Novo plano urbanístico pode tirar Brasília do Patrimônio da Humanidade da Unesco

Projeto está nas mãos do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), que já prometeu o veto a “pontos controversos"

Por — Brasília


Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCUB), Setor Hoteleiro Norte e Sul: Esplanada dos Ministérios Brenno Carvalho / Agência O Globo

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GERADO EM: 01/07/2024 - 04:30

Plano urbanístico pode impactar Patrimônio da Humanidade

Novo plano urbanístico aprovado na Câmara do DF pode impactar reconhecimento de Brasília como Patrimônio da Humanidade pela Unesco. Icomos Brasil alerta para medidas que desfiguram a arquitetura idealizada por Lúcio Costa. Governador promete vetar pontos controversos do projeto.

O Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos Brasil), órgão assessor da Unesco, afirmou que o Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília aprovado pela Câmara Legislativa do Distrito Federal pode impactar no reconhecimento de Brasília como Patrimônio da Humanidade.

Em nota, o Icomos afirmou que embora a doção de um plano de preservação possa "contribuir com a dinamização do conjunto", o projeto de lei inclui "medidas com potencial impacto alto ou crítico sobre os atributos de valor que levaram o Conjunto Urbanístico de Brasília a ser reconhecimento como Patrimônio da Humanidade".

No comunicado, o Conselho aponta preocupação com impactos negativos na escala local, mas que podem ter "efeito crescente". O texto diz ainda que o plano não foi apresentado ao Icomos, apesar das solicitações, e não considerou recomendações dadas pelo órgão.

A área central de Brasília é reconhecida como Patrimônio da Humanidade pela Unesco e tombada em nível federal e distrital, e conserva a estrutura idealizada pelo arquiteto Lúcio Costa na década de 60. Parte desse projeto deve ser alterado a partir do Plano de Conservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCub), que foi aprovado na Câmara Legislativa do Distrito Federal sob protesto da oposição e crítica de especialistas. O texto agora está nas mãos do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), que já prometeu o veto a “pontos controversos”.

Entre eles estão as emendas que permitiam a construção de um camping em um parque de Brasília e de hotéis e flats nas Asas Sul e Norte. Além disso, o governador também anunciou que irá barrar a permissão de comércio e serviços no setor de embaixadas. Outras medidas contestadas, no entanto, permanecem, como a que prevê o aumento dos andares de hoteis pequenos no setor hoteleiro e a que entrega lotes vazios à Terracap, estatal do governo do DF.

O Icomos afirmou que apesar de não ter tido acesso oficial ao plano, está analisando ponto a ponto o projeto de lei e emendas. O Conselho apontou que PPCUB " induz às novas construções em todo o conjunto, seja disponibilizando novos lotes, seja induzindo à substituição dos edifícios existentes, sem a devida análise das consequências ao conjunto da cidade".

"Esse processo impacta negativamente a forma urbana e a paisagem consolidada, por meio da inserção de novos volumes, incompatíveis com o conjunto existente".

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