A presidente interina da Petrobras, Clarice Coppetti, começou na quinta-feira a desligar os assessores especiais e gerentes-executivos da órbita pessoal do ex-CEO Jean Paul Prates, que deixou a empresa na última terça após ter sido demitido por Luiz Inácio Lula da Silva.
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Até agora foram pelo menos 20 assessores e executivos com status de diretor e gerente, todos pessoalmente ligados a Prates. Na quarta-feira, quando o conselho oficializou a saída do CEO e Coppetti foi confirmada como interina, já tinham sido destituídos dos cargos o diretor financeiro, Sergio Caetano Leite, e o gerente-executivo de Relações Institucionais, João Paulo Madruga.
A velocidade com que as demissões estão sendo feitas vem sendo chamada de “caça às bruxas” por aliados de Prates. Na nova cúpula, o grupo é chamado de "beneditinos", uma vez que alguns são amigos do ex-CEO desde que estudaram no Colégio São Bento, no Rio.
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Já a nova direção da petroleira trata as demissões como naturais e necessárias. Em resposta a um questionamento da equipe da coluna, a assessoria de imprensa da Petrobras afirmou que se trata de um "procedimento padrão". A companhia disse ainda que eram 20 os assessores ligados a Prates, embora aliados do ex-CEO contabilizem 40 assessores ao todo na presidência.
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Parte desse pessoal, cerca de 10 funcionários, foi indicada por políticos do PT e também pela Federação Única dos Petroleiros, a FUP. A tendência é que não sejam demitidos, uma vez que deram apoio nos bastidores à indicação de Magda Chambriard, que vai assumir o comando da Petrobras no lugar de Prates.
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Assessora do Canadá
Entre os desligados do núcleo duro do ex-CEO da Petrobras estão o advogado-geral, Marcelo Mello, o diretor de Transformação Digital e Inovação, Carlos Augusto Barreto, além de uma assessora especial que vivia no Canadá, Annete Hester – consultora que de acordo com a Petrobras assessorava a presidência no desenvolvimento de um “projeto de visualização de dados". Os salários desses executivos chegavam a R$ 80 mil mais bônus.
O fato de Hester morar no exterior e não ser conhecida na cúpula provocou surpresa entre os novos comandantes da empresa.
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A executiva foi contratada no início do ano e, segundo executivos da equipe de Prates, acompanhava o CEO em viagens pelo exterior e, além de processar dados do setor, produzir análises geopolíticas e ajudar a marcar reuniões com equipes e contatos de multinacionais em grandes eventos. Informações disponíveis na internet mostram que Annete também chegou a comparecer a seminários e conferências falando em nome de Prates.
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A nova presidente da Petrobras, Magda Chambriard, só deve assumir o cargo em cerca de duas semanas, mas ela já indicou a integrantes do governo quais membros da equipe pretende trocar.
A nova CEO da Petrobras disse a integrantes do primeiro escalão de Lula que vai demitir pelo menos mais dois executivos além dos que já deixaram a companhia, que em Brasília são considerados próximos demais de Prates para permanecer: o diretor de Engenharia, Tecnologia e Inovação, Carlos Travassos, que responde pelas obras de refinarias e estaleiros, e o diretor de Governança e Conformidade, Mario Spinelli.
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Nesse último caso, porém, a intenção de Magda é mais difícil de se concretizar. O cargo de Spinelli tem mandato de dois anos e termina em abril de 2025. Sua função é protegida por algumas garantias justamente porque, para cumpri-la, por vezes o diretor de Governança precisa entrar em embates com outras áreas da companhia.
Pelas regras da Petrobras, ele só pode ser destituído pelo Conselho de Administração e assim mesmo só se tiver o voto favorável de pelo menos três dos quatro representantes dos minoritários (dos 11 conselheiros, outros cinco são indicados pelo governo e um por funcionários).
Por ora, contudo, nada indica que os minoritários darão votos suficientes para tirar Spinelli da função. Complica a situação ainda o fato de que, embora ele tenha sido escolhido por headhunters, Spinelli é muito próximo do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de quem foi secretário na prefeitura de São Paulo.
Atualização em 23/05 as 13h04 -- A consultora Annette Hester enviou o seguinte esclarecimento:
"Apesar de morar no Canadá há muitos anos, sou carioca e atuo no setor energético nacional desde a abertura do setor nos anos 90. Como sócia da Expetro, assessorei a ANP nas consultas e contatos com o governo de Alberta, Canadá. Desde então, participei de vários projetos envolvendo a Petrobras e o governo brasileiro, além de trabalhar nos governos de Alberta e Canadá, no Banco Interamericano de Desenvolvimento e assessorar o Conselhão do primeiro mandato do Presidente Lula em questões de energia e meio ambiente.
Na Petrobras, apesar do trabalho híbrido, estive no Brasil diversas vezes e cumpri uma jornada de trabalho integral remota, começando frequentemente às 5:00. Meu foco principal foi desenvolver um projeto de dados que sonhava há décadas: estruturar informações acessíveis sobre energia, agricultura, outros setores e emissões em um sistema visual dinâmico, para que todos possam explorar essas informações, aprender e formar opiniões baseadas em fatos."