Mulher que agrediu casal gay em padaria de SP é identificada pela polícia e intimada a prestar depoimento

O caso ocorreu no sábado (3) e foi registrado como preconceito de raça ou de cor; a suspeita também teria agredido verbalmente outras pessoas que estavam no estabelecimento

Por — Rio de Janeiro


Mulher é acusada de atacar fisicamente e verbalmente casal em padaria de SP Reprodução

A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou, na tarde desta quarta-feira (7), que a mulher que agrediu e xingou um casal gay em uma padaria, em Santa Cecília, na capital paulista, foi identificada e intimada a prestar depoimento. Os policiais militares que atenderam a ocorrência também serão ouvidos na investigação.

O casal, Adrian Grasson Filho e Rafael Gonzaga, ambos de 32 anos, foram ouvidos na segunda-feira e encaminhados para o Instituto Médico Legal para realização do exame de corpo de delito.

A pasta ressaltou ainda que "o setor de investigação analisa as gravações apresentadas e realiza diligências, visando identificar novas testemunhas, bem como obter demais evidências que auxiliem na elucidação dos fatos".

Casal é vítima de homofobia em padaria de SP

Mulher disse ter arma no carro

Ao GLOBO, o engenheiro civil Adrian Grasson Filho afirmou que está com o psicológico abalado após ele e o namorado serem alvos de ataques homofóbicos em uma padaria em Santa Cecília, na capital de São Paulo. De acordo com a vítima, além das agressões físicas e xingamentos proferidos pela suspeita, a mulher ainda teria afirmado durante a briga que tinha uma arma no carro e iria "resolver a situação".

— Ela gritava que tinha arma no carro e iria resolver a situação. Quando a Polícia Militar chegou, nós relatamos o que tinha acontecido e que ela falou da arma, mas eles disseram que não ouviram nada disso e sequer revistaram o carro dela. Também alegamos que ela estava visivelmente bêbada, mas os policiais também afirmaram que não estavam constatando sinais de embriaguez — relata Adrian ao GLOBO, expondo ainda um sentimento de "injustiça".

O caso ocorreu no sábado (3) e foi registrado como preconceito de raça ou de cor (injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro, em razão de raça, cor, etnia ou procedência nacional) e lesão corporal pela Delegacia de Repressão aos Crimes Raciais contra a Diversidade Sexual e de Gênero e outros Delitos de Intolerância (Decradi), nesta segunda-feira (5). O caso é investigado pela Polícia Civil de São Paulo.

Adrian Grasson Filho e Rafael Gonzaga foram agredidos em padaria de SP — Foto: Reprodução

Como ocorreram os ataques?

De acordo com o boletim de ocorrência, as vítimas contaram que foram à padaria e, ao tentarem estacionar, havia três pessoas em pé, sendo duas mulheres e um homem, paradas em uma vaga.

Quando as vítimas aproximaram o carro para usar esta vaga, duas das pessoas saíram da área para liberar o espaço, mas uma das mulheres teria ficado com os braços cruzados até ser retirada pelo conhecido. Neste momento, esta mulher teria retornado e empurrado o retrovisor do veículo do motorista, além de ter gritado "viado folgado" e atirado um cone contra as vítimas.

Os ataques continuaram depois que o casal entrou na padaria, momento em que a mulher agrediu o casal na face, tirando sangue do nariz de ambos. Essa parte da briga foi gravada pelas vítimas. No vídeo, é possível ver que a suspeita xingou ainda outras pessoas que estavam na padaria e chegou a falar que “era de família tradicional” e que “teve educação”.

“Sou mais mulher do que você. Eu sou mais macho que você”, diz. “Tirei sangue seu, foi pouco”, fala, na sequência. “E os valores estão sendo invertidos. Eu sou de família tradicional. Eu tenho educação. Diferença dessa por** aí.”

O GLOBO procurou a suspeita das agressões e a advogada dela, mas não obteve retorno. A Polícia Civil de São Paulo também ainda não deu atualizações sobre a investigação do caso.

De acordo com Adrian, eles tentaram acionar a PM cerca de quatro vezes até conseguirem que uma viatura fosse ao local. Ao chegarem lá, os agentes teriam dito, segundo as vítimas, que não poderiam levar a agressora para a delegacia por não ter havido flagrante.

— Os policiais alegaram que nada poderia ser feito no momento. Eles ficaram cerca de 15 minutos conversando com ela e depois a liberaram. Não conseguimos anotar placa dela e durante o boletim de ocorrência não conseguiram acessar as informações que a PM disse ter pego da mulher — explica Adrian.

Mais recente Próxima Alvo de críticas, Múcio defende atuação em apoio a ianomâmis: 'Atendemos tudo o que foi pedido'