — semifinais a partir das 15h05. E, mais do que o pódio, eles buscam ocupar um espaço vago há alguns anos.
Desde a aposentadoria de Usain Bolt, em 2017, a prova mais nobre do atletismo carece de novos ídolos. Em Tóquio-2020, a vitória do italiano Marcell Jacobs surpreendeu, mas desde então o velocista, acometido por lesões, sofreu para completar a distância abaixo dos 10s.
Atletas do time Brasil voando alto em Paris
17 fotos
O recorde mundial do jamaicano (9.58s) está prestes a completar 15 anos e, até o momento, ninguém sequer se aproximou da marca. Três americanos (9s76) chegaram mais perto, mas apenas um deles está em Paris — e, aparentemente, não mais na mesma forma. Trata-se de Fred Kerley, 29 anos, atual vice olímpico, que sequer se classificou à final no Mundial de Budapeste-2023.
Além do desempenho, outro traço necessário para um velocista campeão cair nas graças da torcida é a personalidade. Uma mescla entre carisma e marra, despertando o fascínio do público. E nisso Bolt era imbatível.
Em Paris-2024, quem parece estar mais próximo de reunir todas essas características é o americano Noah Lyles. Aos 27 anos, chega no auge da forma física querendo repetir Bolt no Rio-2016 e o que ele mesmo alcançou em Budapeste: conquistar o ouro nos 100m, 200m e 4x100m. Sua especialidade sempre foram os 200m, prova em que é o atual tricampeão mundial e bronze olímpico, mas os 100m também se tornaram uma prioridade neste ciclo.
Na última grande competição internacional antes dos Jogos, Lyles venceu a etapa de Londres da Diamond League, com 9s81s. E, no melhor estilo Usain Bolt, desembarcou em Paris com a confiança em alta.
— Se Noah Lyles for Noah Lyles, não tem para ninguém — disse sobre si.
Acontece que Lyles não foi exatamente Noah Lyles em Tóquio-2020, quando ficou apenas com o bronze nos 200m. Agora terá uma segunda chance e, ao menos no discurso, cada vez mais próximo de Bolt.
— Não é a vitória, é como você vence. As pessoas se agarram a isso. Elas querem uma história, a alguém para se conectar. Vamos dar isso a elas, temos toneladas disso em nosso esporte. E sinto que precisamos de uma forma melhor de mostrar isso ao mundo.
Auge africano
Os jamaicanos Kishane Thompson e Oblique Seville estão entre os candidatos a encarar Lyles, mantendo a tradição do país de formar bons velocistas. Mas talvez a principal novidade seja a profusão de atletas africanos entre os candidatos. Aos 21 anos, Letsile Tebogo, de Botsuana, tornou-se o primeiro africano medalhista nos 100m em Mundiais de Atletismo, ficando com a prata em Budapeste-2023. Já Ferdinand Omanyala colocou o Quênia, tão acostumado a vitórias em provas de maior distância, na briga por pódios em uma disputa na qual não estão habituados a serem protagonistas.
Infância pobre, visual criado em 'laboratório' e iate de Roberto Carlos: a trajetória do cantor cuja empresa é suspeita de envolvimento com esquema de lavagem de dinheiro de jogos ilegais