Nos seis primeiros meses deste ano, o Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio (MPRJ) denunciou à Justiça 58 policiais civis e militares, entre ativos e inativos. Entre os casos investigados, destacam-se as operações Murder Inc. e Pretorianos, em março. A primeira, em conjunto com a Polícia Federal e a Procuradoria Geral da República, levou à prisão os três autores intelectuais do homicídio da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista, incluindo o ex-chefe de Polícia Civil, o delegado Rivaldo Barbosa. Já na operação Pretorianos, 18 policiais militares da ativa e um policial penal, que integravam o grupo do bicheiro Rogério de Andrade, foram presos.
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O Gaeco requereu ainda o bloqueio de R$ 303 milhões das contas dos investigados por integrarem organizações criminosas, tráfico de drogas, milícia armada, contravenção, pirâmide financeira e outros crimes.
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Ao todo, o Gaeco ofereceu 44 ações penais à Justiça contra 325 pessoas neste primeiro semestre, em 42 operações. Entre os denunciados, 92 são servidores e ex-servidores públicos; 29 policiais militares da ativa; 11 ex-policiais ou aposentados; 12 policiais civis; dois ex-policiais civis ou aposentados; um policial penal; e três delegados de polícia. Também foram denunciados três ex-prefeitos, cinco ex-secretários municipais e mais 26 outros prestadores de serviços públicos.
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Segundo o promotor Fabio Corrêa, coordenador do Gaeco, os números revelam três aspectos da atuação do grupo especializado do MPRJ: o combate às atividades das organizações criminosas; as investigações financeiras e patrimoniais; e as investigações em parceria com as corregedorias para o enfrentamento à corrupção praticada por agentes públicos.
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Para o coordenador do Gaeco, não há diferença entre organizações criminosos e milícias:
— Essas facções e milícias já não têm mais uma dicotomia tão marcante. Elas aprenderam, umas com as outras, a realizar as mesmas práticas. E hoje, efetivamente, o que vale para cada um desses grupos é o território e toda a forma de exploração que eles possam exercer sob domínio em relação às pessoas que orbitam aquelas localidades — disse o promotor.
Entenda cada operação do Gaeco:
Pretorianos
Deflagrada em março, a ação teve como objetivo o cumprimento de 20 mandados de prisão e 50 de busca e apreensão. Entre eles, havia 18 policiais militares da ativa e um policial penal, que integravam o grupo liderado pelo bicheiro Rogério de Andrade. Nesta operação, o Gaeco denunciou 31 pessoas pelo crime de organização criminosa à Justiça.
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Jammer
Foram cumpridos três mandados de prisão e sete de busca e apreensão contra o esquema criminoso chefiado por Ronnie Lessa, assassino confesso da vereadora Marielle Franco (PSOL), e Maxwell Simões Corrêa, conhecido como Suel, ambos denunciados na primeira fase da operação. O objetivo da ação foi combater a organização criminosa voltada à exploração clandestina de atividades de telecomunicação, televisão e internet, ou seja, o gatonet. Seis pessoas foram denunciadas na segunda fase da operação Jammer, que ocorreu também em março.
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Murder Inc.
A Força-Tarefa Marielle e Anderson do Gaeco, a Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República desencadearam, em março, a operação Murder Inc., que levou à prisão dos acusados de serem os mandantes do assassinato da parlamentar e de seu motorista, além da tentativa de homicídio contra a assessora Fernanda Chaves. Três meses depois, o Gaeco obteve a condenação do ex-policial militar Rodrigo Ferreira, conhecido como Ferreirinha, e da advogada Camila Nogueira por obstrução das investigações. Eles foram condenados a quatro anos e seis meses de prisão em regime fechado. Os promotores recorreram da sentença para aumentar a pena deles.
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Ás de Ouros
A lavagem de dinheiro também foi alvo de investigação do Gaeco na operação Ás de Ouros III. A ação foi deflagrada em março para o cumprimento de oito mandados de busca e apreensão. Nesta operação, 13 pessoas foram denunciadas à Justiça pelos crimes de lavagem de dinheiro e organização criminosa.
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Naufrágio
Em abril, houve o cumprimento de 12 mandados de prisão e oito de busca e apreensão contra integrantes de uma milícia suspeita de atuar na Comunidade Bateau Mouche, na Praça Seca, em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio. O Gaeco denunciou à Justiça 16 pessoas por associação criminosa, extorsão a comerciantes, empreendedores, vendedores ambulantes e mototaxistas, bem como por corrupção ativa. Entre os denunciados, estavam um policial civil e dois PMs.
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Bancarrota
Para combater a exploração do jogo do bicho e de máquinas de caça-níqueis, foram cumpridos mandados de busca e apreensão em 14 endereços ligados ao contraventor José Caruzzo Escafura, o Piruinha, em abril.
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Escritório do Crime
Em maio, o Gaeco conseguiu a condenação dos irmãos Leandro Gouvêa da Silva e Leonardo Gouvêa da Silva, conhecidos como 'Tonhão' e 'Mad', integrantes da organização criminosa conhecida como Escritório do Crime, no IV Tribunal do Júri da Capital. Eles foram condenados a 26 anos e oito meses de reclusão, em regime fechado. Os dois foram denunciados em maio de 2020 pelo crime de homicídio qualificado de Marcelo Diotti.
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Força-Tarefa contra a ocupação irregular
No combate às construções ilegais e ocupações irregulares na cidade, a Força-Tarefa de Enfrentamento à Ocupação Irregular do Solo Urbano (Gaeco/FT-OIS) atuou junto com a Secretaria Municipal de Ordem Pública (SEOP) em operações de demolição de imóveis construídos irregularmente em áreas dominadas pelo tráfico e pela milícia. Em maio, o MPRJ e o município de Maricá firmaram um acordo de cooperação técnica semelhante ao que foi feito com a capital, com o mesmo objetivo. Além de evitar os danos decorrentes dessas invasões, a finalidade é inibir a ação de organizações criminosas que se valem dessas construções para se fortalecer e estabelecer domínio sobre o território e as comunidades.
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Ruptura
Em junho, o Gaeco cumpriu 19 mandados de busca e apreensão decorrentes de investigação de crimes de constituição de milícia privada e lavagem de capitais cometidos por integrantes da organização criminosa conhecida como "Bonde do Varão", atuante em Nova Iguaçu.