Coletivo coordena 150 instituições para localizar e recuperar até 2 milhões de hectares de áreas degradadas no Cerrado

Além dos benefícios ambientais, mobilização em prol do replantio poderá gerar, segundo estimativa da Articulação pela Restauração do Cerrado (Araticum), de 300 mil a um milhão de empregos até 2030

Por — Rio de Janeiro


Plantio de sementes depois de queimada no Cerrado Cristiano Mariz

Em reação ao avanço do desmatamento no Cerrado, intensifica-se também a mobilização para recuperar áreas degradadas do bioma no Centro-Oeste do Brasil. Uma das iniciativas mais ambiciosas nesse sentido parte da Articulação pela Restauração do Cerrado (Araticum). Fundada em 2020, a organização está coordenando esforços para recuperar diferentes terrenos com o objetivo de restaurar até dois milhões de hectares de vegetação local.

A atividade tem a participação de 150 instituições, entre governos, organizações da sociedade civil e do setor privado. Além dos benefícios ambientais, a mobilização em prol do replantio poderá gerar, segundo estimativa da Araticum, de 300 mil a um milhão de empregos até 2030.

O trabalho conta com a inclusão ativa de comunidades locais e grupos tradicionais, por meio de técnicas que possibilitem geração de renda, como a coleta de sementes. A articulação organiza-se em uma coordenação, formada por oito membros de organizações como Agroícone,ICMBio e WWF-Brasil, e em quatro grupos de trabalho. São eles: Inteligência Territorial, Oportunidades e Políticas Públicas, Conhecimento e Fortalecimento.

Segundo Cézar Borges, analista de conservação do WWF-Brasil e coordenador do grupo de trabalho de Inteligência Territorial da Araticum, o trabalho de restauração também auxilia o combate ao desmatamento.

— A taxa de riqueza natural que o Cerrado possui é muito alta e o bioma tem uma grande importância hídrica para o país, por abastecer grandes cidades do Centro-Oeste e Norte. A sua restauração é, portanto, importante para o meio ambiente e para a geração de trabalho para as comunidades locais — diz o pesquisador.

O levantamento de áreas degradadas que podem ser recuperadas no Cerrado está sendo realizado pelo Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (Lapig) da Universidade Federal de Goiás. Sabe-se que há um passivo ambiental de quatro milhões de hectares, espalhados em reservas legais e áreas de proteção permanente.

As informações são, então, compiladas e integradas ao Observatório da Restauração e Reflorestamento (ORR), uma plataforma nacional da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura. A plataforma tem o objetivo de agregar os dados referentes a projetos de reflorestamento no país.

— Com essas informações, podemos direcionar recursos e esforços para fortalecer ações ou incrementar áreas que precisam de atenção — explica Tainah Godoy, secretária executiva do ORR.

Godoy avalia que a restauração florestal é fundamental para que o Brasil possa cumprir metas climáticas nacionais e internacionais. A especialista aponta que iniciativas de retomada da flora devem ser desenvolvidas não apenas na Amazônia, onde a maioria dos esforços governamentais estão concentrados, se expandindo para todos os biomas do país.

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