A demissão da ministra do Turismo, Daniela Carneiro e sua a troca pelo deputado Celso Sabino (União-PA) podem não ser suficientes para acalmar os ânimos do União Brasil e aumentar o apoio dos deputados da legenda ao governo Lula.
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Apesar de o presidente da República já ter dado sinais de que vai demitir a ministra para atender os líderes do partido no Congresso – o senador Davi Alcolumbre, do Amapá, e o deputado Elmar Nascimento, da Bahia – já deixaram claro ao presidente que vai ser preciso mais do que isso para garantir ao governo mais do que os 30 deputados que já tem votado a favor de suas pautas na Câmara.
A bancada do União tem 59 deputados, e Nascimento estima que poderia conseguir chegar a uma base de 45 apoiando Lula constantemente.
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Nas conversas com o presidente e seus ministros palacianos, Nascimento e Alcolumbre reivindicam também "tratamento isonômico" ao União Brasil em relação a outros partidos que ocupam ministérios.
Além de Daniela Carneiro, o União também assumiu outras duas pautas no início do mandato de Lula: as Comunicações, com Juscelino Filho, e a Integração e Desenvolvimento Regional, com Waldez Góes. Os dois últimos foram indicados por Alcolumbre.
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O Turismo deveria ser da cota da Câmara, mas Daniela, que é deputada federal pelo Rio, pediu desfiliação para seguir o marido, o prefeito de Belford Roxo, Waguinho, que migrou para o Republicanos e se tornou presidente estadual da nova legenda.
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Na conversa com Nascimento e Alcolumbre, na semana passada, Lula, referindo-se a Daniela, prometeu fazer uma "arrumação" no governo e afirmou que só manteria os dois ministros se fossem avalizados pelo partido, o que eles fizeram.
Ainda assim, Nascimento e Alcolumbre reclamam que os ministros do União Brasil não controlam as autarquias e órgãos de sua própria estrutura, como a Embratur, que é parte do Turismo mas é administrada pelo deputado Marcelo Freixo (PT); os Correios, que são subordinados à Comunicação mas estão sob o comando do advogado Fabiano Silva dos Santos, ligado ao PT; no caso da Integração, o Banco do Nordeste é presidido por Paulo Câmara (ex-PSB, ligado a Lula) e o Departamento Nacional de Obras contra a Seca (Dnocs) é controlado pelo Avante.
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No relato que fez sobre a reunião com Lula a seus interlocutores na Câmara, Nascimento contou ter reclamado de discriminação. "Qual o ministro do MDB, do PSB ou do PSD que não comanda seus principais órgãos?", ele tem questionado.
Para o deputado, de nada adianta ter o Ministério do Turismo sem a Embratur, por exemplo. Não que a agência esteja com um orçamento muito fornido (R$ 80 milhões de reais neste ano), mas o do ministério é ainda menor (R$ 40 milhões).
Para se ter uma comparação, só o orçamento da Cultura em 2023 é de R$ 5,7 bilhões em 2023.
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Mas Nascimento tem usado a famigerada Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba, a Codevasf, alvo de investigações por irregularidades e desvios de recursos, para explicar como essa situação pode mudar.
Segundo essa a lógica, se Sabino assumir o ministério, os deputados do bloco passarão a destinar mais emendas e ajudar a fazer crescer o orçamento do ministério, o que não ocorre na gestão de Daniela Carneiro.
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Na contabilidade do líder, a estatal multiplicou seu orçamento desde que o Centrão passou a controlá-la, de cerca de R$ 300 milhões para R$ 3 bilhões hoje, à base de emendas parlamentares.
Para conseguir o que o União quer, porém, seria preciso desalojar Marcelo Freixo da Embratur e e ainda conseguir que o governo Lula atenda uma outra reivindicação do Congresso, talvez a mais importante: garantir que os deputados tenham acesso ao espólio do orçamento secreto que ficaram sob o controle dos ministérios depois que o Supremo acabou com essa forma de destinação de emendas.
Aí começa outra conversa bem mais difícil do que desalojar Daniela do Waguinho de seu posto, porque nesse ponto Lula ainda não tem demonstrado muita disposição de ceder.