De aluna prodígio à 'golpista da USP': como aluna de medicina deu golpe de R$ 1 milhão nos colegas

Alicia Dudy Muller Veiga, considerada aluna prodígio e com um currículo de destaque, deve cumprir pena de cinco anos de reclusão em regime aberto por estelionato e lavagem de dinheiro

Por — Rio de Janeiro


Alicia Muller entrou no curso de medicina da USP em 2018 Reprodução

RESUMO

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GERADO EM: 03/07/2024 - 16:48

Aluna prodígio da USP aplicou golpe milionário

Aluna prodígio da USP, Alicia Veiga aplicou golpe de R$ 1 milhão em colegas de Medicina. Condenada por estelionato e lavagem de dinheiro, desviou verba da festa de formatura para benefício próprio, gerando revolta e ação judicial.

Alicia Dudy Muller Veiga, de 26 anos, foi condenada a cinco anos de reclusão, em regime semiaberto, por estelionato e lavagem de dinheiro. A ex-universitário é acusada de desviar cerca de R$ 927 mil arrecadados por dezenas de alunos de Medicina da USP - Universidade de São Paulo - para a festa de formatura da turma, no final de 2022.

Considerada "aluna prodígio" e com um currículo de destaque, Aline sonhava em se especializar em cirurgias e tinha um forte desejo de cuidar das pessoas. Moradora do Ipiranga, bairro de classe média de São Paulo, Alicia Dudy Muller Veiga terminou o ensino médio em 2014, na Escola Técnica Estadual Getúlio Vargas. Em 2017, ela foi aprovada no curso de Farmácia da USP. No entanto, em 2018, Alicia foi aprovada em Medicina na mesma instituição, após três anos de estudo intensivo em um colégio renomado na capital paulista. A jovem chegou a participar de uma das propagandas da rede educacional.

Já na faculdade, a universitária publicou artigos em parceria com colegas sobre intubação de pacientes com Covid-19 e outros tratamentos para pessoas com a doença, conforme a página do seu currículo Lattes. Além disso, ela fez residência no Laboratório de Emergências Clínicas do Hospital das Clínicas.

Tudo mudou seis anos depois, quando prestes a se formar, Alicia foi investigada e condenada por apropriação indébita e lavagem de dinheiro, após desviar quase R$ 1 milhão destinados à celebração da formatura. Parte desse valor foi utilizado em apostas na loteria, nas quais ela ganhou cerca de R$ 300 mil. A sentença também determinou o pagamento de indenização às vítimas, no valor total do prejuízo causado.

Conhecida entre os colegas como "a golpista da USP", Alicia aproveitou-se do cargo de presidente da comissão de formatura para exigir que a empresa organizadora da festa transferisse os pagamentos dos alunos para uma conta bancária em seu nome, sem informar aos colegas. As investigações revelaram que a estudante usou o dinheiro em benefício próprio, comprando celular e relógio, alugando veículos, pagando estadias e fazendo investimentos financeiros.

Em mensagem no WhatsApp aluna de medicina da USP que aplicou golpe de quase R$ 1 milhão diz ter sido vítima de fraude de investidora — Foto: Reprodução

De acordo com a delegada, em seu depoimento no ano passado, Alicia alegou que não estava contente com a aplicação feita pela empresa de formatura. Então, retirou o dinheiro para fazer investimentos por conta própria, apesar de não ter nenhuma experiência em finanças.

— Ela foi perdendo dinheiro e, no meio do caminho, começou a se apropriar dele — explica, à época do depoimento.

Quando questionada pela polícia sobre como aprendeu a fazer investimentos, Alicia respondeu que fez pesquisas gerais na internet e que "tirou as informações da cabeça", sem dar maiores detalhes.

O juiz Paulo Eduardo Balbone Costa, ao fixar a pena, destacou "a acentuada reprovabilidade da conduta" de Alicia, que gerou um prejuízo de quase R$ 1 milhão. Alicia passou a ser investigada após confessar aos colegas, em um grupo de WhatsApp, que havia perdido o dinheiro arrecadado para a festa de formatura. Ela alegou que o valor foi perdido em investimentos financeiros que não deram certo.

“A ré se prevaleceu de sua condição de presidente da comissão de formatura para engendrar um plano destinado a se apossar do produto arrecadado ao longo de meses, com a contribuição de dezenas de colegas, a fim de obter lucro para si com a aplicação especulativa daquele capital. Traiu a confiança de seus pares, desviando recursos que pertenciam aos colegas de turma (o que revela maior opróbio do que a prática de estelionato contra vítima a quem não se conhece), quando as vítimas não atuavam movidas pela própria cupidez”, apontou o magistrado.

A decisão em primeira instância cabe recurso. A reportagem ainda não conseguiu contato com a defesa de Dudy Muller. Procurada, ela não respondeu ao contato.

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