Retrospectiva 2023: onde ‘ferveu’ no Brasil durante o ano mais quente da história

Araçuaí, cidade no coração do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, registrou 44,8º C

Por O Globo — Rio de Janeiro


Onda de calor: termômetro de rua em São Paulo marca 40 graus Roberto Casimiro / Fotoarena / Agência O GLOBO

O Brasil viveu — e suou — nove ondas de calor ao longo de 2023. No dia mais quente já registrado no país, Araçuaí, uma cidade no coração do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, registrou 44,8º C no dia 19 de novembro. E nem o inverno deu trégua: foram mais de 70 dias de calor intenso durante a estação, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

Novembro registrou os incidentes mais marcantes do ano em relação ao calor, apesar de não ter sido o mês com o maior desvio em relação à média histórica — esse título ficou com setembro, que variou 1,6º C com sua média de 25,8º C, pouco mais que a variação de 1,5º C do décimo primeiro mês do ano, que teve média de 26,8º C.

Onda de calor pelo Brasil em 2023

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Não à toa, foi no dia 15 do penúltimo mês do ano que uma mãe, em atitude de desespero, quebrou o vidro de um ônibus no Rio de Janeiro após seu filho passar mal de tanto calor, já que o coletivo não tinha ar-condicionado e não era possível abrir a janela. A sensação térmica chegou a 55,6º na cidade. Em São Paulo, um menino foi esquecido por responsáveis de uma van escolar e morreu após passar horas dentro do veículo sob forte calor, que superou os 37º na capital paulista.

Ardendo por dentro

No mês com o maior desvio, um morador de Aragoiânia, em Goiânia, viralizou ao compartilhar um vídeo em que frita um ovo em uma frigideira colocada no asfalto, no setor Jardim Imperial da cidade. O estado foi um dos que mais sofreram com o calor e as temperaturas ficaram 5º C acima da média.

O calorão foi causado, em grande parte, pelo reflexo do fenômeno El Ninõ. Esse “menino” causa aquecimento acima da média das águas do Oceano Pacífico Equatorial e tende a aumentar a temperatura em várias regiões do mundo. E o pior ainda está por vir, pois cientistas acreditam que haverá agravamento dos extremos climáticos no país em dezembro, com o pico do Niño.

Inverno também foi um dos mais quentes desde 1961

Houve quem chamou o inverno brasileiro de “inferno” após a estação protagonizar mais de 70 dias de calor intenso, sobretudo em parte do Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Entre agosto e setembro, a temperatura também se manteve elevada em algumas áreas do Sudeste, como no noroeste de São Paulo, de acordo com o Inmet.

Os maiores valores foram registrados em Cuiabá (MT), que marcou máxima de 41,8ºC no dia 23 de agosto; Balsas (MA) e Bom Jesus do Piauí (PI), onde os termômetros foram até 41,5ºC no dia 15 de setembro.

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