Enquanto parlamentares da oposição se mobilizam para apresentar um novo pedido de impeachment contra Alexandre de Moraes e acionam o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para investigar a conduta de auxiliares do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) tem mantido um silêncio sepulcral a respeito das mensagens que vêm sendo reveladas nos últimos dias pela Folha de S. Paulo.
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Essa tem sido a postura de Moro sobre as reportagens do jornal que mostram que juízes assistentes de Moraes pediam, de forma não oficial, a produção de relatórios de investigação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para embasar decisões no chamado inquérito das fake news contra aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Desde que o caso veio à tona, Moro, que costuma ser ativo nas redes sociais, fez postagens sobre combate à corrupção e a aprovação de projeto que dificulta a saída de presos após audiências de custódia.
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Nesta quarta-feira (14), escreveu uma mensagem se dizendo favorável à “soltura imediata e à revisão pelo STF ou pelo Congresso das condenações e penas excessivas contra os manifestantes do 8/1”, “ao fim da censura e da perseguição contra os adversários do Governo Lula” e “ao restabelecimento pleno das liberdades democráticas e realinhamento internacional do Brasil com as democracias ocidentais”.
Sobre o caso em si, nenhuma palavra.
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A inércia de Moro tem provocado estranhamento nos bastidores do Senado e entre antigos aliados da operação Lava-Jato.
Até recentemente, o ex-juiz da Lava Jato costumava ser crítico ao STF, especialmente às decisões que anularam suas sentenças contra Lula e diversos outros réus da operação.
Sergio Moro e a troca de mensagens com Deltan Dallagnol
“O STF deu grande apoio à Lava Jato, mas infelizmente nos últimos anos tem proferido decisões que são lamentáveis, infelizes. Quando o STF pegou os casos de corrupção e começou a mandar para Justiça Eleitoral, a gente sabia que não ia dar em nada. A Justiça Eleitoral não está preparada para julgar casos de corrupção", disse ele, em 2022.
Para alguns de seus aliados, porém, Moro tem pisado em ovos por causa da semelhança entre o caso de Moraes e o da Vaza-Jato, que divulgou diálogos no Telegram obtidos após a invasão de celulares de Moro e de integrantes da força-tarefa de Curitiba, como o ex-procurador Deltan Dallagnol.
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Na época, Moro se defendeu, argumentando que foram criadas “hipóteses fantasiosas” a partir da análise das mensagens.
“Nós temos uma praxe jurídica um pouco mais informal do que existem em outros países. Então a troca de diálogo entre pessoas envolvidas no processo não é algo que, por si só, é criminoso”, alegou na ocasião.
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Em maio passado, Moro foi absolvido no TSE das acusações de caixa 2, abuso de poder econômico e uso indevido dos meios de comunicação. Moraes, que presidia o tribunal, votou pela absolvição e garantiu o placar unânime. Se tivesse sido condenado, o ex-juiz da Lava Jato teria sido cassado e novas eleições convocadas no Paraná.
Por isso, para alguns integrantes do Senado, o silêncio de Moro estaria relacionado a uma “dívida de gratidão” com o TSE, em particular com o próprio Moraes.
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Procurado pela equipe da coluna, Moro não se manifestou sobre a “Vaza-Jato de Moraes” e nem esclareceu se vai endossar o pedido de impeachment do ministro que está sendo preparado pela oposição.
Segundo sua assessoria, a mensagem da quarta-feira sobre o 8 de janeiro já seria uma resposta à reportagem da Folha.
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As mensagens da Vaza-Jato foram captadas ilegalmente pelo hacker Walter Delgatti e divulgadas pelo site Intercept Brasil. Já no caso de Moraes, a Folha afirma que as mensagens e documentos revelados foram obtidos sem acesso hacker ou interceptação legal, por meio de fontes com acesso legal às informações.
Tanto no caso Vaza-Jato quanto no de Moraes, as reportagens foram assinadas pelo jornalista norte-americano Glenn Greenwald.
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“Imagina o Moro defender o trabalho do seu algoz?”, acrescenta um integrante do Senado com bom trânsito na oposição bolsonarista.