Um dos representantes internacionais do breaking disparou contra a federação mundial da modalidade depois de a competidora australiana de breaking "Raygun" ser proclamada número 1 do mundo. Rachael Gunn denunciou ter sido alvo de uma campanha de ódio nas redes sociais após sua apresentação "nota zero" nos Jogos Olímpicos de Paris-2024.
Em entrevista à agência Associated Press, o vice-presidente da Breaking for Gold USA, Zack Slusser, afirmou que a World DanceSport Federation (WDSF) não tinha "nenhum mérito real" com a comunidade do esporte e falhou em organizar eventos que "contribuiriam para criar um ranking mundial preciso".
Rachel 'Raygun' Gunn, de 37 anos, não conseguiu nenhum ponto nas três batalhas de que participou. Sua apresentação, inspirada em cangurus, foi parodiada nas redes sociais e em programas de televisão, enquanto fãs do breaking ao redor do mundo se perguntavam como ela poderia ter sido selecionada para participar da competição olímpica da arte da dança procedente da cultura hip-hop.
No entanto, uma classificação baseada nos quatro melhores desempenhos da competidora nos últimos 12 meses elevou a australiana ao primeiro lugar. Com as poucas provas organizadas entre dezembro de 2023 e os Jogos Olímpicos para a elaboração do ranking, "muitos atletas têm apenas um resultado em uma competição válida para classificação", segundo um comunicado da WSDF.
'Raygun' venceu o campeonato da Oceania durante este período, somando 1.000 pontos no ranking. A japonesa Riko venceu em dezembro o Gold World Series em Hong Kong, que também lhe valeu 1.000 pontos, mas a WDSF atribuiu o primeiro lugar a 'Raygun', considerando que sua prova teve mais peso.
A primeira posição no pódio pode, no entanto, estar com os dias contados, após a federação ter confirmado que "as próximas WDSF Breaking da Gold World Series serão realizadas em Xangai, em outubro de 2024".
As apresentações da competidora geraram uma onda de comentários, a maioria hostis, com internautas que a comparavam com um canguru saltando e com o personagem de desenho animado Homer Simpson dando voltas no chão.
— Obrigado a quem me apoiou, eu realmente aprecio a positividade e estou grata por trazer um pouco de carinho. Não imaginei que abriria a porta para tanto ódio, o que é devastador. Eu fui lá e me diverti, levei muito a sério e dei o meu melhor realmente. Estou hornada de ter feito parte da Olimpíada e do time australiano. O que os outros atletas alcançaram foi fenomenal. Sobre as desinformações que estão circulando, eu recomendo olhar a nota oficial da organização, como também os posts da federação australiana de breaking. Um fato curioso é que não há pontos na verdade no breaking. Vocês podem ver a forma que os juízes comparam com meus oponentes com base no cincos critérios no site da Olimpíada. Peço que a imprensa para de perturbar minha família, amigos e comunidade australiana do breaking. Peço que respeitem a privacidade de cada um — postou 'Raygun'.
A decisão de 'Raygun' de competir com o uniforme oficial dos atletas olímpicos australianos, em vez da roupa urbana como os outros competidores, também foi muito comentada. À época, Rachel Gunn disse, em uma mensagem no Instagram, que estava "ansiosa para ver se o mesmo nível de exigência de vestimenta se aplicaria aos garotos".