Por Malu Gaspar

Formada pela USP, cobriu política nos principais veículos do... ver mais

Debêntures de Eike Batista podem ser vendidas por metade do preço

Única proposta conhecida até agora pelos papéis é de R$ 600 milhões e coloca condições difíceis de cumprir

Por Malu Gaspar


Defesa de Eike Batista questiona leilão de mansão em Angra dos Reis | Jorge Willian/ foto de arquivo

A 1a Vara Empresarial de Belo Horizonte abre no próximo dia 16 os envelopes com as quatro propostas recebidas pelas famigeradas debêntures de Eike Batista.

Mas o resultado da terceira tentativa de vender os papéis desde o ano passado deve ser decepcionante.

A única oferta que teve o valor divulgado até agora, porém, é de metade do valor mínimo pedido pela Justiça pelos papéis – mas, de acordo com pessoas envolvidas no processo de compra, esse deve ser o patamar das outras três propostas mantidas em sigilo.

Tudo indica que se tratem das propostas entregues por Deterra Royalties, Crédit Suisse e BTG Pactual.

No edital divulgado em julho, a Justiça informa que pretende arrecadar pelo menos R$ 1,2 bilhão de reais. Mas a oferta da canadense Vox, especializada na gestão de royalties, em associação a Orion, empresa sediada no paraíso fiscal americano de Delaware, só chega a R$ 600 milhões (ou US$ 120 milhões).

Além disso, o potencial comprador coloca algumas condições para fazer o pagamento que podem inviabilizar o negócio – como a exigência de que os papéis não estejam comprometidos com mais nenhuma ação judicial ou contingência que os faça ser requisitados em eventual processo ou execução judicial.

A Orion também afirma que, caso ganhe o leilão, só depositará o dinheiro após o prazo de 10 dias e se não houver nenhum recurso, liminar ou ação judicial contra a venda.

É o tipo de condição que pode inviabilizar o negócio, uma vez que as debêntures são alvo de disputa judicial por ex-sócios de Eike no fundo que gerenciava os papéis.

Os títulos, lastreados na produção de minério da Anglo American a partir de 2025, são o último ativo valioso de Eike. Estima-se que devam render entre US$ 20 milhões e US$ 50 milhões por ano a partir de 2025. Eles poderão ser usados para quitar não só as dívidas com os credores da falida MMX, vendida para a Anglo, como também a multa da delação de Eike Batista.

As dívidas com credores somam R$ 1,2 bilhão e a multa da delação, R$ 800 milhões. Caso sejam vendidos pelos R$ 600 milhões propostos pela Orion, portanto, os papéis não terão sido suficientes nem sequer para cobrir a multa.

Este é o terceiro leilão dos títulos de Eike. Os dois certames anteriores fracassaram. O último, que visava vender os títulos por US$ 350 milhões , em junho, fracassou, porque o único potencial comprador a fazer uma proposta não depositou o dinheiro na data prevista.

O interessado, Renato Cruz Costa, dono do RC Group, era alvo de pelo menos 18 processos no Brasil, acusado de estelionato e de dar calote em despesas variadas.

Pelas regras do leilão, a proposta do RC Group ancorava o processo de venda, o que significava que para adquirir os papéis o interessado precisava pagar o preço mínimo de US$ 350 milhões.

Contudo, nenhum dos outros grupos que avaliou o negócio aceitou pagar esse preço, e o leilão foi encerrado sem compradores.

A primeira tentativa também fracassou. A empresa que fez a melhor oferta pelos papéis – uma offshore chamada Argenta e sediada nas Ilhas Virgens Britânicas – não teve sua proposta homologada pela Justiça. O valor ofertado pela Argenta, R$ 612 mihões, é praticamente o mesmo oferecido agora pelo Orion.

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