Chuvas no Sul: Equipe de Pimenta com petistas derrotados incomoda aliados de Leite
Nomeado para ministério extraordinário para coordenar os trabalhos de reconstrução do estado, petista é visto como pré-candidato ao governo do RS em 2026
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O ministro da Secretaria Extraordinária para Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta, e o governador do RS, Eduardo Leite (PSDB)
O ministro da Secretaria Extraordinária para Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta, e o governador do RS, Eduardo Leite (PSDB)Fotos de Brenno Carvalho/O Globo e Gregóri Bertó/Secom
Oficialmente, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), sempre afirma que não há nenhum ruído com a gestão Lula no trabalho de combate à tragédia das chuvas no estado, e que os dois governos trabalharão em conjunto.
Nos bastidores, porém, há um incômodo entre aliados do governador com a composição do gabinete de Paulo Pimenta , no ministério recém-criado por Luiz Inácio Lula da Silva para coordenar os trabalhos de reconstrução do estado.
Além do fato de Pimenta pretender se candidatar ao governo do Rio Grande do Sul contra o grupo de Leite nas eleições de 2026, o que provocou críticas de uso político do ministério para beneficiá-lo nas eleições, novo ministro ainda colocou na equipe três outros políticos do PT derrotados em eleições passadas – que, na avaliação de integrantes do governo estadual, também teriam planos de voltar a disputar cargos eletivos.
No governo gaúcho, alguns interlocutores ironizam as escolhas chamando de "resgate" dos petistas. "Enquanto ficam falando do Leite e suas declarações, o PT vai passando a boiada", diz um desses aliados.
Pimenta, porém, nega qualquer tentativa de promover seus assessores e diz que nenhum deles é candidato a nada. "Estão enganados", afirmou o ministro à equipe da coluna.
Níveis dos rios voltam a subir no Rio Grande do Sul: mais de duas semanas após o começo das chuvas, estado continua a sofrer com inundações
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As enchentes inundaram as ruas do bairro de Ipanema, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. — Foto: ANSELMO CUNHA/AFP 2 de 10
A Rua Brasil, em Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul — Foto: Christiano Mariz
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Os níveis dos rios subiram novamente no domingo, enquanto fortes chuvas atingiram o sul do Brasil. Na foto, Eldorado do Sul. — Foto: Edilson Dantas / O Globo 4 de 10
Os níveis dos rios subiram novamente no domingo, enquanto fortes chuvas atingiram o sul do Brasil. Na foto, Eldorado do Sul. — Foto: Edilson Dantas / O Globo 5 de 10
Vista de aérea mostra a estrada inundada ERS-448 em Canoas, estado do Rio Grande do Sul — Foto: Nelson ALMEIDA / AFP 6 de 10
A Rua Brasil, em Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul — Foto: Christiano Mariz 7 de 10
A Rua Brasil, em Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul — Foto: Christiano Mariz 8 de 10
As enchentes inundaram as ruas do bairro de Ipanema, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. — Foto: ANSELMO CUNHA/AFP 9 de 10
Cidade de Canoas, no Rio Grande do Sul — Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo 10 de 10
Temporais no RS. O asfalto cede a abre um buraco na Rua Henrique Bertoluci, no bairro Piratini, desmorona após chuva em Gramado. — Foto: RBS TV/Reprodução
Nove de dez rios monitorados pela Defesa Civil do Rio Grande do Sul estão acima da cota de inundação, de acordo com os dados hidrológicos do Departamento de Gestão de Recursos Hídricos e Saneamento (DRHS)
O mais ilustre dos "resgatados" é o ex-presidente da Câmara dos Deputados Marco Maia, que vai cuidar da relação com as bancadas de deputados estaduais e federais, encaminhando pedidos de recursos e emendas para os municípios.
Maia, que presidiu a Câmara entre 2010 e 2013 e chegou a ser alvo de um inquérito na Lava-Jato, acusado de cobrar propina da Odebrecht para não incluir a empresa na CPI da Petrobras. O inquérito foi arquivado em 2021.
Ele não conseguiu se reeleger em 2018, ficou como suplente, e assumiu uma vaga na Câmara entre janeiro e fevereiro de 2023 durante o recesso do Legislativo justamente porque Pimenta, que também é deputado, assumiu a Secom de Lula.
