'Veneno de sapo': Polícia de Goiás faz apreensão de droga alucinógena usada em rituais xamânicos

No total, 12 gramas foram apreendida; número é suficiente para 500 usuários, que pagariam R$ 300 pela experiência

Por Paulo Assad — Rio de Janeiro


Conhecido como Sapo do Rio Colorado, anfíbio libera substância alucinógena quando ameaçado Reprodução

A Polícia Civil de Goiás apreendeu na última semana 12 gramas de uma substância alucinógena rara no Brasil: o veneno do sapo Bufo alvarius, tradicionalmente usado em rituais indígenas no México. Descrito como um dos alucinógenos mais potentes do mundo, a substância excretada pelo animal contém 5-MeO-DMT, uma droga proibida no país.

De acordo com o delegado Francisco Costa, a investigação começou através de uma denúncia anônima. As autoridades foram avisadas de que uma cerimônia fazendo uso da substância estava marcada para ocorrer em Vila Itatiaia, um bairro de Goiânia.

Ao chegarem no local no dia 18 de março, quando o ritual estava marcado para acontecer, os policiais encontraram 0,5 gramas da droga com o líder espiritual, que não teve sua identididade revelada.

— Depois, fizemos um mandado de busca na casa dele, em Pirenópolis, e encontramos 5,5 gramas enterrados no quintal — aponta o delegado.

Droga e material para seu consumo foram apreendidos pela Polícia Civil de Goiás — Foto: Divulgação

As investigações apontaram que a substância chegou a Goiás através do correio, tendo sido enviada do Rio de Janeiro. Assim, mais 5,5 gramas da droga acabaram apreendidos na cidade do Rio pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes do Rio de . Segundo a Polícia Civil de Goiás, os investigados afirmaram desconhecer que a substância era proibida no Brasil:

— A susbtância apreendida foi pouca, apenas 12 gramas. Mas essa quantidade daria para ser utilizada por mais de 500 pessoas. De cada uma delas, eles cobrariam R$ 300 — diz o delegado, que afirma ainda ter se tratado da primeira apreensão da droga em ambos os estados.

Ainda de acordo com o Francisco Costa, essa seria a primeira vez que o líder espiritual goiano trouxe a droga para dentro do país. A substância teria vindo na mala de um amigo dele que voltava de viagem do México, onde o consumo da Bufo alvarius é tradicionalmente praticado em rituais indígenas.

Segundo o Instituto Butantan, a substância excretrada pelo sapo Bufo alvarius, também chamado de Incilius alvariu ou Sapo do Rio Colorado, é liberada quando o animal se sente ameaçado. Quando secado, o veneno se cristaliza e pode ser fumado ou injetado, liberando as substâncias piscoativas no organismo do usuário. Alucinações, problemas respiratórios e cardiovasculares, convulsões e paranoia estão entre as possíveis consequências do uso da droga.

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