A poesia concreta de Augusto de Campos, artista homenageado na 21ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty, a Flip, reuniu, no início da tarde sábado, os poetas André Vallias, Ricardo Aleixo e Simone Homem de Mello. No bate-papo, mediado pela também poeta Marina Wisnik, os três destacaram a importância que Augusto, hoje com 92 anos, tem na produção de cada um.
— Augusto, para mim, é uma referência — disse Simone, que leu o poema “Ready and remade para Augusto de Campos. — Fui alfabetizada na poesia por Augusto e Décio Pignatari. Fico me perguntando: “qual outro poeta, desde o fim da Segunda Guerra, influenciou tanta gente? Ele me influenciou como algo que ele não é muito visto: um grande poeta lírico.
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Ricardo Aleixo, que hoje é amigo pessoal do poeta, diz que a conquista pelo direito à linguagem passou pelo intermédio de Augusto:
—Onde quer que tenha inteligência sensível ligada à poesia e às artes em geral, as pessoas querem saber de Augusto de Campos, o que ele faz.
A ligação de Augusto com Pagu, escritora homenageada deste ano, também foi destacada pelos autores. Para André Vallias, todo trabalho poético é político, ao contrário do que pensam os críticos da poesia concreta, e o resgate que ele fez de Pagu com a poesia também foi um movimento político. Os dois, como vanguardistas, disse ele, sofreram preconceitos.
— A Pagu não sofreu só por ser mulher, ela sofreu por ser vanguarda. Houve um certo patrulhamento de como deve ser a linguagem — disse Andre. — E ainda hoje sentimos isso na poesia de experimentação. Aos 92 anos, Augusto é o poeta mais jovem brasileiro, usando o Instagram dele como intervenção política.