Monomotor de até R$ 10 mi: Conheça modelo do avião que caiu e deixou sete mortos em Minas Gerais

Vendida entre R$ 3,5 milhões a R$ 10 milhões, aeronave é de mesmo fabricante do acidente que matou atacante argentino Emiliano Sala, em 2019

Por — Rio de Janeiro


Modelo do Piper Aircraft Pa-46-350P Reprodução

Um avião caiu em Itapeva (MG), neste domingo, deixando sete mortos. O modelo PA-46-350P, conhecido como Piper Malibu, é fabricado desde a década de 1980 pela empresa Piper Aircraft, localizada na Florida, nos Estados Unidos, realizando seu primeiro voo em 1979. Produzido em larga escala no país, o monomotor tem capacidade para transportar um piloto e cinco passageiros.

Vendido entre R$ 3,5 milhões a R$ 10 milhões, os aviões Piper PA-46 são da Classe M, de aviões leves. Com a velocidade de cruzeiro de aproximadamente 350 km/h, o objetivo da empresa era inaugurar uma nova categoria de aeronaves leves de operação relativamente simples e barata, porém com alguns diferenciais de conforto, como porta lateral de acesso com escada embutida e corredor central na cabine de passageiros.

Atualmente, o Piper Malibu é fabricado em três versões, a "Mirage M350" — a mesma do acidente em MG — e a "Meridian M500", pressurizadas, e a "Matrix", sem pressurização. No final dos anos 80, a Piper Aircraft começou a desenvolver o PA-14-350P com motor mais potente que as versões anteriores da e asa nova. Ao longo dos anos, várias mudanças foram feitas no modelo, que hoje em dia é comprado numa faixa de preço que vai de R$3.5 milhões a R$10 milhões.

Segundo a Anac, o avião que caiu neste domingo em Minas tinha situação regular. Por outro lado, não havia autorização para funcionar como táxi-aéreo, mas as circunstâncias do voo ainda não foram esclarecidas. A Polícia CIvil de Minas Gerais, em conjunto com o o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).

Destroços do avião que caiu neste domingo na zona rural de Itapeva (MG) — Foto: X/reprodução

Acidente de Emiliano Sala

Em 2019, um outro avião da mesma linha, o PA-46-310P, caiu no Canal da Mancha enquanto transportava o famoso atacante argentino Emiliano Sala da França para o País de Gales. O modelo 350P a sucessão do 310P, que começou a ser vendido em 1982 e foi projetado para ter alcance máximo de 2.870 quilômetros. Ele quebrou vários recordes mundiais de velocidade: 417 km/h em 1987, num trajeto de Seattle a Nova York; 637 km/h, em 1989, num voo de Detroit a Washington; e 707 km/h, em 1989, de Chicago a Toronto.

Em 2019, Sala viajaria para o País de Gales para finalizar sua transferência do Nantes para o Cardiff City por cerca de 20 milhões de euros. O acidente matou também o piloto David Ibbotson, 59, cujo corpo nunca foi encontrado. Em 2022, o inquérito policial concluiu que Sala e o piloto ficaram inconscientes ao serem expostos a altos níveis de monóxido de carbono. Um defeito no sistema de exaustão da aeronave, que realizava um voo comercial não licenciado, teria provocado a intoxicação.

O empresário David Henderson, que organizou o voo, foi condenado a 18 meses de prisão por colocar em risco a segurança dos passageiros e usar serviços do piloto mesmo ciente de que ele não tinha as licenças necessárias.

A morte de Sala, que namorava a jogadora de vôlei brasileira Luiza Ungerer, gerou uma comoção no meio do futebol. Ele estava no seu auge, aos 28 anos, e depois de 236 partidas e 98 gols marcados na carreira iria estrear na Premier League, a liga inglesa.

'Tragédia, tragédia'

A aeronave saiu de Campinas, no interior de São Paulo em destino a Belo Horizonte, capital mineira. Vdeos que circularam nas redes sociais mostram pessoas desesperadas ao passar pelo local da tragédia

'Tragédia', descreve testemunha sobre queda de avião monomotor que matou 5 pessoas

— Tragédia, tragédia, avião acaba de cair aqui — diz uma testemunha em uma das gravações — Jesus amado. Tem corpo lá, criança, o que sobrou de um avião. Só tem pedaços, nada inteiro — lamenta.

Ainda segundo os bombeiros, a aeronave se desintegrou no ar antes de cair e, entre os desaparecidos, está uma criança. Nesta manhã, houve uma forte chuva na região, o que pode ter ocasionado a queda. O caso será investigado pela Polícia Civil.

Entre as vítimas da queda do avião estão os empresários são André Amaral e Marcílio Franco, ambos sócios da operadora de crédito consignado Credfranco. Marcílio era ainda presidente da Associação Nacional de Empresas Correspondentes Bancárias (Anec). Eles estavam com Raquel Souza Neves Silveira, mulher de Marcílio, Antônio Neves Silveira, filho do empresário com Raquel, e Fernanda Luísa Costa Amaral, mulher de André. O piloto e copiloto foram identificados como Geberson Henrique Tadeu Chagas Pereira e Gabriel de Almeida Quintão Araújo.

Uso particular

O Cenipa informou que o avião estava com a documentação em dia e não possuía registros de incidentes prévios.

Ao g1, a médica legista da Polícia Civil mineira Tatiana Teles detalhou o resgate dos corpos das vítimas, encontrados embaixo do avião, e informou que foi preciso virar o monomotor:

— A aeronave se partiu em três fragmentos maiores. Dentro do núcleo da aeronave, estavam os sete corpos. Só que a aeronave caiu de cabeça para baixo. Nós fizemos a retirada de quatro corpos. Depois, o Corpo de Bombeiros nos auxiliou e a aeronave foi virada com a autorização do Cenipa. Nós fizemos a retirada dos demais, inclusive dos tripulantes.

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