Tatiana Furtado
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Tatiana Furtado
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Tatiana Furtado

Formada em jornalismo pela Uerj, trabalha no GLOBO desde 2004. Há 15 anos, atua no jornalismo esportivo, tendo participado da cobertura de três Copas do Mundo.

Por Tatiana Furtado

São apenas 11 dias completos de Mundial, e a sentença “o melhor jogo da Copa” já foi disparada por narradores, comentaristas e torcedores nas redes sociais algumas vezes. Nenhuma delas da boca para fora. O torneio na Austrália e na Nova Zelândia tem sido palco de grande jogos que confirmam a evolução da modalidade no ciclo.

O crescimento fica evidente em cada aspecto que envolve uma partida de futebol. A parte física já é fato consumado. Mesmo as seleções estreantes, que não possuem o mesmo investimento e tempo de desenvolvimento das principais equipes do mundo, já são capazes de oferecer resistência por algum momento às potências.

A qualidade técnica só cresce. Justamente por estar acompanhada de um preparo físico melhor, que facilita a execução dos fundamentos. Não quer dizer que nas outras edições do Mundial não víssemos lindas jogadas de apuro técnico. Marta já esteve em cinco Copas e por lá desfilou seu futebol de seis vezes melhor do mundo. E tantas outras antes dela, como Sissi, considerada uma das maiores da história da modalidade.

A diferença é que, agora, há outros aliados que jogam junto com o talento nato. O sistema de jogo aprimorado talvez seja o principal deles. Algo que já se via na seleção dos Estados Unidos há muitos anos — não é à toa que tem quatro títulos mundiais — se encontra agora na maioria dos times. A equipe americana, inclusive, está na lista dos grandes jogos pelo confronto com a Holanda, que terminou em empate por 1 a 1.

Em entrevistas com pioneiras do futebol feminino do Brasil, dos anos 1990 e início dos anos 2000, eram comuns ponderações de que a seleção entrava em campo sem um esquema de jogo previsto e treinado. Era jogar a bola nas craques que elas resolveriam.

Elas ainda resolvem. Vide Asisat Oshoala, autora do gol da incrível virada da Nigéria sobre a Austrália por 3 a 2, na segunda rodada do Grupo B. Mais uma das partidas que ganharam o título de “melhor jogo da Copa”.

Afinal, não são só as jogadoras que estão mais bem preparadas. As comissões técnicas seguiram esse crescimento. Temos visto novas ideias em campo, sistemas táticos bem desenhados e leitura de jogo capaz de mudar os rumos de uma partida.

Tudo isso esteve contemplado no melhor jogo da Copa do momento: Alemanha x Colômbia — escrevo antes do esperado confronto entre Japão e Espanha, pelo Grupo C, duas seleções que apresentaram um futebol de quem quer ir longe na competição e esbanjam técnica e juventude.

A favorita Alemanha viu a Colômbia minar, em boa parte do duelo, suas principais jogadas. Viu a equipe sul-americana montar um esquema para impedir que a bola chegasse em perfeito estado a Alexandra Popp, que só marcou de pênalti. Viu também como o talento aparece num time bem treinado, no golaço de Linda Caicedo, a jovem de 18 anos que já é uma das personagens do Mundial. Viu ainda um técnico que sacou a baixinha Caicedo no último lance para colocar Restrepo e segurar a marcação para Vanegas fazer o gol da vitória.

Por fim, um grande jogo de futebol também carrega outro componente: a emoção. A linda festa das colombianas com sua torcida é o ponto extra nesse ranking que, a cada rodada, só aumenta.

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