Fato ou Fake Radar

É #FAKE carta atribuída ao escritor F. Scott Fitzgerald sobre a vida em quarentena em 1920

Texto tem sido atribuído falsamente a um dos maiores autores do século 20 como se tivesse sido escrito durante o surto de gripe espanhola. Carta é atual e foi publicada em um site de humor em março deste ano
É #FAKE carta atribuída ao escritor F. Scott Fitzgerald sobre a vida em quarentena em 1920 Foto: Reprodução
É #FAKE carta atribuída ao escritor F. Scott Fitzgerald sobre a vida em quarentena em 1920 Foto: Reprodução

RIO - Circula nas redes sociais uma carta atribuída ao escritor norte-americano F. Scott Fitzgerald (1896-1940), em que ele fala da quarentena vivida à época do surto de gripe espanhola, em 1920. É #FAKE .

O texto foi escrito pelo autor Nick Farriella, de New Jersey, e publicado no site de humor McSweeney’s no dia 13 de março deste ano. É uma paródia ao estilo do autor de “O grande Gatsby”, que acabou compartilhada milhares de vezes como se fosse, de fato, dele – inclusive por pessoas famosas, como o cantor David Crosby e a escritora Joyce Carol Oates. Quem compartilha ressalta a semelhança entre o contexto da gripe espanhola e o da Covid-19.

A confusão fez com que fosse adicionada no site a seguinte nota, para alertar os leitores: “Este é um trabalho de paródia, não é uma carta real escrita por Fitzgerald”. O autor é considerado um dos maiores escritores do século 20. No dia 18 de março, percebendo a confusão, Nick Farriella tuitou: “Quando você escreve uma paródia para @mcsweeneys e isso se transforma em fake news”.

O texto tem sido compartilhado assim: “Uma carta de F. Scott Fitzgerald, em quarentena em 1920 no sul da França durante o surto de gripe espanhola”. Tendo como remetente Rosemary, a carta fala sobre a necessidade de se evitar espaços públicos, a solidão do isolamento social, a percepção do que está do lado de fora da residência e o conforto encontrado no consumo de bebidas alcóolicas nesse cenário. Também menciona a necessidade de se lavar as mãos, o que dá ao texto tom atual diante da pandemia mundial provocada pelo novo coronavírus.

“Lá fora, percebo o que pode ser uma coleção de folhas caídas batendo contra uma lata de lixo. Soa como jazz aos meus ouvidos. As ruas estão vazias. Parece que a maior parte da cidade se retirou para seus aposentos, com razão. (...) Até os bares, como eu disse ao Hemingway, mas ele me deu um soco no estômago, ao que perguntei se ele tinha lavado as mãos. Ele não tinha. Ele é negacionista. Considera que o vírus é só gripe. Estou curioso para saber quem são suas fontes.” O texto de Farriella termina otimista: “Eu me concentro em uma única tensão de luz, me levando a acreditar em um amanhã melhor.”