Veja o que é #FATO ou #FAKE na entrevista de Eduardo Paes ao g1

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A equipe do Fato ou Fake checou algumas das principais declarações do prefeito. Leia:

“Nós tínhamos 70% de cobertura de Clínicas da Família em 2016. Quando nós voltamos, essa cobertura era de 40%."

A declaração é #FATO. Veja por quê: Segundo dados da prefeitura do Rio, a meta de chegar a 70% de cobertura das Clínicas da Família foi atingida em dezembro de 2016. A cobertura voltou a cair nos anos seguintes, chegando a cerca de 40% em 2021. Em janeiro de 2024, a capital fluminense voltou a alcançar o patamar de 70% de cobertura, com a chegada de 218 médicos vinculados ao programa Mais Médicos, do governo federal.

“Já no meu outro mandato, eu disponibilizei a área para o centro de treinamento do Vasco e do Fluminense, que tem lá o centro de treinamento, na região entre Barra e Jacarepaguá.”

A fala do prefeito aconteceu depois que o entrevistador comentou sobre o leilão, promovido pela prefeitura, do terreno do Gasômetro. A área foi arrematada pelo Flamengo para a construção de um estádio.

A declaração é #FATO. Veja por quê: Em 2013, Eduardo Paes realizou acordos com os dois clubes de futebol para a cessão de terrenos. O terreno escolhido pelo Fluminense foi o da Avenida Ayrton Senna, na Barra da Tijuca, com uma área de cerca de 40 mil m².

No mesmo ano, a Prefeitura do Rio também publicou no Diário Oficial do Município a cessão de um terreno em Vargem Grande, na Zona Oeste, para construção dos CTs do Vasco e do Botafogo.

“Todos os BRTS sem exceção são integrados a metrô e trem.”

É #FATO. Veja por quê: Apesar de nem todas as estações do BRT possuírem integração direta com os serviços de metrô e trem, todos os quatro corredores possuem alguma integração com os serviços.

Na Transoeste, é possível fazer integração com o metrô a partir das estações Jardim Oceânico e Vicente de Carvalho. Já na Transcarioca, a integração só pode ser feita na estação do metrô Vicente de Carvalho. Na Transolímpica, é possível fazer integração com a estação do metrô Jardim Oceânico e com a estação de trem Deodoro.

A Transbrasil, mais recente trecho inaugurado, conta com apenas uma integração, com a estação de trem Deodoro e com o VLT no Terminal Gentileza, que pode levar o passageiro até a rede de metrô. Para fazer a integração Metrô + BRT, o custo para o passageiro é de R$ 9,05.

“A Guarda Municipal do Rio é a maior do Brasil.”

A declaração é #FATO. Veja por quê: Segundo dados da Prefeitura do Rio, atualmente a Guarda Municipal possui 7.312 guardas e 35 unidades operacionais na cidade, sendo 15 Inspetorias, 11 Unidades de Ordem Pública e nove Grupamentos Especiais.

As equipes atuam no patrulhamento a pé, com cães, em viaturas, carrinhos elétricos, bicicletas e motocicletas. Atualmente, é considerada a maior Guarda Municipal desarmada do país. A cidade com o segundo maior efetivo é São Paulo, com 7.039 agentes.

“Deixei 450 mil cariocas se transportando pelo sistema BRT com 350 ônibus. Quando voltamos, eram 120 ônibus carregando 100 mil pessoas.”

A declaração é #FATO. Veja por quê: Quando deixou a Prefeitura do Rio, no fim de 2016, o sistema BRT dispunha de cerca de 400 articulados circulando nos três corredores: Transcarioca, Transolímpica e Transoeste. Com o sucateamento do sistema nos anos seguintes, o número de veículos despencou: eram menos de 120 ônibus até o início de 2021, levando em média 150 mil passageiros por dia.

A partir da intervenção municipal, a Mobi-Rio passou a ser responsável pela operação do BRT e elevou o número de veículos e estações em operação. Atualmente, a nova frota é de 533 articulados rodando, com média diária de 467 mil passageiros em junho de 2024.

"O orçamento da educação é 40% maior do que era em 2020."

#NÃOÉBEMASSIM. Veja por quê: O orçamento previsto para a Secretária de Educação na Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2024 é de R$ 9.446.805.155. Em 2020, esse valor era de R$ 7.450.972.480. Apesar da cifra atual ser maior do que a de 4 anos atrás, o aumento de um ano ao outro não representa o percentual dito pelo prefeito, e sim cerca 26,8%.

Além disso, se comparado o percentual que o valor destinado para educação representa dentro do orçamento total, 2024 é menor do que 2020. Para este ano, a verba prevista para a pasta representa 20,65% de todo orçamento para a cidade. Esse percentual, em 2020, era de 22,7%.

