Adiada pela pandemia de Covid-19, Bienal de Veneza retorna em abril, com cinco brasileiros na seleção principal

Em sua 59ª edição, mostra tem título inspirado em série da surrealista inglesa Leonora Carrington

Por Nelson Gobbi


'Amamentação' (2021), acrílica sobre tela do artista makuxi jaider Esbell, um dos brasileiros na mosra principal Divulgação — Foto:

Adiada em um ano por conta da pandemia de Covid-19, a Bienal de Veneza anunciou no início do mês os 213 participantes escolhidos de 58 países para a seleção principal de sua 59ª edição, incluindo cinco brasileiros, o maior número de nomes do país nos últimos anos: Lenora de Barros, Luiz Roque, Rosana Paulino, Solange Pessoa e Jaider Esbell (1979-2021). Inaugurada em 1895, a mais antiga mostra do gênero no mundo será realizada entre 23 de abril e 27 de novembro e terá, pela primeira vez, representações nacionais de países como Camarões, Nepal e Namíbia.

Com curadoria d a italiana radicada em Nova York Cecilia Alemani, a Bienal de Veneza terá o título de “The milk of dreams” (“O leite dos sonhos”, em tradução direta), referência à série de desenhos posteriormente transformados em livro infantil pela artista surrealista inglesa Leonora Carrington (1917-2011). A mostra abordará questões que envolvem o homem, o meio ambiente e a tecnologia, divididas em três áreas temáticas: a representação dos corpos e suas metamorfoses; a relação entre indivíduos e tecnologias; a conexão entre os corpos e a Terra.

Cecilia Alemani: 'Essa não é uma Bienal pós-apocalíptica, mas sobre acolhimento'

Na apresentação do evento, a curadora destacou que a realização da mostra é um símbolo do retorno da vida ao normal, uma vez que o adiamento da Bienal só havia ocorrido durante as duas Guerras Mundiais. “‘The milk of dreams’ não é uma mostra sobre a pandemia, mas registra inevitavelmente as convulsões de nossa época. Em tempos como este, como mostra a história da Bienal, a arte e os artistas podem nos ajudar a imaginar novos modos de convivência e infinitas possibilidades de transformação”, destacou a curadora em sua apresentação.

Imagem da série 'Poema', de Lenora de Barros Fabiana de Barros/Divulgação — Foto:

Além dos artistas locais selecionados para a mostra principal, o Pavilhão Brasileiro, que será assinado por Jacopo Crivelli Visconti (curador-chefe da 34ª Bienal de São Paulo, no ano passado), terá como representante o artista Jonathas de Andrade. O alagoano radicado no Recife se destacou nacionalmente com o projeto Museu do Homem do Nordeste (2013), um contraponto à instituição homônima de caráter antropológico criada por Gilberto Freyre em 1979 na capital pernambucana. O artista de 39 anos ganhou individuais em instituições como o New Museum (Nova York), Museum of Contemporary Art Chicago e Museo Jumex (Cidade do México).

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