O empresário, fisiculturista e influenciador fitness Renato Cariani, de 47 anos, tornou-se réu por tráfico de drogas, associação criminosa e lavagem de dinheiro na última sexta-feira, por decisão da juíza Maria da Conceição Pinto Vendeiro 3ª Vara Criminal de Diadema (SP). No instagram, o influenciador parece confiante sobre a sua participação no esquema criminoso.
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Em publicação nesta semana, Cariani publicou uma imagem com a mensagem: "Você só incomoda os fracos, os fortes te admiram". Em uma série de vídeos, o influenciador também tentou argumentar que os últimos desenvolvimentos na Justiça não eram surpresa, já que ele era sócio na empresa envolvida, mas “não necessariamente tem culpa” pelas irregularidades.
Cariani é acusado de ter desviado produtos químicos para a produção de toneladas de drogas para o narcotráfico. A investigação, conduzida pela Polícia Federal, apontou que em seis anos foram desviadas algo em torno de 12 toneladas de acetona, ácido clorídrico, cloridrato de lidocaína, éter etílico, fenacetina e manitol, substâncias usadas por criminosos para transformar a pasta base de cocaína em pó e em pedras de crack.
Segundo a PF, o principal alvo no caso é a empresa Anidrol, uma indústria química que fica em Diadema, na Grande São Paulo, e tem como sócio o influenciador fitness. "As investigações revelaram que o esquema abrangia a emissão fraudulenta de notas fiscais por empresas licenciadas a vender produtos químicos em São Paulo, usando “laranjas” para depósitos em espécie, como se fossem funcionários de grandes multinacionais, vítimas que figuraram como compradoras", informou a PF na época da Operação Hinsberg.
O esquema
O esquema do qual Renato Cariani fazia parte desviou, em seis anos, uma quantidade de produtos químicas suficiente para produzir 19 toneladas de crack. A investigação, em parceria com o Grupo de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), começou em 2019 a partir de uma denúncia do laboratório AstraZeneca, o mesmo que fabrica vacinas e medicamentos.
A investigação identificou que o grupo criminoso emitiu e faturou notas em nome de três grandes empresas entre 2014 e 2021, sendo elas: AstraZeneca, LBS e Cloroquímica. Até o momento, foram identificadas 60 transações vinculadas à organização criminosa — totalizando, aproximadamente, 12 toneladas de produtos químicos (fenacetina, acetona, éter etílico, ácido clorídrico, manitol e acetato de etila).
Além disso, os envolvidos teriam usado outras metodologias, segundo a PF, para ocultar os valores ilícitos recebidos, com uso de pessoas interpostas e empresas fictícias.
Veja imagens do influencer fitness Renato Cariani
Sócia idosa como “álibi”
Nas redes sociais, o fisiculturista de 47 anos disse ter sido surpreendido pela ação dos agentes e que ainda não teve acesso à investigação. Ele afirmou que sua sócia, Roseli Dorth, tem 71 anos, décadas na indústria e que ela era responsável por contratos, licenças e certificações.
— Uma das empresas que sou sócio, que é a que está sofrendo investigação, foi fundada em 1981, tem mais de 40 anos de história, é uma empresa linda, onde minha sócia com 71 anos de idade ainda é a grande administradora, a grande gestora da empresa, é quem conduz a empresa, que tem sede própria, que tem todas as licenças, todas certificações nacionais e internacionais, uma empresa que trabalha totalmente regulada. — disse Cariani.
Em depoimento nessa mesma investigação, em 2021, Cariani afirmou que foi responsável pela negociação com a AstraZeneca juntamente com a sócia, e que foi abordado por um representante do laboratório por e-mail.
A PF obteve a quebra de sigilo do influencer e interceptou mensagens entre Cariani e Roseli Dorth em que mostrava saber que era monitorado pelos investigadores. Segundo a diligência, Cariani disse para a sócia em uma das conversas para “trabalhar no feriado para arrumar de vez a casa e fugir da polícia”.
Roseli se apresenta nas redes sociais como gerente comercial da empresa, e aparece como sócia em duas companhias ativas, com capital de quase R$ 2 milhões. Formada em matemática, Roseli virou sócia de Cariani em 2008, quando o youtuber entrou para o quadro societário da Anidrol Indústria Química