O ex-funcionário da Petrobras Luís Fernando Nery, que foi demitido da estatal em 2019 após se tornar pivô de suspeitas de corrupção, mas reabilitado pela gestão de Jean Paul Prates, deixou em definitivo a Gerência Executiva de Comunicação da companhia no início de dezembro.
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Nery ocupava o cargo de forma interina há pouco mais de dois meses graças a uma manobra que driblou o compliance da empresa, conforme revelou o blog em novembro.
A assessoria da Petrobras confirmou que Nery deixou o comando da comunicação em 4 de dezembro e voltou para a assessoria especial do gabinete de Prates. A companhia não explicou por que ele deixou o cargo antes do tempo, já que, pelas regras da empresa, poderia ficar até abril.
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No comando das verbas de comunicação, Nery tinha a prerrogativa de direcionar as verbas de publicidade, decidindo a aplicação de R$ 150 milhões anualmente.
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Nery já tinha sido vetado pelo comitê de conformidade da Petrobras para o cargo por ter sido investigado por irregularidades cometidas no passado justamente em contratos do mesmo setor.
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Como publicamos em novembro, para contornar o impedimento, Prates o nomeou como “substituto eventual” – condição que é válida por até seis meses, em que o empregado não precisa passar pelo crivo do compliance.
Apesar de só ter assumido em outubro e ainda assim, de forma interina, funcionários do setor da comunicação relataram à equipe do blog que, na prática, Nery já vinha comandando a Gerência Executiva desde fevereiro.
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O setor, ainda de acordo com a companhia, é comandado desde dezembro por Rosane Aguiar, funcionária de carreira da estatal, de novo na condição de interina.
Nery, no entanto, continua despachando como assessor especial da Presidência da Petrobras – cargo para o qual foi nomeado em maio com um salário de R$ 63 mil e que não exige aval do compliance.
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Na sua primeira passagem pela gerência, ele permaneceu no cargo por menos de um ano. Sua queda, em 2016, ocorreu após o GLOBO revelar que a petroleira havia gastado mais de R$ 1 milhão, em valores da época, com ingressos em camarotes no carnaval da Bahia para políticos e auxiliares da então presidente Dilma Rousseff. A companhia também patrocinou o trio elétrico de um parente do chefe de gabinete do ex-presidente da companhia, Sérgio Gabrielli.
Ele acabou demitido em maio de 2019 em um acordo com a Petrobras, feito antes do final dos trabalhos de uma comissão interna de apuração.
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O histórico de suspeitas é o principal motivo pelo qual sua nomeação por Prates foi reprovada pelo comitê de conformidade da Petrobras. Conforme publicamos em novembro, o presidente da estatal fez circular na cúpula da empresa que Nery é uma indicação pessoal de Lula, motivo pelo qual vinha insistindo em seu nome.
Nery é ligado a Wilson Santarosa, que também ocupou a gerência de comunicação da Petrobras entre 2003 e 2015, perpassando os mandatos de Lula e Dilma Rousseff.
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O ex-funcionário também mantém conexões com a Frente Única dos Petroleiros (FUP), que, como já mostramos no blog, exerce forte influência na cúpula da Petrobras na gestão Prates.
Internamente, a avaliação de executivos era de que o CEO da companhia buscava ganhar tempo ao nomeá-lo como substituto eventual até ter condições de bancar a nomeação de Nery.
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Conforme publicamos em abril do ano passado, o relatório final das investigações concluiu em maio de 2020 que Nery foi responsável pelas irregularidades e deveria ter sido demitido por justa causa – o que já não era mais possível. A companhia sustenta que as investigações não trataram sobre o episódio do carnaval baiano.
Outro episódio que marcou a carreira de Nery na Petrobras foram as denúncias de que o então funcionário teria usado a Gerência Executiva de Comunicação para pressionar a Portela, tradicional escola de samba do Rio, a escolher sua então mulher, Patrícia Nery, para o posto de rainha de bateria. Na ocasião, a estatal patrocinava as agremiações cariocas, e Patrícia acabou desbancando a então rainha portelense, a atriz Sheron Menezzes.