Fundador da Bola de Neve denunciado por agressão à mulher: por que igreja recebeu esse nome e tem prancha de surfe no púlpito?

Após as denúncias contra Rinaldo Pereira, a instituição religiosa informou que criou um 'canal de ouvidoria para catalisar possíveis falhas e má conduta'; pastor nega acusações

Por O Globo — Rio de Janeiro


Pastor da Bola de Neve é denunciado por agressão à mulher Reprodução/Instagram

Afastado após denúncia de lesão corporal, violência psicológica, ameaça, injúria e difamação contra a própria mulher, a cantora gospel e pastora Denise Seixas, o pastor Rinaldo Pereira, fundador da igreja evangélica Bola de Neve, foi afastado das funções na instituição.

Denise procurou a Polícia Civil de São Paulo para denunciar o marido e líder da comunidade evangélica conhecida pela configuração “moderna”, a começar pelo nome, original e incomum se comparado aos de outras instituições religiosas cristãs protestantes. A história por trás da “Bola de Neve” é contada no site oficial da igreja.

Segundo a própria instituição, a ideia de chamar a igreja de Bola de Neve se refere ao movimento do grupo, fundado por Rinaldo, também conhecido como Apóstolo Rina, em dezembro de 1993, época na qual enfrentava uma hepatite e diz ter tido “uma experiência pessoal com Deus”. A bola de neve começou pequena e virou “uma avalanche”. Daí a ideia do nome.

De 1993 até os dias atuais, a igreja se tornou uma rede com 560 unidades espalhadas por 34 países.

Outro elemento que chama atenção na Bola de Neve é a presença de uma prancha de surfe em seus púlpitos. O motivo, também segundo a história divulgada pela instituição religiosa, está relacionado a um episódio ocorrido no fim dos anos 1990.

Na ocasião, o proprietário de uma empresa do mercado do surfe emprestou um auditório com capacidade para 130 pessoas ao grupo. Sem local para apoiar a Bíblia, Rinaldo teria usado uma das pranchas da empresa como púlpito, e decidiu utilizar o equipamento como parte da identidade da igreja dali por diante.

Medida protetiva

A pastora e cantora gospel Denise Seixas conseguiu na Justiça de São Paulo uma medida protetiva contra o marido após as denúncias de violência. Rinaldo nega as acusações.

Denise e Rinaldo — Foto: Reprodução

O afastamento do pastor foi divulgado pelo perfil oficial da igreja nas redes sociais. Em nota, o conselho deliberativo informou que "decidiu pelo afastamento do seu fundador para que se dedique integralmente a esclarecer os apontamentos apresentados e restabelecer sua saúde e a de sua família". A igreja tem 560 unidades em 34 países.

Entre as medidas instauradas pela Bola de Neve estão:

  • ⁠Instalação do canal de ouvidoria para catalisar possíveis falhas e má conduta, por meio do e-mail ouvidoria@boladeneve.com
  • ⁠Elaboração de um Conselho de Ética para apuração e deliberação a respeito de todas as irregularidades apresentadas.
  • Diligência e apuração de cada caso (inclusive de foro íntimo), averiguando necessidade de afastamento ou desligamento de lideranças.
  • Acompanhamento de situações apresentadas pela investigação interna.
  • Reformulação do Regimento Interno para alinhar com mais clareza expectativas da congregação e evitar que eventos semelhantes aconteçam novamente.

Soco no nariz

Conforme divulgado pelo G1, em abril de 2023, o filho da pastora divulgou um vídeo em que Rinaldo aparece dizendo que a mulher está "completamente enlouquecida". Denise conta que, a partir disso, o líder religioso teria ficado enfurecido, e ela passou a sofrer violência psicológica. Em um dos episódios violência, a pastora diz ter tomada um soco no nariz, mas não denunciou em razão de sua influência.

Ela disse, ainda, que nos últimos meses de relacionamento, foi obrigada a gravar vídeos desmentindo que Rinaldo seria um agressor, a fim de proteger sua imagem e reputação. Como o vídeo "não deu certo, uma vez que as pessoas perceberam que ela estava lendo", ela conta que o pastor arremessou uma cadeira em sua direção, mas não acertou porque ela teria desviado.

Denise relata que, em um episódio de violência, o pastor disse que a esposa não poderia "ficar longe do leito", já que ele estaria sem relação sexual havia um mês.

Em outra suposta ocorrência, Rinaldo pediu para conversar com Denise e disse que aquele seria o "último dia", ou seja, o prazo que ela teria para voltar a ter relação sexual com o marido.

Denise ainda diz que, nos últimos dois meses, perdeu o acesso às redes sociais e teme que alguém faça algo contra sua reputação.

Ela também afirmou que não tem acesso às suas finanças, tendo que recorrer a uma pessoa indicada por Rinaldo sempre que precisa de dinheiro.

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