"A gente reduziu o tempo do Sisreg pela metade, de 160 dias para 72 dias."

A declaração é #FATO. Veja por quê: O Sisreg é o sistema que estrutura e organiza a fila de agendamentos da Saúde. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, houve redução da fila em 40%, e o tempo médio de espera que se encontrava em 160 dias em 2020, alcançou 77 dias em maio de 2023.

Entre 2021 e 2022, houve um aumento de 1.176.098 procedimentos no Sisreg, o que representa um aumento de 35%. Em 2024, o tempo médio de espera por agendamentos se manteve estável em 75 dias.

"Eles escolheram um deputado federal eleito pelo povo do Rio de Janeiro (Chiquinho Brazão) e que não pesava até aquele momento suspeitas sobre o envolvimento dele diretamente no caso de Marielle. Quando isso começou a surgir, eu o exonerei."

A declaração #NÃO É BEM ASSIM. Veja por quê: O deputado federal Chiquinho Brazão (Republicanos) foi nomeado pelo prefeito Eduardo Paes no Diário Oficial de 3 de outubro de 2023 como secretário municipal de Ação Comunitária. Ele foi preso em 24 de março de 2024. Dois dias depois, Paes o exonerou.

No entanto, Chiquinho já era investigado pela Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro e, depois, pela Polícia Federal antes da nomeação dele para o cargo na prefeitura. As investigações corriam em sigilo e só vieram a público com a prisão dele.

O irmão dele, Domingos Brazão, já era investigado sobre a morte de Marielle em inquérito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) também antes da nomeação.

“Nós pegamos a prefeitura numa situação muito difícil, num momento muito difícil. Duas folhas de salário atrasado, R$10 bilhões de déficit.”

É #FAKE. Veja por quê: O então secretário municipal de Fazenda, Pedro Paulo, previa, em 2020, que o prefeito Eduardo Paes (DEM) herdaria, em seu novo mandato, um déficit de R$10 bilhões da administração Marcelo Crivella (Republicanos). Ele fez, no dia 2 de dezembro de 2020, uma explanação à imprensa sobre a situação fiscal do Rio, após uma análise preliminar.

Porém, em uma apresentação de seu plano de metas que ocorreu em julho de 2021 no Palácio da Cidade, Pedro Paulo afirmou que, em janeiro do mesmo ano, assumiu o caixa da prefeitura com R$11,9 milhões e um déficit de R$ 6 bilhões, e não de R$10 bilhões, como previsto.

Na época, procurada pelo g1, a Prefeitura do Rio, sob a gestão Crivella, através da Secretaria Municipal de Fazenda, informou que não reconhecia o déficit de R$10 bilhões nas finanças da cidade e esclareceu que todos os relatórios encaminhados à equipe de transição foram elaborados por técnicos da pasta e servidores de carreira e permaneceram à disposição dos representantes da transição.

Já em uma entrevista, em janeiro de 2021, o prefeito Eduardo Paes disse que não tinha dinheiro para pagar os servidores. A prefeitura se queixou de ter recebido da gestão Crivella duas folhas de pagamento a mais para pagar.

“A nossa realidade é que o governo Crivella deixou duas folhas de pagamento, o 13º e a folha de dezembro descobertos. Nós vamos fazer todo o esforço do mundo”.

Procurada pelo Fato ou Fake, a Prefeitura do Rio disse que o valor informado pelo prefeito se referia ao déficit estimado e não o valor final apurado.

"Eu fico feliz com a minha nota, 90% das promessas feitas, avaliadas criteriosamente pelo g1, ou foram totalmente cumpridas ou parcialmente cumpridas."

A declaração é #FATO. Veja por quê: Quando o prefeito fala das promessas cumpridas, ele faz a ressalva que se refere àquelas que foram realizadas de forma completa ou parcial. Segundo o monitor de promessas do g1, Paes cumpriu totalmente 23 das 47 que fez na campanha eleitoral de 2020 — isto é, 48,94% delas. Já as cumpridas em parte, 18 delas, somam 38,30%. Os dois percentuais juntos somam 87,24% de promessas cumpridas.

"A experiência que nós temos dos outros governos, lá do presidente Lula, da presidente Dilma, quando fizeram o Minha Casa, Minha Vida, eu, no outro governo, nós fizemos 100 mil unidades habitacionais."

A declaração é #FATO. Veja por quê: Nos dois primeiros mandatos de Eduardo Paes como prefeito do Rio de Janeiro, entre 2009 e 2016, o programa Minha Casa, Minha Vida entregou um total de 98.155 unidades habitacionais, sendo 34.598 subsidiadas e 63.557 financiadas.