'200+20': nos dois séculos de independência do Brasil, série mira no futuro

Até 7 de Setembro, reportagens e entrevistas especiais expandirão os limites da efeméride histórica

Por Eduardo Graça — São Paulo


200+20 — Foto: Arte O Globo

No ano em que a Independência do Brasil completa dois séculos, O GLOBO publica, a partir de hoje e até 7 de Setembro, uma série de reportagens e entrevistas especiais, em diversas editorias do jornal, dentro do selo “200+20”. O objetivo principal do projeto é o de expandir os limites da efeméride histórica. Ou, como traduz a acadêmica Lilia Moritz Schwarcz, em entrevista exclusiva na próxima página, de se “ir além do (Grito do) Ipiranga”.

Educação: no ritmo da última década, meta do PNE para ensino superior será atingida em 2040, diz estudo

Nas páginas do jornal e na edição digital, o leitor encontrará a natural — e devida — celebração do que nós, brasileiros, construímos nos últimos duzentos anos, nas mais variadas áreas, da conquista da democracia (cujo capítulo maior este ano será a eleição de 2 de outubro) ao direito universal à Saúde e à Educação, das grandes contribuições culturais e artísticas de brasileiros e brasileiras aos avanços da ciência e feitos esportivos.

E o projeto “200+20” também quer debater de que maneira, em um período de uma geração, ou duas décadas,é possível usar a experiência do passado como guia e alerta para enfrentar problemas urgentes de nossa realidade a fim de se aproximar mais da proclamação de um Brasil de fato emancipado.

DOIS OLHARES

Um dos desafios centrais a se superar para tanto é o racismo, abordado pela historiadora Heloísa Starling, autora, com Schwarcz, de “Brasil: uma biografia”, em reportagem do GLOBO que será publicada amanhã sobre os grupos alijados do projeto original de 1822. Entre eles, negros, mulheres, indígenas e as pessoas LGBTQIA+, que seguem construindo, paulatinamente, seus próprios “gritos de Independência”.

— A nossa Independência foi declarada em uma sociedade cuja matriz central era a escravidão. Uma ação fundamental que o bicentenário nos impõe é a de se encarar de uma vez por todas esta que é a raiz fundamental da sociedade brasileira desigual, racista e violenta dos dias de hoje — afirma Starling.

Ianomâmi: Polícia Federal diz que denúncia de estupro em terra indígena teria sido um 'mal-entendido'

Para escarafunchar aspectos específicos das histórias de Portugal e Brasil e investigar possibilidades de relações futuras com nosso antigo colonizador, o projeto “200+20” conta ainda com uma parceria inédita com o jornal Público, de Portugal, e sua equipe de jornalistas.

As duas Redações produzirão conteúdo exclusivo e em conjunto sobre o bicentenário da Independência e suas consequências nos dois lados do Atlântico.

— A parceria com um jornal prestigiado como o Público já seria motivo de grande alegria para nós. Mas, ao produzirmos conteúdos em conjunto, daremos aos nossos leitores uma visão mais ampla e profunda sobre os 200 anos da Independência, sobre a relação entre Brasil e Portugal e, principalmente, sobre como caminharemos para o futuro — afirma Alan Gripp, diretor de Redação do GLOBO.

FATOR DE UNIÃO

A conversa com Lilia Schwarcz foi conduzida a quatro mãos, por jornalistas dos dois diários, e é apresentada concomitantemente neste fim de semana aos leitores do GLOBO e do Público.

— A Independência do Brasil é data crucial da história de nossos países, e é por isso que faz todo sentido partilhar sua celebração. A ideia de produzir textos para os nossos leitores não é apenas um plano para se cruzarem visões sobre nossa memória comum; é também uma forma de nos aproximarmos através desse poderoso fator de união que é a língua — diz Manuel Carvalho, diretor do Público.

Mais recente Próxima