Veja 20 fotos emblemáticas das chuvas no Rio Grande do Sul
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Vista geral das casas afetadas pela enchente do rio Jacuí em Eldorado do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil, em 3 de maio de 2024. — Foto: Anselmo Cunha/AFP 2 de 20
Capturada de um vídeo divulgado pela Marinha do Brasil, em 5 de maio de 2024, mostra resgate de uma criança, por helicóptero, no bairro Mathias Velho, em Canoas, Rio Grande do Sul. De cima a baixo, equipes de resgate vasculham edifícios em Porto Alegre em busca de habitantes presos em apartamentos ou em telhados. — Foto: MARINHA DO BRASIL / AFP
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Pessoas participam de operações de resgate em Porto Alegre após tempestades torrenciais no sul do estado do Rio Grande do Sul. — Foto: Carlos FABAL / AFP 4 de 20
Vista aérea do estádio Beira-Rio inundado do Internacional, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. — Foto: Renan Mattos/Agência RBS 5 de 20
Vista aérea do Centro Histórico da cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, inundado. Na foto, o Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS). — Foto: Secretaria de Cultura do Estado do Rio Grande do Sul (SEDAC) / AFP 6 de 20
Ação do Corpo de Bombeiros no bairro Mathias Velho em Canoas. — Foto: Gustavo Mansur/ Palácio Piratini 7 de 20
Captura de vídeo divulgada pela Defesa Civil de São Paulo mostra a ponte inundada do rio Taquari, que faz parte da rodovia BR-396 que liga as cidades de Lageado e Estrela, na região do Vale do Taquari, no Rio Grande do Sul. — Foto: Defesa Civil de São Paulo / AFP 8 de 20
Vista aérea de ruas inundadas durante operações de resgate no bairro de São João, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. — Foto: Florian PLAUCHEUR / AFP 9 de 20
Rua alagada no centro histórico de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. — Foto: Anselmo Cunha / AFP 10 de 20
Pessoas são retiradas de uma área inundada em um veículo militar após enchentes causadas por fortes chuvas em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. — Foto: NELSON ALMEIDA / AFP 11 de 20
Um homem bate com uma madeira em suspeito ladrão preso por supostamente roubar casas após inundações devido a fortes chuvas em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. — Foto: NELSON ALMEIDA / AFP 12 de 20
De cima a baixo, equipes de resgate vasculham prédios em Porto Alegre em busca de habitantes presos em apartamentos ou telhados. No centro da foto, homem se locomove na rua inundada com prancha de Stand Up. — Foto: NELSON ALMEIDA / AFP 13 de 20
Vista aérea mostra veículos semi-submersos em um estacionamento inundado em Porto Alegre após tempestades torrenciais no sul do Rio Grande do Sul — Foto: Carlos FABAL / AFP 14 de 20
Moradores se deslocam em barcos após inundações devido a fortes chuvas em Porto Alegre, Rio Grande do Sul — Foto: NELSON ALMEIDA / AFP 15 de 20
Esta foto divulgada pela Presidência brasileira mostra avião no aeroporto inundado de Porto Alegre. Imagem foi tirada em 5 de maio de 2024, durante um sobrevoo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre áreas afetadas por enchentes desencadeada por tempestades torrenciais no sul do Rio Grande do Sul. — Foto: Ricardo STUCKERT / Presidência Brasileira / AFP 16 de 20
Uma mulher é transportada para um centro médico após ser resgatada no bairro Sarandi, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. — Foto: Anselmo Cunha / AFP 17 de 20
Vista de uma rua alagada no centro histórico de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, em 5 de maio de 2024. — Foto: Anselmo Cunha / AFP 18 de 20
Esta foto divulgada pela Prefeitura de Canoas, município do Rio Grande do Sul, mostra equipes de resgate e voluntários ajudando vítimas de enchentes. — Foto: Alisson Moura / Prefeitura de Canoas / AFP 19 de 20
Centro Cultural Mário Quintana inundado em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. — Foto: Anselmo Cunha / AFP 20 de 20
Casas afetadas pela enchente do rio Jacuí em Eldorado do Sul, Rio Grande do Sul. — Foto: Anselmo Cunha / AFP
Os temporais, que começaram em 27 de abril, ganharam força no dia 29 e já afetaram mais de 873 mil pessoas em território gaúcho, de acordo com o último boletim da Defesa Civil.
Outro integrante do gabinete que já foi deputado e não se reelegeu foi Ronaldo Zulke, também petista, que vai cuidar das linhas de crédito do governo federal para o empresariado.
O chefe de gabinete de Pimenta é Emanuel Hassen de Jesus, ou Maneco Hassen, ex-prefeito de Taquari, uma das cidades mais afetadas pelos estragos das chuvas.
Hanssen já é chefe de gabinete de Pimenta na Secom e continuará na mesma função no novo ministério. Em 2022, ele se candidatou a deputado estadual, mas não ganhou e é suplente. Com as eleições municipais, pode assumir uma vaga na Assembleia Legislativa do estado.
Por enquanto, nenhum desses assessores de Pimenta se colocou como pré-candidato, e o ministro garante que não serão. Mas 2026 ainda está longe e a equipe de Leite avalia que isso pode mudar. Se isso acontecer, a reconstrução do Sul, pode acabar ajudando a reerguer também as carreiras políticas do grupo.